Goleiro visto como vilão em derrota da Seleção sofreu a 'maior pena' da Justiça brasileira

Nem só de momentos bonitos vive o futebol. Na verdade, o esporte consegue transformar heróis em vilões em pouco tempo.

Talvez o maior exemplo disso seja o goleiro Moacyr Barbosa Nascimento, conhecido como Barbosa. Ele esteve em campo em uma das maiores derrotas da seleção brasileira: a final da Copa de 1950, disputada em território nacional.

Naquele 16 de julho, a seleção começou vencendo a partida com gol de Friaça. No entanto, já no segundo tempo, Juan Schiaffino (67') e Alcides Ghiggia (80') viraram para o Uruguai, selando para sempre o destino de Barbosa. A derrota ficou conhecida como o Maracanazo.

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Trajetória

Moacyr Barbosa nasceu em 27 de março de 1921, em Campinas, São Paulo. É considerado um dos grandes nomes da história do futebol brasileiro. Com sua inteligência em campo e reflexos ágeis, tornou-se ídolo do Vasco da Gama, conquistando diversos títulos pelo clube carioca.

Pelas conquistas no Vasco, chegou à seleção brasileira, com a qual venceu o Campeonato Sul-Americano, consolidando seu talento na posição de goleiro. Em 1950, a campanha da seleção foi impecável na primeira fase e avançou com sucesso até a grande final.

Após a derrota, Barbosa sofreu duras críticas: foi xingado nas ruas, acusado de receber propina e responsabilizado por fazer o país inteiro chorar. Em uma entrevista lendária concedida a Helvídio Mattos, em 1993, ele disse:
"Qual é a pena máxima no Brasil? Não são 30 anos? Pois eu já estou há mais de 40 anos cumprindo, e ninguém esquece. Se eu fosse um criminoso vulgar, eu entenderia. Mas qual foi o meu crime? Qual foi o meu pecado?"

Morte

Após a morte da esposa Clotilde, com quem foi casado por 54 anos, Barbosa enfrentou dificuldades financeiras, mesmo após vender seu apartamento no Rio de Janeiro. Sem filhos, contou com a ajuda de amigos e de nomes conhecidos do futebol brasileiro, como o dirigente Eurico Miranda.

Moacyr Barbosa faleceu em 2000, na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo, onde morava com sua filha adotiva, que cuidou dele nos últimos momentos.