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Em 24 anos de Fifa, Havelange deu poder a familiares e blindou Teixeira

João Havelange, que morreu nesta terça-feira (16) aos 100 anos, no Rio de Janeiro, era o mais famoso descendente da linhagem

Folhapress

Publicado em 16/08/2016 às 21:00

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João Havelange morreu aos 100 anos / Divulgação

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Havelange é o nome de um pequeno vilarejo, que não tem nem 5.000 habitantes, localizado na região sudeste da Bélgica. É de lá que veio a família que há mais de meio século exibe, sem cerimônia, seu poder sobre o futebol brasileiro.

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João Havelange, que morreu nesta terça-feira (16) aos 100 anos, no Rio de Janeiro, era o mais famoso descendente da linhagem e não se conteve com os mais de 16 anos em que controlou a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e com a influência que exerceu em seus 24 anos de Fifa. Também deu poder aos familiares mais próximos.

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Tornou Ricardo Teixeira, então seu genro -cuja única ligação com o futebol era o casamento-, mandatário da CBF. E pôs Joana Havelange, sua neta, em cargo importante do COL (Comitê Organizador Local) da Copa de 2014. Teixeira ficou no cargo de 1989 a 2012.

Realizou o papel herdado de patriarca de uma família pequena, nuclear e de laços aparentemente inquebráveis.

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João é o segundo dos três filhos do casamento de Joseph e Juliette, dois imigrantes belgas que chegaram ao Brasil no meio da década de 1910.

Seu pai, um dos pioneiros da siderurgia no país, foi representante de uma fábrica de armas de guerra, que ganhou dinheiro vendendo mosquetões para o governo brasileiro e impediu João de seguir carreira no futebol.

A mãe, em leito de morte, fez com que Havelange prometesse visitar anualmente os parentes na Bélgica.

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Homem de família, o então futuro presidente da CBD sempre se cercou de parentes, tanto que empregou a irmã, Helena, como secretária.

Sua grande angústia era o perigo de ver o sobrenome Havelange desaparecer no Brasil. Nem ele nem seu irmão tiveram filhos homens.

Problema que Ricardo Teixeira tratou de resolver. O ex-presidente da CBF registrou os três filhos do casamento com Lúcia Havelange (Ricardinho, Joana e Roberto) com sobrenomes invertidos, deixando o da mãe por último.

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Havelange decidiu e o guindou sozinho ao comando da CBF em 1989, quando Havelange decidiu ampliar os tentáculos. E protegeu a cria até contra Pelé.

Em 1993, o ex-jogador denunciou corrupção na confederação após perder a disputa pelos direitos de transmissão de uma competição. A represália veio com o corte do nome do Rei do sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 1994. Apesar da repercussão, a pena se repetiria em 1998.

Teixeira, até nos mínimos detalhes, tirou proveito da ligação. Em 1993, foi registrado em um hotel na Alemanha como "Ricardo Havelange".

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O divórcio de Lúcia, em 1997, abalou a relação. Anos mais tarde, porém, a política interna da Fifa falou mais alto. Teixeira virou seu candidato à presidência, plano sabotado por Joseph Blatter, ex-secretário-geral e sucessor de Havelange.

Teixeira, atolado em denúncias, renunciou em março à CBF e à Fifa em 2012 e se refugiou em um condomínio fechado em Boca Raton, na Flórida, Estados Unidos. Em 2015, viu seu nome envolvido nas descobertas de diversos escândalos pelo FBI.

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