As pessoas se dividem sobre o jeito certo de falar o ditado popular / Imagem gerada por IA
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Tem uma cena que se repete mais do que reprise de novela: alguém solta, bem de boa, “quem tem boca vai a Roma”, e do nada aparece um fiscal de provérbio na esquina dizendo que o certo é “quem tem boca vaia Roma”. Aí vira um mini debate público, quase uma audiência, com direito a “na verdade…” e gente saindo de fininho antes da sobremesa.
A forma tradicional do ditado é bem direta: “Quem tem boca vai a Roma”. E a lógica é simples, quase fofinha: quem tem “boca” pergunta, se comunica, pede informação, se orienta… e chega onde precisa. “Roma” entra como símbolo de um destino famoso, grande, conhecido, aquele lugar que todo mundo já ouviu falar. No fundo, o provérbio está falando de um superpoder subestimado: saber perguntar.
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E de onde veio essa história de Roma? Uma explicação comum liga a frase ao mundo antigo, quando a rede de estradas do Império Romano era tão conectada que, perguntando aqui e ali, dava para se achar e chegar ao destino. Não é um “GPS de sandália”, mas quase isso: a ideia de que o caminho aparece quando você abre a boca para pedir direção, literalmente ou na vida.
Agora, o plot twist: “vaia Roma” existe? Existe, mas em geral aparece como uma releitura moderna, uma brincadeira ou “correção” esperta que pegou carona na internet. É aquele tipo de frase que soa inteligente porque parece revelar um segredo escondido. Só que, quando você vai atrás de registros e obras de referência, o que aparece como forma consagrada é “vai a Roma”. “Vaia Roma” pode até funcionar como um trocadilho com outro sentido (“protestar contra o poder”), mas não é o “original secreto” que todo mundo teria errado por séculos.
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No fim das contas, a confusão é menos sobre gramática e mais sobre comportamento humano: a gente ama uma “correção surpreendente” para jogar na roda. Só que, neste caso, a Roma do ditado é viagem, não apupo.
Fontes: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (consultório sobre o provérbio e artigo sobre a referência a Roma e sua origem), Dicionário Aulete (registro do adágio), Michaelis (lista de provérbios com a forma tradicional), Infopédia.
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