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Você acorda entre duas e três da manhã? Isso pode ser sinal de algo mais sério

Acontece com todo mundo acordar à noite de vez em quando, mas se isso ocorre com frequência, pode ser um sinal de que algo está em desequilíbrio no corpo

Júlia Morgado

Publicado em 14/10/2025 às 19:18

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Noites interrompidas e sensação de cansaço ao despertar podem indicar distúrbios do sono ou alterações hormonais / Acharaporn Kamornboonyarush/Pexels

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Você acorda entre duas ou três da manhã e não consegue voltar a dormir. Vira de um lado para o outro, tenta contar carneirinhos, lê um livro, medita e nada funciona. Com muito esforço, adormece por volta das cinco, e quando o despertador toca às seis e meia, sente-se pior do que antes de deitar. De acordo com um estudo publicado na Sleep Epidemiology em 2022, essa é a realidade de 65% dos brasileiros. 

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Segundo a Associação Brasileira de Sono (ABS), no país em média a população dorme apenas 6,4 horas, contrária a recomendação da Fundação Nacional do Sono, dos Estados Unidos, é de que adultos com 18 a 64 anos durmam de 7 a 9 horas diariamente. Porém, isso pode variar de pessoa pra pessoa.

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O despertar noturno constante desregula o ritmo biológico, enfraquece a imunidade e aumenta o risco de doenças cardíacas. A falta de sono faz o corpo armazenar energia em forma de gordura, para o caso de emergência, levando ao ganho de peso. Mas esses são apenas as consequências. A pergunta é: que nos faz acordar depois de algumas horas de sono no meio do nosso ciclo natural de sono? 

O cérebro continua ativo mesmo dormindo - mas só as vezes

O médico Eric Berg, do centro de cuidados Alderberry Care, explica que durante o sono, os níveis hormonais devem estar em seus níveis mais baixos, principalmente os hormônios ligados ao estresse. Um dos principais deles é o cortisol.

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“No meio da noite, o cortisol deve estar em níveis baixos para que o cérebro entre nas fases de sono profundo e REM (movimento rápido dos olhos). Esta é a parte da noite em que sonhamos e que tem uma influência fundamental na memória, na criatividade e no equilíbrio emocional." 

Veja também: cientista reconhecido mundialmente patenteia pílula para a eterna juventude.

As fases REM ocorrem a cada 90 minutos. A primeira fase é a mais curta, e cada fase seguinte se prolonga. A mais intensa e longa é a última, antes de acordar. Quando despertamos no meio da noite e não conseguimos dormir novamente, perdemos justamente essa fase mais importante.

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Durante o REM, o cérebro é praticamente tão ativo quanto quando estamos acordados, mas os músculos permanecem relaxados (exceto os da respiração e do coração). É nessa fase que o corpo organiza memórias e emoções, reforça conexões neurais e cria novas. O que é uma base natural para a imaginação e a capacidade criativa e o processamento de informações. 

REM é essencial

Se não dormimos o suficiente na fase REM, temos dificuldade em controlar nossas emoções. Ficamos irritados e frequentemente reagimos de forma exagerada. A memória também sofre: esquecemos tarefas comuns. Se trata exatamente daquele momento em que lembramos o almoço de infância, mas não sabemos onde deixamos as chaves há dez minutos.

O psiquiatra José Mauro Reis, explica no canal 'Diário do Sono', um pouco sobre o sono REM e o NREM: 

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Por volta das duas da manhã, a maioria das pessoas está em sono profundo, com o cérebro tranquilo. Mas se o nível de cortisol aumenta nesse momento, é como um despertador interno.

“Nossos cuidadores veem as consequências do sono interrompido”, diz Berg. “A maioria dos idosos que acorda por volta das duas da manhã se sente exausta, confusa e emocionalmente instável no dia seguinte.”

Por volta das 2 da manhã, a maioria de nós está em uma fase de sono profundo, quando nossos cérebros estão relativamente calmos. Mas se os níveis de cortisol aumentam nesse momento, é como um despertador alto para o corpo.

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"Nossos cuidadores percebem as consequências do sono interrompido. A maioria dos nossos pacientes idosos que acorda por volta das 2 da manhã se sente exausta, mentalmente dispersa e emocionalmente instável no dia seguinte", disse Eric Berg. 

O desequilíbrio hormonal em idosos podem ser especialmente perigosos. Um corpo jovem consegue lidar melhor com isso, já um mais velho pode já estar ficando sem energia. 

Saiba os principais segredos para turbinar o cérebro de acordo com a ciência.

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Riscos e Sinais

Veja na galeria a seguir alguns dos riscos de não dormir bem e sinais que você não está com uma rotina de sono saudável:

Fique atento, sinais como: irritabilidade e falta de paciência, dificuldade para manter o foco, queda do desempenho no trabalho ou nos estudos, esquecimentos frequentes, sonolência diurna excessiva e o aumento do apetite sem causa aparente, podem significar que você não está dormindo bem/ Vitaly Gariev/Unsplash
Fique atento, sinais como: irritabilidade e falta de paciência, dificuldade para manter o foco, queda do desempenho no trabalho ou nos estudos, esquecimentos frequentes, sonolência diurna excessiva e o aumento do apetite sem causa aparente, podem significar que você não está dormindo bem/ Vitaly Gariev/Unsplash
Um dos riscos é a saúde cardiovascular, segundo a Associação Norte-Americana do Coração, a má qualidade de sono é um fator de risco para infarto e AVC. Interrupções ao sono costumam alterar o ritmo circadiano, mecanismo que funciona como um relógio interno que determina a hora de dormir ou de acordar. Também interfere em funções cardiovasculares, como a frequência cardíaca e a pressão arterial/ Solving Healthcare/Unsplash
Um dos riscos é a saúde cardiovascular, segundo a Associação Norte-Americana do Coração, a má qualidade de sono é um fator de risco para infarto e AVC. Interrupções ao sono costumam alterar o ritmo circadiano, mecanismo que funciona como um relógio interno que determina a hora de dormir ou de acordar. Também interfere em funções cardiovasculares, como a frequência cardíaca e a pressão arterial/ Solving Healthcare/Unsplash
Os distúrbios de sono podem estar relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão arterial, asma e até câncer. Um estudo publicado na revista Plos Medicine demonstra que aqueles que dormem 5 horas ou menos têm mais chances de desenvolver essas condições na terceira idade/ l ch/Unsplash
Os distúrbios de sono podem estar relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão arterial, asma e até câncer. Um estudo publicado na revista Plos Medicine demonstra que aqueles que dormem 5 horas ou menos têm mais chances de desenvolver essas condições na terceira idade/ l ch/Unsplash
Alguns distúrbios de sono também são classificados como crônicos, entre eles a insônia, a apneia obstrutiva do sono, a narcolepsia e a síndrome das pernas inquietas/ Annie Spratt/Unsplash
Alguns distúrbios de sono também são classificados como crônicos, entre eles a insônia, a apneia obstrutiva do sono, a narcolepsia e a síndrome das pernas inquietas/ Annie Spratt/Unsplash
Uma das consequências da má qualidade de sono é o aumento do risco de problemas ósseos, como a osteoporose. Durante a fase não-REM de sono, ocorre a liberação do hormônio de crescimento. Se o adulto apresenta deficiência dessa substância, torna-se mais suscetível à perda de massa óssea/ Karlyukav/Freepik
Uma das consequências da má qualidade de sono é o aumento do risco de problemas ósseos, como a osteoporose. Durante a fase não-REM de sono, ocorre a liberação do hormônio de crescimento. Se o adulto apresenta deficiência dessa substância, torna-se mais suscetível à perda de massa óssea/ Karlyukav/Freepik
Dormir pouco ainda diminui a produção de melatonina (hormônio regulador do sono). Uma de suas funções é a melhora da atividade celular responsável pela formação dos ossos e pela redução dos osteoclastos, células que têm como papel a degradação do tecido ósseo "velho". O equilíbrio entre elas é fundamental para o processo de reabsorção óssea/ Jordan Bauer/Unsplash
Dormir pouco ainda diminui a produção de melatonina (hormônio regulador do sono). Uma de suas funções é a melhora da atividade celular responsável pela formação dos ossos e pela redução dos osteoclastos, células que têm como papel a degradação do tecido ósseo "velho". O equilíbrio entre elas é fundamental para o processo de reabsorção óssea/ Jordan Bauer/Unsplash
Segundo um estudo realizado pela Unifesp, dormir menos de 6 horas pode prejudicar a proteção do corpo contra infecções bacterianas, indicando uma associação entre privação de sono e diminuição significativa de células NK, componentes do sistema imunológico/ Freepik
Segundo um estudo realizado pela Unifesp, dormir menos de 6 horas pode prejudicar a proteção do corpo contra infecções bacterianas, indicando uma associação entre privação de sono e diminuição significativa de células NK, componentes do sistema imunológico/ Freepik
Quando dormir mal se torna uma rotina, a pessoa fica mais vulnerável a quadros como depressão e ansiedade e são agravados problemas psicológicos já existentes. Uma pesquisa realizada na Universidade de Otago, na Nova Zelândia, revelou que a qualidade de sono é o principal fator modificável para a saúde mental/ engin akyurt/Unsplash
Quando dormir mal se torna uma rotina, a pessoa fica mais vulnerável a quadros como depressão e ansiedade e são agravados problemas psicológicos já existentes. Uma pesquisa realizada na Universidade de Otago, na Nova Zelândia, revelou que a qualidade de sono é o principal fator modificável para a saúde mental/ engin akyurt/Unsplash
A saúde cognitiva também é afetada, um estudo publicado em 2021 na revista Nature Communications revelou que indivíduos com 50 a 70 anos têm um risco aumentado em 30% de desenvolver condições como demência e Doença de Alzheimer, quando descansam 6 horas ou menos por noite/ Sander Sammy/Unsplash
A saúde cognitiva também é afetada, um estudo publicado em 2021 na revista Nature Communications revelou que indivíduos com 50 a 70 anos têm um risco aumentado em 30% de desenvolver condições como demência e Doença de Alzheimer, quando descansam 6 horas ou menos por noite/ Sander Sammy/Unsplash
Dormir pouco e mal ainda pode piorar a sua nutrição e aumentar a chance de sedentarismo, já que uma das funções do sono é repor as energias do corpo, dormir pouco leva o organismo a tentar compensar a noite perdida, o que pode ocorrer por meio de uma alimentação mais calórica/ Vitaly Gariev/Unsplash
Dormir pouco e mal ainda pode piorar a sua nutrição e aumentar a chance de sedentarismo, já que uma das funções do sono é repor as energias do corpo, dormir pouco leva o organismo a tentar compensar a noite perdida, o que pode ocorrer por meio de uma alimentação mais calórica/ Vitaly Gariev/Unsplash
A má qualidade de sono ainda tende a aumentar a produção de grelina, hormônio que estimula a fome, o que estimula o consumo de alimentos calóricos, como doces e frituras, devido ao aumento do apetite/ Freepik
A má qualidade de sono ainda tende a aumentar a produção de grelina, hormônio que estimula a fome, o que estimula o consumo de alimentos calóricos, como doces e frituras, devido ao aumento do apetite/ Freepik

Não é normal e não deve ser ignorado

Embora o tempo de sono diminua com a idade, ele não deveria ser 'interrompido' constantemente. Essa situação não é normal em nenhuma idade, e o fato de as pessoas serem capazes de lidar com a situação não significa que o corpo não sofra as consequências.

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É claro que nosso corpo reage ao estresse emocional e às mudanças na vida, e a insônia de curto prazo ou o sono interrompido são uma consequência lógica. Apesar disso, não devemos considera-lás normais

No entanto, se a insônia durar meses, devemos sempre consultar um médico que ajudará a determinar a causa da interrupção do ciclo natural e do desequilíbrio hormonal.

Os especialistas são os únicos que podem identificar corretamente as causas da insônia e sugerir o procedimento correto para sua eliminação. E, assim, garantir que a insônia de longo prazo e suas consequências não causem mais danos do que às vezes estamos dispostos a admitir.

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