Flávio, atacante do Paraná Clube, defendeu 3 pênaltis / Imagem ilustrativa / Imagem gerada por IA/Google Gemini
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Em 1999, a Copa Conmebol, que naquele ano teve inúmeros problemas e polêmicas, produziu uma daquelas cenas que parecem roteirizadas, mas aconteceram diante de arquibancadas, suor e nervos de verdade: um atacante do Paraná Clube, Flávio, terminou a noite como goleiro improvisado e ainda virou herói em disputa por pênaltis. A história atravessou décadas porque reúne tudo o que o futebol adora entregar quando ninguém está esperando: expulsão, improviso, decisão na marca da cal e um protagonista improvável.
O Paraná enfrentava o Sportivo San Lorenzo, do Paraguai, em um mata-mata que exigia sangue frio até o último lance. O jogo foi caminhando para o roteiro clássico de tensão sul-americana, até que uma reviravolta deixou o time brasileiro sem saída: o goleiro Marcos foi expulso já na reta final. O problema é que o técnico Dionísio Filho já havia feito todas as substituições permitidas, e não havia mais como colocar um reserva na posição.
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Foi aí que o futebol resolveu brincar com a lógica. Entre os jogadores de linha, alguém precisaria “virar goleiro” na marra, com a partida ainda viva e uma disputa de pênaltis no horizonte.
O escolhido foi Flávio Guilherme, atacante então ligado ao elenco do Paraná e visto como promessa da base. Ele colocou as luvas, assumiu o gol e encarou o tipo de situação que costuma congelar até jogador experiente: cobranças decisivas, longe de casa, com o time inteiro dependendo de um improviso.
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Na disputa por pênaltis, Flávio foi além do “quebrar o galho”. Ele defendeu três cobranças e virou o personagem central da classificação. Para completar o capítulo, ainda bateu uma das penalidades do Paraná e converteu, ajudando a transformar o improviso em atuação histórica. O resultado virou folclore instantâneo: um centroavante, por uma noite, foi goleiro e decidiu como se tivesse passado a vida treinando para aquilo.
Por que esse episódio não fica preso a uma estatística antiga? Porque ele concentra o que torcedor guarda na memória: o sentimento de que, no futebol, o impossível às vezes ganha cara, nome e camisa. A façanha de Flávio passou a ser recontada em rodas de conversa, vídeos, perfis de nostalgia e até em lembranças oficiais do próprio clube, como um símbolo de “quando tudo deu errado, alguém resolveu”.
E há um tempero extra: 1999 foi o último ano da Copa Conmebol. Ou seja, aquela noite entrou para o álbum final de uma competição que já não existe mais, reforçando o caráter “único” do momento. No fim, a história do atacante-goleiro sobrevive porque é simples de entender e difícil de repetir: quando faltou goleiro, sobrou coragem.
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