Mais do que confirmar uma teoria antiga, o estudo tem implicações práticas relevantes / Freepik/Wirestock
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Uma descoberta científica recente acaba de comprovar uma hipótese feita ainda em 1958 sobre o funcionamento da vitamina B1 no corpo humano. O achado confirmou que essa vitamina pode realmente se transformar em uma estrutura química chamada carbeno, essencial em diversas reações bioquímicas.
Por décadas, a ideia foi considerada improvável, já que carbenos são altamente instáveis em ambientes aquosos (como o corpo humano, que é composto por 60% de água).
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Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside conseguiram, pela primeira vez, produzir um carbeno que permanece estável em água por meses.
Isso permitiu que ele fosse analisado com diferentes ferramentas de laboratório, como espectroscopia e cristalografia de raios X.
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O feito abre novas portas para entender melhor o papel da vitamina B1 no organismo e revoluciona o modo como a ciência enxerga essa classe de compostos.
Um carbeno é uma molécula que possui um átomo de carbono com apenas seis elétrons na camada mais externa, chamada camada de valência. Como isso a torna instável, ela reage com facilidade com outras moléculas.
A forma mais simples desse composto é o metileno, formado por um carbono e dois hidrogênios, mas existem muitos outros tipos.
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No entanto, a instabilidade dos carbenos, especialmente na água, sempre dificultou sua observação e estudo.
Por isso, a hipótese feita pelo químico Ronald Breslow, na Universidade Columbia, em 1958, de que a vitamina B1 se transforma em carbeno para exercer algumas funções no corpo, era tratada com desconfiança.
Mais do que confirmar uma teoria antiga, o estudo tem implicações práticas relevantes. Os carbenos são amplamente utilizados na fabricação de medicamentos, combustíveis e diversos outros produtos.
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Como geralmente precisam ser manipulados em ambientes sem água, é comum o uso de solventes orgânicos tóxicos e poluentes.
O professor Vincent Lavallo, responsável pela equipe de pesquisa, explicou que esta é a primeira vez que um carbeno estável na água foi observado em laboratório.
Durante muito tempo se acreditou que a hipótese de Ronald Breslow estivesse errada, mas os novos dados mostram que ele estava certo.
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Varun Raviprolu, outro pesquisador envolvido no estudo, acrescentou que a água é o solvente ideal por ser abundante, não tóxica e ambientalmente segura.
Segundo ele, se os carbenos puderem ser utilizados em reações dentro da água, será possível desenvolver processos químicos mais sustentáveis, econômicos e seguros.
A descoberta representa um avanço significativo para a química verde e reforça a importância de revisar ideias antigas com novas tecnologias.
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Ao confirmar uma hipótese desacreditada por mais de meio século, a ciência mostra mais uma vez que até as teorias mais improváveis podem ter razão.