25 de Abril de 2024 • 12:42
Ao se depararem no mês passado com os bancos fechados por causa da greve, os correntistas dos bancos acabaram apelando para modalidades mas caras de crédito, apontam dados divulgados nesta terça-feira, 29, pelo Banco Central.
O saldo de operações com cheque especial, por exemplo, cresceu 4,3%, maior expansão entre as modalidades disponíveis para os consumidores. O rotativo do cartão, no qual entram saques e faturas que não foram pagas na data, teve o segundo maior crescimento, de 2,8%. Nos meses anteriores, essas linhas vinham crescendo a uma taxa mensal de 1%.
Os números mostram também que, em setembro, a taxa de juros do crédito livre subiu pelo quarto mês seguido, para 37,2% ao ano, maior porcentual em 17 meses. Esse movimento reflete a elevação da taxa de juros básica da economia, a Selic, para 9,5% ao ano. As taxas podem ter sido influenciadas também pelo fato de os clientes haverem contratados empréstimos mais caros.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a greve reforçou uma tendência que já era observada, a do crescimento moderado do crédito. Em setembro, o saldo das operações de crédito aumentou 0,8%, o que é uma taxa menor do que a observada em meses anteriores. "É uma expansão moderada, em ambiente de estabilidade de inadimplência e de elevação das taxas de juros, em linha com o ciclo de aperto monetário."
Ele reconheceu, também, que os clientes tiveram mais dificuldade de acessar as linhas de crédito com juros mais baixos, como o consignado e o imobiliário. A contratação desses empréstimos dependem da ida das pessoas aos bancos. Essas duas linhas apresentaram um desempenho abaixo do padrão em setembro.
Inadimplência
A inadimplência voltou a subir, de 3,2% para 3,3%, depois de cair por três meses seguidos, mas ainda está nos menores patamares em três anos. "Essa melhora reflete o crescimento da renda, a consciência em termos financeiros. E, por parte dos bancos, houve um aprendizado, com maior seletividade na concessão e mais critérios em termos de garantia e seleção do cliente", disse Maciel.
Em tese, o mês de outubro poderá apresentar os mesmos reflexos, uma vez que a greve se estendeu até o dia 11. Maciel afirmou, no entanto, que existe a possibilidade de que os consumidores estejam correndo para regularizar a situação neste fim de mês, o que pode minimizar o impacto da greve sobre os dados do mês.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, afirmou que a greve não é a principal explicação para a alta dos juros e a desaceleração do crédito. "Nem todas as transações eletrônicas, na internet ou nos caixas, são exclusivamente para cheque especial", comentou.
Para o líder sindical, um fator que pode ter pesado nos dados do mês passado é a intenção dos bancos públicos de tirar o pé do acelerador na oferta de crédito. Araújo argumentou também que, com a trajetória de aperto monetário iniciado em abril, não há interesse por parte das instituições, privadas ou públicas, de oferecem empréstimos mais em conta.
Para a economista da Tendências Consultoria Integrada Mariana Oliveira, o aumento da participação do crédito mais caro no total respondeu por uma parte menor, cerca de 20%, do aumento dos juros para o consumidor no mês passado. A maior parte da alta, portanto, está relacionada à alta promovida pelos bancos em praticamente todas as linhas. "Linhas que estruturalmente possuem taxas de juros menores também registraram aumento na taxa de agosto para setembro."
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