Economia
Associação especializada pede diálogo urgente com os Estados Unidos para evitar impactos no comércio, no emprego e na inflação
Porto de Santos é o 'caminho' para maior produtos mais exportados para os EUA / Divulgação
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A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) emitiu um alerta nesta semana sobre os impactos da nova tarifa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
A entidade classifica a medida como um risco não apenas para o comércio bilateral, mas também para a estabilidade das cadeias globais de alimentos, que beneficiam consumidores, trabalhadores e empresas de diversos países.
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A nova tarifa representa um agravamento frente aos 10% já aplicados em abril de 2025 e pode provocar desorganização nas rotas comerciais internacionais, afetando diretamente produtos como suco de laranja, proteínas animais, açúcar e café – segmentos nos quais o Brasil ocupa posição de destaque como fornecedor global.
Segundo a ABIA, os Estados Unidos são o segundo maior mercado individual para os alimentos industrializados brasileiros, atrás apenas da China. Em 2024, as exportações do setor para os EUA somaram US$ 4,5 bilhões, com alta de 27,9% em relação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2025, o avanço foi ainda maior: US$ 2,83 bilhões, alta de 45% ante o mesmo período de 2024.
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Os principais produtos exportados foram:
A ABIA destaca que a aplicação da tarifa forçaria um redirecionamento da oferta brasileira para outros mercados, enquanto os Estados Unidos teriam que buscar novos fornecedores, o que implicaria em custos logísticos, renegociação de contratos e instabilidade nos preços globais. O impacto seria sentido por países terceiros, afetando o equilíbrio das cadeias agroindustriais mundiais.
Além do impacto direto no setor de alimentos, a medida dos EUA pode influenciar variáveis macroeconômicas sensíveis, como a taxa de câmbio e a inflação no Brasil. Diante disso, a ABIA defende uma retomada urgente do diálogo técnico e diplomático entre os dois países.
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"A articulação institucional é fundamental para mitigar incertezas e distorções que podem afetar o comércio, os investimentos e a manutenção de empregos", afirma a entidade.
A possível regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica também levanta preocupações, especialmente no setor de serviços. Segundo André Marques Gilberto, CEO do CGM Advogados, áreas como tecnologia, licenciamento de software e consultorias internacionais podem ser diretamente afetadas.
"A possibilidade de suspensão de obrigações comerciais e de investimentos aumenta o risco regulatório e exige revisão de contratos e estratégias internacionais", explica o advogado.
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Os números do comércio bilateral também refletem a crescente dependência e integração entre Brasil e Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras totalizaram US$ 20,02 bilhões, enquanto as importações dos EUA chegaram a US$ 21,70 bilhões, com saldo comercial favorável aos americanos em US$ 1,67 bilhão, mais que o quíntuplo do saldo do mesmo período de 2024.
Diante do cenário de incertezas, a ABIA reafirma seu compromisso com a cooperação internacional e se coloca à disposição para colaborar com o governo brasileiro na busca de soluções diplomáticas e técnicas que preservem a previsibilidade dos negócios, a competitividade da indústria de alimentos e a geração de empregos no Brasil.