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Agora, não resta nada ao maior de todos os tempos. Único jogador tricampeão da Copa do Mundo, autor de mais de mil gols e eleito o atleta do século XX, Pelé caminhava para encerrar a sua vida sem ter recebido o prêmio mais cobiçado por todos os futebolistas do planeta. Caminhava. Nesta segunda-feira, durante a premiação do melhor jogador do mundo de 2013, no Kongresshaus, em Zurique, na Suíça, a Fifa corrigiu uma ‘injustiça histórica’ e entregou a Bola de Ouro de honra ao Rei do Futebol, já aos 72 anos.
Dentre todas as congratulações que podem ser entregues a um jogador de futebol, a Bola de Ouro era a única que não marcava presença na sala de troféus de Pelé. Isto porque, se desde 2010 ela é entregue em parceria com a Fifa, antes disto, era uma premiação oferecida pela revista francesa France Football somente a jogadores que atuavam na Europa.
Como, em seus mais de 20 anos de carreira, o Rei só jogou pelo Santos Futebol Clube (Brasil) e pelo New York Cosmos (Estados Unidos), não teve a oportunidade de sequer concorrer à congratulação - o prêmio de melhor jogador do mundo, organizado pela entidade máxima do futebol mundial, por sua vez, foi criado apenas em 1991.
Antes de ser chamado ao palco para ser congratulado, Pelé foi exaltado pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. “Este é um prêmio de honra, que será entregue ao um jogador sensacional. Este é o momento de reconhecermos a grandiosidade deste atleta muito especial. Pela primeira vez, entregaremos o prêmio de honra da Bola de Ouro. Há poucos nomes que se destacam na história, mas, quando pensamos no futebol, há um nome que brilha entre todos. Nenhum jogador teve tanta influência, ninguém inspirou tanta gente a jogar futebol. Seu talento é atemporal, sua criatividade, ilimitada”, elogiou o mandatário.
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Pelé, então, foi anunciado e, assim que se posicionou para discursar, acabou abafado pela ovação que tomou conta do Kongresshaus. Uma salva de palmas capaz de dar inveja a qualquer espetáculo de teatro. Possível, somente, com o Rei do Futebol. Todos se levantaram e aplaudiram Pelé, que, como uma criança, se pôs a chorar. Um vídeo com os lances do eterno camisa 10, então, foi colocado no ar, para que o brasileiro se recompusesse. Quando tomou posse do microfone, enfim, agradeceu o fato de ter sido lembrado para receber o prêmio.
“Muito obrigado pelas boas vindas calorosas. Prometi para a minha família que não iria chorar, mas sou muito emotivo. Agradeço a Deus por ter me dado saúde para jogar por tantos anos. Não conquistei nada sozinho. Tudo que tenho, devo aos meus companheiros, não somente aos jogadores, como também ao roupeiro, ao massagista, a muita gente boa que trabalhou comigo. E eu compartilho com eles o meu troféu”, declarou o Rei.
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Pelé ainda admitiu que a Bola de Ouro era o único prêmio que faltava a sua galeria. “Eu joguei mais de 20 anos no Santos, depois mais um bom tempo no Cosmos. Eu recebi tantos troféus, mas confesso que fiquei com ciúmes da Bola de Ouro. Todo mundo recebia esta premiação, menos eu. Na época, eu não jogava na Europa, mas, agora, eu agradeço a Deus por ter a minha sala de troféus completa”, decretou.
Com a correção da Fifa nesta segunda-feira, Pelé agora se junta a Ronaldo (1997 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho Gaúcho (2005) e Kaká (2007) e se torna o quarto brasileiro a conquistar a Bola de Ouro. Outras figuras históricas do futebol mundial como Alfredo Di Stéfano (1957), Lev Yashin (1963), Eusébio (1965), Bobby Charlton (1966), Johan Cruijff (1971/73/74), Franz Beckenbauer (1972/76) e Michel Platini (1983/84/85) também já receberam esta premiação.
Em seus 21 anos de carreira, Pelé conquistou todos os títulos possíveis a um futebolista. Nascido em Três Corações, cidade do sul de Minas Gerais, o Rei se consolidou como maior jogador da história do futebol no Santos e na Seleção Brasileira. Pelo Peixe, conquistou dez títulos paulistas, seis brasileiros, duas Copas Libertadores da América e dois mundiais.
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Já pelo selecionado canarinho, venceu três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970) e se tornou o maior artilheiro da história da equipe verde e amarela. Encerrou a sua carreira em 1977, no New York Cosmos, dos Estados Unidos, e, em 1366 partidas na carreira, anotou 1283 gols – maior número da história. Em 1981, foi eleito o maior atleta do século XX, e, agora, poderá acrescentar uma Bola de Ouro ao seu inalcançável currículo.