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Educação

É Ouro! Brasileiro de 17 anos ganha medalha na Olímpiada, mas não na de Tóquio; entenda

Natural de Ribeirão Preto (SP) e morador de Santo André (ABC paulista), Caio quis fazer o ensino médio no Colégio Objetivo, responsável por outras duas medalhas douradas brasileiras na Olimpíada, em 2011 e 2012

Folhapress

Publicado em 29/07/2021 às 11:30

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Brasileiro de 17 anos faturou o ouro na Olímpiada de Física / Facebook / Reprodução

Sim, o Brasil levou ouro na Olimpíada. Não na que está sendo acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo, mas em uma competição que, embora atraia bem menos atenção, também possui grande importância. É a Olimpíada Internacional de Física, considerada a mãe de todas as competições científicas.

Quem subiu virtualmente ao topo do pódio foi Caio Augusto Siqueira, 17, um jovem talento que enveredou tardiamente para a física. Desde criança mais voltado às ciências exatas, ele chegou a ficar dividido entre a matéria na qual ganhou o ouro e a matemática.

"Comecei a perceber que, com a física, além de eu conseguir entender um pouco mais, sentia mais prazer. Sabe quando você está estudando alguma coisa e você não entende, só que tem prazer de querer compreender o que está rolando? Eu sentia isso na física", explica.

Natural de Ribeirão Preto (SP) e morador de Santo André (ABC paulista), Caio quis fazer o ensino médio no Colégio Objetivo, responsável por outras duas medalhas douradas brasileiras na Olimpíada, em 2011 e 2012.

Já no 1º ano, o jovem levou o ouro na Olimpíada Internacional Júnior de Ciências. "Na comunidade de olimpíadas científicas, ele foi nosso Italo Ferreira", diz, empolgado, Ronaldo Fogo, professor-orientador nos Cursos Especiais de Física do Objetivo, comparando Caio ao surfista que conquistou o pódio nesta terça-feira (27).

O estudante aproveitou sua facilidade na matéria para se dedicar exclusivamente a ela, estudando livros do ensino superior e em outros idiomas. Antes da pandemia, era comum encontrá-lo na escola estudando até tarde da noite obras em inglês, russo e francês.

Em casa por causa da pandemia, Caio precisou adaptar o método de estudo, que algumas vezes chegou a 16 horas por dia, e passou a recorrer aos professores por WhatsApp. "Eles tentaram bastante [responder às dúvidas] e começaram a definir horário para tirar dúvida porque não tinha como responder tudo ao mesmo tempo", diz, entre risos.

No início, o período em casa foi de tristeza e insatisfação, e o jovem fala que a solidão bateu, dando até vontade de parar com a dedicação à física. "Depois de um tempo, senti o prazer de estar sozinho, estudando no meu canto. No fim, até acho que foi melhor pra mim."

A disciplina rendeu o ouro na Olimpíada, realizada remotamente entre 17 e 24 de julho. A delegação brasileira se reuniu em Campina Grande (PB) para fazer a prova, monitorada por um júri lituano. Ao todo, foram 380 estudantes de 76 países.

Durante cinco horas, os competidores tiveram que demonstrar seus conhecimentos de física moderna e mecânica quântica, na prova teórica, e de eletricidade e comportamento de dispositivos eletrônicos, na prova experimental.

"A prova é desenhada perfeitamente para você não entender o que está acontecendo", define Caio, que diz ter levado 1h30 só para ler os exercícios. As medalhas são divididas por faixas de pontuação, então é possível que mais de uma pessoa ganhe a de prata ou a de bronze, por exemplo.

De acordo com o professor Fogo, o Brasil tem tradição de bronzes e já ganhou algumas pratas na competição, criada em 1967. O ouro, porém, é extremamente raro. "Não dá para começar a se preparar meses antes. Na minha experiência, foi um curto intervalo de tempo para o Caio estar tão bem preparado assim."

A edição virtual da Olimpíada Internacional de Física impossibilitou o contato dos jovens com alguns pesquisadores ganhadores do prêmio Nobel, que costumam dar palestras e tirar fotos com os jovens, e também com olheiros de grandes universidades internacionais.

Caio não descarta fazer graduação no Brasil, mas diz que seu sonho é estudar fora do país -os outros dois brasileiros medalhistas de ouro foram para os EUA. Por ora, ele pensa em cursar ciências da computação.

O jovem, que se define como extrovertido e fechado ao mesmo tempo, diz que não se vê como o mais esperto em uma sala, mas sim como aquele que mais vai correr atrás e tentar melhorar. E é isso que o medalhista de ouro precisa fazer com geografia, a matéria que menos gosta, para passar de ano. Afinal de contas, o ano escolar ainda não acabou.

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