Na Suíça, Teixeira foi investigado pelo Ministério Público local, que repassou as informações ao FBI / José Cruz/Agência Brasil
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Sérgio Rangel
Presidente da CBF por mais de duas décadas, Ricardo Teixeira, 70, tem a vida devassada por pelo menos quatro países. Ele é réu nos EUA e é investigado pela Espanha, Suíça e Uruguai.
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Em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo, ele afirmou que não pretende sair do país.
"Não existe esse acordo. Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não", disse Teixeira, negando negociar com autoridades norte-americana uma delação premiada.
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No mês passado, Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, foi preso por suas relações com o cartola brasileiro. Os dois são amigos desde os anos 1990.
Na Espanha, Rosell, Teixeira e outras cinco pessoas são acusadas de fazer parte de uma "organização criminal transnacional" e de "lavar dinheiro proveniente de comissões ilícitas" da "venda dos direitos sobre a seleção".
Os espanhóis também relatam que Teixeira e sua ex-mulher tinha cartões de crédito bancados pela Uptrend, empresa de Rosell nos EUA.
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O brasileiro nega as acusações. Ele diz que nunca recebeu dinheiro das empresas do catalão. Parentes do cartola já receberam mais de R$ 23 milhões, de acordo com levantamento feito pela Folha de S.Paulo.
Nos EUA, Teixeira foi denunciado pelo FBI em dezembro de 2015 acusado de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no Brasil e no exterior.
O esquema envolvia os presidentes das federações locais da América do Sul e o comandante da Conmebol (entidade que reúne os países do continente).
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Eles recebiam propina de agências de marketing esportivo na venda de direitos de transmissão.
José Maria Marin, seu sucessor na CBF, está preso desde 2015 pelas acusações. Já Marco Polo Del Nero e Teixeira nunca mais deixaram o Brasil.
No Uruguai, Eugenio Figueredo, ex-presidente da federação local e da Conmebol, firmou acordo de colaboração com o FBI e com as autoridades do seu país.
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Nele, Figueredo relatou o caminho do dinheiro nas negociações com os seus companheiros de Conmebol e ainda aceitou ter parte dos seus bens bloqueados -foram cerca de US$ 10 milhões (R$ 33 milhões).
No seu depoimento no Uruguai, ele afirmou que Teixeira comandava a divisão das propinas.
Na Suíça, Teixeira foi investigado pelo Ministério Público local, que repassou as informações ao FBI.
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Um delator disse que o ex-presidente da CBF recebeu por uma década propinas em contas bancárias na Suíça.