Economia

Exportadores brasileiros não conseguem mais evitar tarifa de 50% dos EUA

Com tempo médio de viagem de até 18 dias, exportadores já não conseguem evitar nova taxação americana, que entra em vigor em 1º de agosto

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 22/07/2025 às 17:02

Atualizado em 22/07/2025 às 17:54

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Com tempo médio de viagem de até 18 dias, exportadores já não conseguem evitar nova taxação americana / Divulgação/Porto de Santos

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A corrida das empresas brasileiras para tentar evitar a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos chegou ao fim. Com a medida anunciada pelo ex-presidente Donald Trump no último dia 9 e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, exportadores tentaram adiantar os embarques, mas agora já não há mais tempo hábil para que as mercadorias cheguem em solo americano antes da data de aplicação da nova taxação.

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Segundo técnicos do Porto de Santos ouvidos pela CNN, o tempo médio de viagem de navios para os principais portos dos EUA varia de 14 a 18 dias — o que torna impossível o desembarque antes do prazo, mesmo que os carregamentos sejam enviados imediatamente. Para alguns destinos, como o Porto de Nova Orleans ou Nova York, o tempo de transporte pode chegar a 30 dias, especialmente em casos de rotas com escalas ou sob influência de fatores climáticos.

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A reação inicial foi rápida. Após o anúncio da tarifa, embarques de produtos como café, carne e celulose foram acelerados. O setor de proteínas animais, por exemplo, registrou um aumento de 96% nas exportações nas duas primeiras semanas de julho. Mas a estratégia emergencial perdeu força com a aproximação do prazo-limite.

O MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) explicou que a taxa será aplicada com base na data de chegada dos produtos aos EUA, e não no envio. Isso significa que cargas despachadas antes de 1º de agosto, mas que desembarquem após essa data, estarão sujeitas à cobrança integral da tarifa.

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Apostas em novas estratégias

Sem tempo para escapar da nova taxação, empresas brasileiras e entidades do setor produtivo voltam suas atenções para estratégias políticas e jurídicas. Uma delas é o diálogo direto com empresas americanas, que também serão impactadas pela medida e têm pressionado o governo dos EUA por exceções.

Um exemplo é a Johanna Food, importadora de suco de laranja com sede em Nova Jersey, que ingressou com uma ação na Justiça americana contra o tarifaço. Outra frente envolve a negociação de uma “lista de exceções” à tarifa, que incluiria produtos naturais não produzidos internamente pelos EUA.

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A proposta vem sendo analisada por entidades como a National Coffee Association, principal representante do setor cafeeiro nos Estados Unidos. Como o país depende totalmente da importação de café, o Brasil — responsável por 35% de toda a importação americana do grão — seria o principal beneficiado com a isenção.

Outro setor que pode ser contemplado é o de frutas, com destaque para a manga, cuja produção interna nos EUA é praticamente inexistente. O Brasil é o terceiro maior fornecedor da fruta ao país, representando cerca de 8% das importações.

Apesar das tentativas, a indústria brasileira ainda avalia os impactos da tarifa e as possibilidades de reação. A medida é vista como um duro golpe às exportações, especialmente em um momento em que o comércio global segue em recuperação pós-pandemia e sob tensões políticas e econômicas.

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