Esportes

Brasil tem melhor dia nas Paralimpíadas, com 5 ouros e total de 9 medalhas

Foram seis pódios no atletismo, carro-chefe brasileiro que passou a ser disputado nesta sexta, incluindo quatro ouros, e três na natação, sendo uma medalha dourada

Folhapress

Publicado em 27/08/2021 às 15:16

Atualizado em 27/08/2021 às 15:35

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Petrúcio Ferreira, 24, conquistou o bicampeonato paralímpico dos 100 m rasos classe T47 (amputados de braço) com o tempo de 10s55 / Reprodução/Twitter/Central Paralímpica

No terceiro dia de competições das Paralimpíadas de Tóquio-2020, o Brasil registrou o seu melhor desempenho até agora, com uma chuva de medalhas entre a noite de quinta e a manhã desta sexta (27).

Foram seis pódios no atletismo, carro-chefe brasileiro que passou a ser disputado nesta sexta, incluindo quatro ouros, e três na natação, sendo uma medalha dourada.

Os resultados levaram o Brasil a 17 medalhas, cinco de ouro, quatro de prata e seis de bronze nos Jogos de Tóquio, na sexta posição do quadro geral.

Confira o que de principal aconteceu na campanha brasileira:

 

ATLETISMO

Petrúcio Ferreira, 24, conquistou o bicampeonato paralímpico dos 100 m rasos classe T47 (amputados de braço) com o tempo de 10s55. A marca é o novo recorde dos Jogos Paralímpicos. Outro brasileiro, Washington Júnior, 24, levou o bronze, com o tempo de 10s68.

Petrúcio agora soma dois ouros e duas pratas em Jogos Paralímpicos. No Rio-2016, o velocista também ficou em segundo lugar nos 400 m T47 e no revezamento 4 x 100 m T42-47.

O brasileiro é o recordista mundial entre todas as categorias paralímpicas do atletismo, com o tempo de 10s42 obtido no Mundial de Dubai, em 2019.

Yeltsin Jacques, 29, venceu a prova dos 5.000 m classe T11 (deficiência visual) com o tempo de 15min13s62, após ultrapassar o japonês Kenya Karasawa na última curva da prova. O atleta iniciou sua carreira nas Paralimpíadas Escolares em 2007 e tinha como principais conquistas até então três medalhas de ouro em Jogos Parapan-Americanos.

Silvânia Costa, 34, também conquistou o seu bicampeonato paralímpico. Ela foi ouro no salto em distância, classe T11 (deficiência visual), repetindo o feito do Rio em 2016. Saltou 5 metros, a única atleta a alcançar a marca.

Nos Jogos do Rio, Silvânia saltou 4,98 m, quando estava grávida de dois meses do segundo filho.

Durante o ciclo para Tóquio, ela foi suspensa pela Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) pelo uso da substância metilhexanamina, o que atrapalhou as preparações para os Jogos.

"Tive duas interrupções, com o nascimento do meu segundo filho e a minha suspensão, os últimos cinco meses foram muito doloridos, ralei muito. A medalha vem com sabor de vitória e superação", afirmou.

Wallace Santos, 37, conquistou o ouro no arremesso do peso classe F55 (atletas cadeirantes) com a marca de 12,63 m, novo recorde mundial da prova.

O arremessador teve depressão e quase desistiu de disputar as Paralimpíadas de Tóquio após sofrer perdas na família e no esporte.

"Quero desejar essa vitória a uma pessoa que, antes de falecer, me colocou aqui em Tóquio. Foi minha treinadora Jurema Henriques, que veio a falecer na minha preparação, no início da pandemia. Outra pessoa que veio a falecer, foi meu tio Jorge, que me criou, Ele fez o papel de pai, quando precisei de um pai para ficar perto", contou o brasileiro, em entrevista ao SporTV.

O atleta só conseguiu voltar a ter foco no esporte após um trabalho com sua psicóloga.

"A Cecília, minha psicóloga, brinca comigo que me pegou num incêndio. Fui procurá-la um mês antes de vir para Tóquio. Ela disse: 'Wallace, você vem com fogo, mas sou bombeira. Então, vamos lá.' Entrei muito focado na prova. Visualizei o que queria. Nossa meta era 12,47 m, que era o recorde do mundo. Graças a Deus, conseguiu ultrapassar e botar meu nome na história. Agora sou campeão", festejou Wallace.

Também no arremesso do peso, mas na classe F37 (atletas com paralisa cerebral), João Victor de Souza, 27, conquistou a medalha de bronze. Na final, o brasileiro melhorou o recorde sul-americano com a marca de 14,45 m.

O atleta pegou Covid-19 na véspera da viagem ao Japão e teve que adiar o período de aclimatação. "Aí entra a superação. Não dependia de mim. Dependia da doença. Estou orgulhoso de mim porque sou o terceiro do mundo em uma prova em que treinei duas semanas", afirmou Souza, em entrevista ao SporTV.

"É uma coisa que estou sem imaginar. É muito incrível. E fiz a melhor marca da minha vida. Agora, já quero chegar no Brasil treinando o peso, se meu joelho aguentar. Estou muito feliz, cara", acrescentou o arremessador.

 

NATAÇÃO

Wendell Belarmino, 23, conquistou a medalha de ouro nos 50 m livre classe S11 (deficiência visual), a segunda conquista dourada para a natação do país nas Paralimpíadas de Tóquio-2020.

Em sua estreia nos Jogos, Wendell concluiu a prova de velocidade em 26s03, 15 centésimos à frente do chinês Dongdong Hua e com 35 centésimos de vantagem para o lituano Edgaras Matakas. O também brasileiro Matheus Rheine foi o sexto colocado.

"Além de me divertir, estou realizando três sonhos de uma vez. Vir para cá, ganhar medalha e ser campeão", afirmou ao SporTV. "Não sabia em que posição tinha chegado, mas do jeito que o pessoal estava gritando não tive dúvida de que tinha ganhado a prova."

Wendell surgiu com destaque nas Paralimpíadas Escolares de 2013 e 2015. Sua primeira grande competição profissional foi o Parapan de Lima-2019, de onde saiu com seis medalhas em seis provas. No mesmo ano, foi campeão mundial nos 50 m livre e medalhista de prata nos 100 m livre em Londres.

Depois do ouro nos 100 m borboleta, Gabriel Bandeira, 21, conquistou sua segunda medalha paralímpica em Tóquio, a prata nos 200 m livre da classe S14 (deficiência intelectual).

Ele ficou atrás apenas do britânico Reece Dunn (1min52s40), que quebrou seu recorde mundial, de 1min52s96. A ex-melhor marca do mundo também foi superada pelo brasileiro, que concluiu em 1min52s74.

"Essa eu realmente não esperava, principalmente o tempo que fiz. Não tinha noção de que podia fazer", disse.

Maria Carolina Gomes Santiago, outra estreante, conquistou a medalha de bronze na prova dos 100 m costas classe S12 (deficiência visual), a primeira de sua carreira aos 36 anos.

A brasileira fez o tempo de 1min09s18, atrás da britânica Hannah Russell (1min08s44) e da russa Daria Pikalova (1min08s76).

Ela ainda disputará nos próximos dias os 50 m livre e 100 m livre, em que é campeã mundial, além do revezamento 4 x 100 m e dos 100 m peito.

Na saída do pódio, Carol foi conduzida por Russell. "Ela é veterana, uma pessoa que admiro bastante pelos resultados que já teve. Eles me explicaram como ia ser [a cerimônia], mas não entendi muito bem e ela acabou me ajudando. Tem um respeito muito grande fora da piscinas, e dentro das piscinas maior ainda."

Após três medalhas de bronze em três provas, desta vez Daniel Dias não conseguiu ir ao pódio. Nos 50 m borboleta classe S5 (deficiência física), o brasileiro terminou em sexto, com 36s56.

Daniel Dias permanece, portanto, com suas 27 medalhas paralímpicas. Ele ainda nadará mais duas provas em Tóquio: os 50 m costas, na segunda-feira (30), e os 50 m livre, na quarta (1º), a última antes de se aposentar das piscinas.

 

TÊNIS DE MESA

Duas brasileiras garantiram pelo menos uma medalha de bronze ao passarem para as semifinais. Bruna Alexandre, da classe 10 (atletas andantes), venceu a taiwanesa Lin Tzu Yu por 3 a 0 e disputará neste sábado, à 1h40, um lugar na decisão.

Cátia Oliveira também garantiu medalha na classe 1-2 (atletas cadeirantes), ao vencer a italiana Giada Rossi nas quartas de final, por 3 a 0. Ela disputará a semifinal neste sábado, à 0h20, contra a sul-coreana Seo Su Yeon. Se vencer, buscará o ouro no mesmo dia, às 7h15.

Diante do chinês Liao Keli, Israel Stroh perdeu por 3 a 1 e se despediu nas quartas de final da classe 7 (andantes). Ele foi medalhista de prata em 2016.

Millena França, Paulo Salmin, Danielle Rauen, Lethicia Lacerda, Joyce de Oliveira, David de Freitas e Carlos Carbinatti também foram eliminados nesta sexta.

 

GOALBALL

A seleção brasileira masculina de goalball conseguiu sua segunda vitória no grupo A, contra a Argélia, por 10 a 4, após ir para o intervalo perdendo por 3 a 1.

Depois de outro triunfo, sobre a Lituânia na estreia, e uma derrota para os EUA, o Brasil está na segunda posição da chave, atrás do Japão, que será o último adversário na primeira fase, às 21h deste sábado.

Os quatro primeiros avançam para as quartas de final, e a classificação verde-amarela já está confirmada em busca de sua terceira medalha no esporte.

A seleção feminina empatou em 4 a 4 com o Japão, após estrear com derrota para os EUA, e está na terceira colocação do Grupo D. O próximo jogo será contra a Turquia, às 8h30 deste sábado.

 

VOLÊI SENTADO

A seleção brasileira feminina de vôlei sentado estreou com vitória no Grupo A, diante do Canadá.

Após sair atrás, virar o placar para 2 a 1 e perder o quarto set, o Brasil venceu o tiebreak e fechou em 3 a 2 (21/25, 26/24, 25/20, 27/29 e 17/15), em duas horas e 40 minutos de partida.

A seleção feminina, medalhista de bronze no Rio-2016, enfrentará o Japão às 8h30 de domingo, no segundo jogo da chave.

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