A disparidade econômica entre os clubes da Premier League e os da Liga Inglesa de Futebol cresceu consideravelmente desde 1992 / Reprodução/Uol/Getty
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Uma revolução que terá perdedores e os ricos sendo ainda mais ricos? Ou uma reforma necessária para proteger a elite do futebol inglês? Este é o debate do 'Project Big Picture' sobre uma possível reformulação da Premier League. Mas o que as propostas radicais – criticadas pela Premier League, pelo governo e por grupos de torcedores – envolvem de fato?
Cortando os números
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Antes da formação da Premier League em 1992, já havia um desejo de reduzir a primeira divisão do futebol inglês para 18 times. A ideia era ter um calendário mais flexível visando apoiar a seleção nacional (English Team).
A Football Association argumentou que a redução dos jogos deixaria os jogadores mais descansados para jogos e torneios internacionais de seleções. Essa posição também foi adotada pelos ex-treinadores da Inglaterra, Sven-Goran Eriksson e Fabio Capello, que repetidamente pediram menos jogos no calendário dos clubes e uma pausa de inverno.
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As novas propostas permitiriam que cada time da Premier League jogasse quatro partidas a menos – já que o campeonato de pontos corridos prevê dois jogos entre todas as equipes, uma em cada estádio. A ideia também é abolir a Copa da Liga Inglesa e Community Shield – espécie de Supercopa entre o campeão da Premier League e a Copa da Inglaterra.
Novo formato e novo financiamento
A disparidade econômica entre os clubes da Premier League e os da Liga Inglesa de Futebol – segunda, terceira e quarta divisões - cresceu consideravelmente desde 1992. Todos os clubes ingleses tiveram sucesso ao renovar suas atuações, descobrindo novas receitas como patrocínios e até produtos licenciados, como camisetas, parcerias com empresas de iGaming para criar slots, jogos e todo tipo de entretenimento pago e itens para colecionadores de todos os gostos. Mas o dinheiro mesmo vêm dos direitos televisivos e essa bolada é dos times da Premier League.
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De acordo com os novos planos, os clubes da EFL receberiam um fundo de resgate de £250 milhões para ajudar a substituir as receitas perdidas com venda de ingressos caso exista um corte no acesso à primeira divisão (Premier League). Estima-se que 25% do dinheiro da TV seria compartilhado entre todos os clubes da EFL.
Uma nova democracia?
Provavelmente o aspecto mais controverso dos planos é a proposta que concentraria o poder da Premier League nos seus membros mais longevos. Atualmente, cada clube tem um status igual e isso significa que quaisquer novas regras ou regulamentos exigem o apoio de pelo menos dois terços dos clubes (14) para serem aprovados.
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Nove clubes receberiam "direitos especiais de voto" em certas questões, com base em sua presença na Premier League – atualmente, Liverpool, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Everton, Southampton e West Ham se enquadrariam nesse novo critério.
Uma transferência de poder abriria a porta para que esses clubes controlassem os contratos de transmissão, regras financeiras e até mesmo o poder de vetar ofertas públicas de aquisição em clubes rivais.
Finalmente...
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Não há dúvida de que os principais clubes da Europa estão pressionando por algumas mudanças na Champions, que estão programadas para acontecer entre 2024 e 2025. Os clubes ingleses, de olho em uma Champions com ainda mais importância, não querem perder o bonde da história.
Só que qualquer oportunidade para os clubes ingleses jogarem mais partidas na Champions League é simplesmente impossível com 20 times na Premier League e ainda competições locais como a Carabao Cup, na FA Cup e no Community Shield. O novo planejamento poderia ser uma forma de abrir espaço para uma competição europeia alargada.
Quem sofre com isso são os clubes ingleses que estão entre os 20 da Premier League, mas não tem presença europeia. Entretanto, com a Premier League cada vez mais dominada por equipes bilionárias – com alguns intrusos de vez em quando, como o Leicester – um Manchester City jogar contra uma equipe que acabou de subir da segunda divisão não é tão interessante quanto enfrentar mais vezes os melhores clubes da Europa.
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