Economia
Stephanie Kelton, uma das pioneiras da teoria monetária moderna (MMT, na sigla em inglês), acha que o déficit de um governo pode ser uma notícia boa - sem se referir necessariamente ao Brasil.
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A palavra déficit, quando associada ao Brasil, tende a provocar inúmeras projeções pessimistas sobre a possibilidade de, em alguns anos, o país quebrar. Mas nem todos os economistas têm uma visão tão negativa.
Stephanie Kelton, uma das pioneiras da teoria monetária moderna (MMT, na sigla em inglês), acha que o déficit de um governo pode ser uma notícia boa - sem se referir necessariamente ao Brasil.
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Professora de política pública e economia da Universidade Stony Brooks, em Nova York, ela foi economista-chefe da comissão de orçamento do Senado americano em 2015.
Também atuou como assessora econômica do democrata Bernie Sanders durante a disputa para ser o nome do partido na corrida pela Casa Branca -acabou perdendo para a senadora Hillary Clinton.
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"Se o governo coloca mais na economia do que arrecada, se gasta US$ 100 bilhões e arrecada US$ 80 bilhões sob a forma de impostos, nós consideramos isso um déficit. Dizemos que o governo incorreu em um déficit de US$ 20 bilhões", diz a economista. "Não é isso. O que o governo fez foi colocar US$ 20 bilhões na economia."
Kelton admite que a tese pode gerar debates sobre para onde foi esse dinheiro, porque a teoria parte do princípio que esses recursos foram destinados para beneficiar a economia -e não para um empresário, por exemplo.
"O fato simples que importa é que o déficit do governo provisiona o resto da economia com moeda do governo", diz.
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Essa é outra linha de pensamento da MMT, que afirma que um Estado nunca irá ficar insolvente, porque tem a capacidade de emitir sua própria moeda.
O controle da inflação que isso poderia gerar seria ajustado pelo orçamento, e não pela política monetária.
Aliás, a MMT considera que bancos centrais não deveriam perder tempo com o controle da inflação, e sim focar seus esforços na supervisão do sistema bancário.
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Uma comissão orçamentária seria responsável por calcular a pressão inflacionária gerada pelos gastos do governo.
"O governo, quando estabelece um orçamento, poderia colocar quanto recurso quisesse na infraestrutura, educação e saúde. Mas teria de tomar cuidado para não colocar mais recurso do que a economia pode suportar, o que poderia provocar inflação", afirma.
Para ela, o controle do déficit não deveria ser visto como uma medida do sucesso econômico de um país.
"A medida do sucesso deveria ser o índice de Gini. O que está fazendo com a pobreza infantil, com o ambiente?", questiona.
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