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Estudo chinês revela que ouvir músicas alegres ou suaves pode reduzir o enjoo em viagens, enquanto sons tristes e intensos têm o efeito contrário
Ouvir músicas alegres ou suaves durante o trajeto pode ajudar a reduzir o enjoo no carro, segundo estudo de pesquisadores chineses / Freepik
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Você já se sentiu enjoado no carro e não sabia o que fazer? A ciência mostra que ouvir música pode ajudar a melhorar essa sensação, porém o estilo escolhido pode afetar os resultados.
Pesquisadores chineses publicaram um artigo na Frontiers in Human Neuroscience em que, ao buscarem maneiras de reduzir o enjoo, descobriram que tocar diferentes tipos de música pode ajudar as pessoas a se recuperar de forma mais eficaz.
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Usando um simulador de direção especialmente calibrado, eles induziram enjoo nos participantes e depois tocaram músicas variadas enquanto estes tentavam se recuperar.
Músicas suaves e alegres apresentaram os melhores efeitos, enquanto músicas tristes foram menos eficazes do que simplesmente não fazer nada.
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Falando em música e ciência, um estudo mostra que o prazer de ouvir música tem relação com o DNA humano e pode ser herdado dos pais.
“O enjoo de movimento prejudica significativamente a experiência de viagem de muitas pessoas, e as intervenções farmacológicas existentes geralmente causam efeitos colaterais como sonolência”, explicou o Qizong Yue, pesquisador da Southwest University, na China, e autor correspondente do artigo. “A música representa uma estratégia de intervenção não invasiva, de baixo custo e personalizada.”
Para quem sofre com enjoos, não há nada pior — e o simples nervosismo em antecipação pode provocar uma reação física, acelerando o surgimento dos sintomas. Como a música pode ser usada para aliviar a tensão, Yue e sua equipe quiseram descobrir se ela também poderia ajudar quem sente enjoo no carro.
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Os pesquisadores começaram desenvolvendo um modelo para induzir o enjoo de movimento. Eles recrutaram 40 participantes para testar diferentes rotas em um simulador de direção, semelhante a um videogame realista, e escolher a mais eficaz para provocar o enjoo. Em seguida, selecionaram 30 pessoas que relataram níveis moderados de enjoo em viagens anteriores.
Enquanto os participantes dirigiam virtualmente, os pesquisadores monitoraram sua atividade cerebral com toucas de eletroencefalograma (EEG) — um aparelho que mede os sinais elétricos do cérebro por meio de sensores colocados no couro cabeludo. Esses dados ajudam a identificar o que acontece no cérebro quando alguém começa a se sentir tonto ou enjoado.
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Depois que o enjoo foi induzido, os voluntários foram divididos em seis grupos: quatro ouviram diferentes tipos de música, um não ouviu música e outro teve o simulador interrompido assim que começou a sentir leve enjoo (servindo como grupo comparativo para os dados de EEG).
Primeiro, os participantes ficaram parados no simulador por alguns minutos para registrar os sinais cerebrais de referência (padrão). Depois, realizaram a simulação de direção e reportaram seu nível de enjoo. Quando pararam, os grupos com música ouviram as faixas por 60 segundos e relataram novamente como se sentiam.
Os cientistas testaram quatro estilos de música, cada um com um efeito emocional distinto:
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A otorrinolaringologista Daniela Janolli explica o que pode causar isso:
Os cientistas descobriram que a música alegre reduziu o enjoo em 57,3%, seguida de perto pela música suave, com 56,7%. A música passional reduziu o enjoo em 48,3%, enquanto a música triste foi ligeiramente menos eficaz do que o simples descanso. O grupo de controle apresentou melhora de 43,3%, enquanto quem ouviu música triste teve redução de apenas 40%.
Os dados do EEG mostraram que a atividade cerebral no lobo occipital — parte posterior do cérebro responsável principalmente pelo processamento da visão — mudava quando os participantes relatavam enjoo. Essa região apresentava menor complexidade de atividade quando o desconforto era maior.
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À medida que os voluntários se recuperavam, o EEG retornava a níveis próximos do normal. É possível que a música suave relaxe as pessoas — aliviando a tensão que agrava o enjoo —, enquanto a música alegre distraia o cérebro ao ativar sistemas de recompensa. Já a música triste poderia ter o efeito oposto, intensificando emoções negativas e o desconforto.
No entanto, os cientistas ressaltam que são necessários mais estudos. “A principal limitação desta pesquisa é o tamanho relativamente pequeno da amostra”, explicou Yue. “Isso limita o poder estatístico dos resultados.”
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Pesquisas futuras com amostras maiores deverão validar os padrões de EEG como um indicador quantitativo do enjoo e aprofundar a compreensão sobre o impacto da música nesses sintomas.
Os pesquisadores também pedem estudos em condições reais de viagem, que podem afetar o cérebro de forma diferente em comparação com os simuladores. Eles planejam investigar outros tipos de enjoo — como o causado por viagens de avião ou navio — e o papel do gosto musical individual.
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“Com base em nossas conclusões, pessoas que sentirem enjoo durante viagens podem ouvir músicas alegres ou suaves para obter alívio”, concluiu Yue. “Os principais mecanismos teóricos do enjoo de movimento se aplicam amplamente a diferentes meios de transporte, portanto, os achados provavelmente se estendem a enjoos aéreos e marítimos.”