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Tsunami atingiu o litoral de São Paulo e mudou o rumo de uma cidade

Com medo de novas ocorrências, parte dos moradores decidiu reconstruir suas casas em áreas mais afastadas da praia

Fábio Rocha

Publicado em 22/08/2025 às 13:45

Atualizado em 22/08/2025 às 13:56

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O impacto causado pelo fenômeno provocou mudanças significativas na ocupação do território / Pexels

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Entre os muitos eventos históricos registrados em São Vicente, um dos mais impressionantes é o relato de um fenômeno natural devastador, semelhante a um tsunami, que teria destruído parte da vila ainda nos primeiros anos da colonização.

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Segundo Frei Gaspar da Madre de Deus, que narrou o episódio em sua obra Memórias para a História da Capitania de São Vicente, a força do mar foi tão intensa que levou consigo a Igreja Matriz e o Pelourinho, dois dos principais marcos da então vila. 

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Em seus escritos, Frei Gaspar afirma que a duração dos edifícios foi breve, pois o mar destruiu todas as construções do local.

O relato é um dos poucos registros históricos sobre o evento, e não menciona vítimas nem traz a data exata em que tudo aconteceu. No entanto, historiadores apontam 1541 como o ano mais provável para o desastre.

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O impacto causado pelo fenômeno provocou mudanças significativas na ocupação do território. Com medo de novas ocorrências, parte dos moradores decidiu reconstruir suas casas em áreas mais afastadas da praia. 

Como consequência, a administração da vila passou a convidar pessoas de outras regiões para se estabelecerem no local. 

Um dos grupos que atendeu ao chamado foi o dos habitantes do Campo de Piratininga, que mais tarde colaborariam na defesa contra ataques indígenas.

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Dois anos após a destruição, a Câmara de Vereadores de São Vicente financiou o resgate de itens soterrados ou levados pelo mar. Pelo valor de 620 réis, sinos e outros objetos pertencentes à Igreja Matriz e ao Pelourinho foram recuperados.

Apesar da escassez de documentos sobre o episódio, oceanógrafos do litoral paulista oferecem uma explicação plausível para o ocorrido. 

De acordo com especialistas, o fenômeno pode ter sido provocado por um deslocamento de sedimentos submarinos, causado por um tremor no fundo do oceano. 

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Esse movimento teria feito o mar recuar e depois avançar de forma violenta, exibindo um comportamento típico de tsunamis.

Mesmo com poucas evidências além do relato de Frei Gaspar, o episódio permanece como um dos mais intrigantes da história natural e urbana do Brasil colonial, um lembrete de que, desde os tempos mais remotos, a força do mar já moldava o destino das cidades costeiras.

Fenômeno no dia de ontem

A população de Praia Grande, no litoral de São Paulo, acordou assustada com o recuo da maré na manhã de ontem (21), o que levantou dúvidas entre os moradores, incluindo a possibilidade de um tsunami atingir a cidade. Embora ainda não haja confirmação sobre qualquer risco atual, é fato que o município vizinho de São Vicente já enfrentou um fenômeno semelhante no passado.

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Principais pontos sobre o tsunami:

  • Um fenômeno semelhante a um tsunami atingiu a antiga vila de São Vicente, destruindo a Igreja Matriz, o Pelourinho e outras construções importantes, segundo o relato de Frei Gaspar da Madre de Deus em sua obra Memórias para a História da Capitania de São Vicente.
  • O frei descreveu que a duração dos edifícios foi curta porque o mar avançou com força e levou todas as construções do local, causando grande destruição no centro da vila.
  • Embora o registro histórico não informe o número de vítimas nem a data exata do desastre, historiadores especializados no tema apontam o ano de 1541 como o mais provável para a ocorrência do evento.
  • O impacto do fenômeno foi tão marcante que muitos moradores decidiram reconstruir suas casas em áreas mais distantes da praia, buscando maior segurança frente à ameaça do mar.
  • Em resposta à perda de parte da população local, os responsáveis pela administração da vila convidaram pessoas de outras regiões para se estabelecerem no território vicentino, como os habitantes do Campo de Piratininga, que futuramente contribuiriam para a defesa contra ataques indígenas.
  • Dois anos após a destruição causada pelo avanço do mar, a Câmara de Vereadores de São Vicente financiou, por 620 réis, uma operação de resgate que recuperou sinos e outros objetos da Igreja Matriz e do Pelourinho.
  • Apesar de existirem poucos relatos além do escrito de Frei Gaspar, oceanógrafos do litoral paulista explicam que o fenômeno pode ter sido causado por um deslocamento de sedimentos provocado por um tremor no fundo do oceano.
  • Esse tipo de movimentação submarina teria feito o mar recuar e depois retornar à costa com força e volume anormais, características que se assemelham ao comportamento típico de um tsunami.
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