País que vive na pobreza patrocina o Barcelona / *Imagem meramente ilustrativa / Divulgação/ONU
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Um anúncio inesperado reacendeu questionamentos sobre poder e imagem: um país assolado pela pobreza, violência e conflitos armados tornou-se o mais novo patrocinador do FC Barcelona. Trata-se da República Democrática do Congo, que fechou uma parceria de 40 milhões de euros com o clube espanhol para os próximos quatro anos, estampando em camisas e materiais oficiais a frase “RD Congo – Cœur d’Afrique” (República Democrática do Congo – Coração da África).
O acordo promete mais do que visibilidade esportiva: o Barça compromete-se a criar um ambicioso programa esportivo no Congo, voltado não só ao futebol, mas a diversas modalidades, com exposições culturais no Camp Nou para promover a diversidade cultural congolesa. A justificativa oficial do clube fala em estreitar os laços entre esporte, cultura e paz, colocando o modelo de formação do clube como pilar da parceria.
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Ainda assim, o patrocínio vem em meio a contradições gritantes. O Congo está entre os 10 países mais pobres do mundo. Seu território convive com milícias que operam como forças armadas paralelas, e vários episódios lembram conflitos internos. A despeito de discursos optimistas, muitos críticos enxergam uma estratégia de “maquiagem diplomática”: usar o prestígio do futebol para melhorar a imagem internacional de um país marcado por crises políticas e sociais.
De certa forma, a aposta é ousada: atrair torcedores europeus para olhar para o Congo com curiosidade pode se tornar um instrumento de soft power. Uma nação que muitas vezes aparece nas manchetes por tragédias agora é convidada a aparecer no escudo de um gigante do futebol. Resta saber como público e imprensa vão reagir — inclusive para avaliar se essa iniciativa ajudará de fato as comunidades afetadas ou se funcionará apenas como marketing.
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