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GP do Brasil de F-1 teve R$ 75 milhões de dinheiro público em 2019

Dos R$ 75 milhões, R$ 51,7 milhões foram utilizados para benfeitorias nas pistas e dependências do autódromo, principalmente nos boxes

Folhapress

Publicado em 08/11/2019 às 21:15

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A prefeitura de São Paulo banca todos os anos as despesas com infraestrutura do autódromo / Heloísa Ballarini/Fotos Públicas

O autódromo de Interlagos recebeu ao longo deste ano R$ 75,2 milhões dos cofres públicos para receber o GP Brasil de F-1, que acontece entre os dias 15 e 18 deste mês. Os valores foram levantados pela reportagem da Folha de S.Paulo com base nos contratos publicados no Diário Oficial e confirmados pela assessoria de imprensa da SP Obras, empresa responsável pelo mobiliário urbano da cidade de São Paulo.

Dos R$ 75 milhões, R$ 51,7 milhões foram utilizados para benfeitorias nas pistas e dependências do autódromo, principalmente nos boxes. A maior parte disso, R$ 41 milhões, foi paga pelo governo federal, e o restante pela prefeitura de São Paulo.

"Ampliamos os boxes ao retirar pilares de concreto e utilizamos viga de metal, aumentando o pé direito, e também colocamos paredes removíveis. Houve a troca de piso e instalamos iluminação de LED", afirmou Luís Ernesto Morales, engenheiro responsável pelo circuito do GP Brasil desde 2000.

Sob o argumento que a F-1 é um evento rentável para economia da cidade, a prefeitura banca todos os anos as despesas com infraestrutura. Em 2019, foram R$ 23,5 milhões destinados para contratos com prestadores de serviços. Entre eles, jardinagem, abastecimento com água potável, serviço de limpeza (incluindo lixo hospitalar e esgoto), instalação de ar comprimido nos boxes, sistema de áudio e vídeo, circuito fechado de tevê e nobreak, além da contratação de máquinas de grande porte para transportar contêineres das equipes.

No ano passado, a prefeitura anunciou gastos de R$ 7,4 milhões nas obras e R$ 28,7 milhões com a infraestrutura. Em contrapartida, a SPTuris (empresa de turismo da cidade) diz que a corrida movimentou cerca de R$ 334 milhões com o turismo, um crescimento de 19,2% frente aos R$ 280 milhões registrados em 2017.

Nenhum representante do poder público quis comentar sobre os investimentos do GP Brasil de 2019 nesta quarta-feira (6), antes da entrevista coletiva nesta quinta com a presença do secretário de turismo, Orlando Faria, e o secretário de Obras, Vitor Aly, além de Tamas Rohonyi, dono da Interpub, empresa promotora do evento.

Apesar de comemorar os ganhos turísticos com a prova, a prefeitura tenta se livrar dos gastos anuais com Interlagos que vão além do GP do Brasil, o que ocorre desde 1990. Nesta quarta, a gestão Bruno Covas (PSDB) lançou o edital de concessão do autódromo por 35 anos.

O prefeito, que está em tratamento de câncer no hospital Sírio-Libanês, estima que o negócio trará um benefício de R$ 1 bilhão para São Paulo. Ele disse, em vídeo, que a concessão é "importante para conseguir garantir a continuidade do grande prêmio aqui".

"A cidade terá um benefício financeiro que passa de R$ 1 bilhão, entre deixar de cuidar daquele espaço, o investimento que vai ser feito e o tributo que será recolhido, fora que a prefeitura poderá aplicar o recurso e a sua atenção em atividades essenciais, como educação, saúde, segurança e transporte", disse Covas.

Para chegar a essa conta, Covas estima que o ganhador da licitação terá que realizar pagamento mínimo fixo de R$ 198 milhões e outorga (taxa pelo direito de explorar o espaço) variável de R$ 177 milhões. A cidade também economizaria com os investimentos previstos anuais (R$ 466 milhões durante os 35 anos) e arrecadaria com impostos. O vencedor poderá utilizar o espaço de 900 m² para explorar eventos e construir empreendimentos como hotel, shopping e supermercado.

A prefeitura poderá utilizar o autódromo por 80 dias, quando pretende ceder para a F-1. Segundo Rohonyi, o prazo é suficiente para organizar a etapa.

O contrato da Interpub com a FOM (detentora dos direitos comerciais da F-1 e que pertence ao grupo Liberty), vai até o final do ano que vem. Com a participação da prefeitura e do governador do estado de São Paulo, João Doria, a Interpub tenta estender esse vínculo, mas neste ano ganhou a concorrência do consórcio do Rio de Janeiro.

Em maio, a Rio Motorparkvenceu licitação para construir o autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro, e procurou a FOM para fazer uma proposta e transferir o evento para cidade.

Como aliado, o Rio conta com o empenho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Em maio ele assinou um termo de cooperação para levar as provas para cidade carioca.

A licitação está suspensa pela Justiça do Rio até que a empresa apresente o estudo de impacto ambiental da obra sobre floresta do Camboatá. A construção do autódromo, com uma pista de 4,5 quilômetros, ainda não começou.

O investimento de R$ 41 milhões do governo federal em São Paulo para a prova deste ano é referente a última parcela do acordo com o município, no total de R$ 160 milhões, firmado em 2013 no primeiro mandato da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Na ocasião, Bernie Ecclestone, que comandava a F-1 na época havia ameaçado retirar a prova de São Paulo diante das reclamações das equipes principalmente com a falta de espaços para trabalhar.

O dinheiro foi transferido para prefeitura através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), em seis etapas. A partir de 2014, ocorreu revitalização do asfalto, ampliação do paddock (onde as equipes montam refeitórios e salas de reuniões) e, por último, as últimas reformas nos boxes que começaram em março deste ano.


*Por Carlos Petrocilo, da Folhapress

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