Continua depois da publicidade
A Portuguesa não tem mais instâncias na justiça desportiva brasileira para continuar na primeira divisão. O Tribunal Pleno, última instância no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), decidiu por unanimidade pela perda de quatro pontos da Lusa, rebaixando o clube para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro e mantendo o Fluminense na Série A.
A sessão teve desempenho teatral dos advogados da Portuguesa, do Fluminense e, principalmente, de Paulo Schmitt, procurador geral do STJD. A Lusa começou a sessão pedindo que Schmitt não participasse do julgamento porque já tinha se manifestado através da imprensa sobre o caso, e teve a solicitação rejeitada.
Coube, então, a João Zanforlin, advogado do clube paulista, começar sua defesa. Como no primeiro julgamento, voltou a lembrar que o Duque de Caxias foi absolvido há três anos em caso similar e reiterou que não houve má fé da Portuguesa, usando o Estatuto do Torcedor como argumento, recordando que ele invalida decisões que mudem o resultado em campo. Reforçou, também que o jogo pouco definia no torneio.
“Deram um beliscão na mulher do chefe e o chefe deu um tiro em quem deu o beliscão. Onde está a proporcionalidade? É isso que querem fazer com a Portuguesa”, afirmou, alegando inconstitucionalidade na punição da Lusa. “O Estatuto do Torcedor vale, é lei, está a favor da Portuguesa e deve ser aplicado. Vamos corrigir esse besteirol. Quem estava de boa fé não pode ser condenado. Precisamos corrigir esse País. Chega das brincadeiras.”
Continua depois da publicidade
Chamado para falar logo depois, Schmitt gritou e ruborizou-se, falando até que o julgamento não tem nada a ver com o Fluminense, o que ocorre é só uma consequência. Atacou Zanforlin, que aceitou suspensões de outros jogadores como Héverton, e exaltou-se lembrando que o meia da Lusa não compareceu às sessões de seu julgamento. “Se todos ignorassem as decisões dessa casa e craques punidos entrassem em campo, a bola rolada no campo mudaria os resultados”, disse o procurador.
“Nem o Zanforlin acredita na sua tese. Ele defendeu o Sheik, do Corinthians, em caso no qual ele foi punido com dois jogos e os cumpriu. Vale para um e não para outro? Estamos brincado aqui?", esbravejou Paulo Schmitt, que, em caso similar do Fluminense em 2010, considerou imoral tirar o título brasileiro do clube que, hoje, será beneficiado se a Portuguesa for punida, como ele defende.
Continua depois da publicidade
“Se a Portuguesa perder esses pontos, como deve perder, que os torcedores cobrem o seu clube. Que todos nós, advogados, mais do que nunca imprescindíveis na Justiça desportiva, façamos como Nelson Mandela declarou: perdoem, mas não esqueçam", encerrou o procurador.
Márcio Bittencourt, advogado do Fluminense, se exaltou menos do que Schmitt, mas foi teatral. Como no primeiro julgamento, indicou que a opinião pública pede que não se cumpra a lei só para punir o Fluminense. Atacou também a Portuguesa, dizendo que o clube do Canindé mudou sua tese 19 vezes.
“Vou começar citando Nelson Rodrigues: 'Nada é mais difícil e cansativo do que defender o óbvio'. Vocês devem estar estafados, como estou. Para a Portuguesa, moralidade é 37 rodadas valerem igual e uma não. Vou falar para a minha filha: faça o vestibular sem os documentos necessários, o que interessa é o seu resultado”, comparou.
Continua depois da publicidade
“O atleta não é de qualidade?! Além de desqualificar o atleta, desqualifica a história do futebol. Em 1988, o Vasco foi campeão com Cocada saindo do banco para fazer o gol do título. Se o Héverton não é de qualidade e o jogo não valia nada, por que a Portuguesa não entrou com dez?! Com todo respeito, esse é um argumento raso. Querem empurrar a conta para a CBF. A responsabilidade é de clube. A discussão de má fé, dolo e culpa não existe”, prosseguiu Bittencourt.
“Li o livro 'Pequeno Príncipe' quando era criança. Quando ele chega ao quinto planeta, só tinha um suejtio de acende e apaga o lampião. ‘Por que apagou?’, perguntou. ‘Porque é o regulamento’. ‘Não compreendo’, disse o Pequeno Príncipe. ‘Não é para compreender, é o regulamento, e tem que ser cumprido’, disse o acendedor de lampião. O que o Fluminense quer é que o regulamento seja cumprido”, encerrou o advogado do Fluminense.
Continua depois da publicidade