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Com mistura de realidade e ficção, a série chamou atenção pela ambientação fiel, gravada em uma antiga fábrica no Tucuruvi e com participação de ex-detentos nas filmagens
A atriz Letícia Rodrigues revelou no TikTok que as gravações de 'Tremembé' não ocorreram em um presídio real, mas em uma antiga fábrica de lingeries desativada em São Paulo / Reprodução Instagram/@famosatriz
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Com apenas cinco episódios, a série "Tremembé" se tornou um dos maiores sucessos recentes da Prime Video, despertando a curiosidade do público não apenas pelo enredo intenso — e por vezes polêmico —, mas também pelos bastidores da produção.
Baseada nos livros do jornalista Ullisses Campbell, "Suzane: assassina e manipuladora" e "Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido", "Tremembé" tem roteiro assinado pelo próprio Campbell, ao lado de Vera Egito, Juliana Rosenthal, Thays Berbe e Maria Isabel Iorio.
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Misturando fatos reais e ficção, inspirada em crimes que chocaram o país, a produção se aprofunda na rotina da penitenciária do interior de São Paulo, conhecida como o "presídio dos famosos". Mas uma dúvida comum entre os espectadores acabou ganhando força: as cenas foram realmente gravadas dentro do presídio?
A atriz Letícia Rodrigues, que interpreta Sandra Regina Ruiz, ou "Sandrão" — personagem inspirada na detenta conhecida por se relacionar com Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga —, respondeu à curiosidade após publicar um vídeo mostrando seu processo de maquiagem e caracterização.
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@famosatriz Muita gente me perguntando das minhas tatuagens! Pois olhem o que a gente tinha que fazer quase que diariamente! “Mas por que você se tatuou tanto?” 1) porque eu quis rsrsrs 2) não acho que isso seja impeditivo para ser uma atriz 3) porque eu gosto muito de tatuagens! Gostaram? A caracterização é da Britney Federline e na equipe tínhamos Left, Carol Suss, Deby Marques, Tainan Moraes, Silvana Reis, Emerson e muito mais ♥️ #TREMEMBÉ #PrimeVideoBr #fy #ullissescampbell #sandrão @primevideobr
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O registro rapidamente viralizou e levou um seguidor a questionar: "Uma pergunta, vocês gravaram literalmente dentro da cadeia Tremembé, tipo, com as presas de verdade de lá, sabe?".
Com bom humor, Letícia surpreendeu na resposta: "A gente gravou numa fábrica de calcinhas. É um lugar enorme que conseguimos construir o cenário dentro. Gravamos em outros lugares também". A revelação matou a curiosidade de muitos espectadores que acreditavam que o elenco havia filmado, de fato, nas dependências do Complexo Penitenciário de Tremmbé.
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Comentário de Letícia Rodrigues no TikTok que revelou o local principal das gravações de 'Tremembé'/ Reprodução TikTokDica de leitura: Série sobre a Mulher da Casa Abandonada chega a streaming e dá voz à vítima.
Embora roteiro, elenco e direção sejam grandes responsáveis pelo sucesso da série, elementos técnicos como caracterização, figurino e cenografia também se destacaram por sua impressionante fidelidade ao ambiente prisional real.
Os principais responsáveis por esse realismo são Britney Federline, que assina a caracterização elogiada pelos internautas; Flavia Lhacer, responsável pelos figurinos; Lu Lopes, produtora de locação — encarregada de encontrar os espaços ideais para ambientar as cenas —; e Larissa Carvalho, cenógrafa, que transformou cada local escolhido em um cenário visualmente autêntico e imersivo.
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A própria Lu Lopes comentou sobre a valorização do ambiente em seu LinkedIn: "Quando leio comentários sobre as ‘ambientações’, sobre a atmosfera, e percebo que o público reconhece o quanto esses espaços ajudam a contar a história, sinto que tudo valeu a pena — cada visita, cada pesquisa, cada hora de trabalho e cada café interminável.”
Embora as gravações não tenham ocorrido no presídio verdadeiro, a direção de arte da série conseguiu reproduzir com precisão o ambiente carcerário. O local usado para as filmagens foi uma antiga fábrica de lingeries desativada, no bairro do Tucuruvi, em São Paulo, que passou por uma transformação completa para se tornar uma réplica realista da penitenciária.
As gravações aconteceram em novembro de 2024, e o espaço foi totalmente adaptado para dar vida ao cotidiano prisional. Foram construídas celas, refeitórios, academias, pavilhões, salas de costura, salão de beleza e outros cenários inspirados na penitenciária real.
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Em uma das paredes, lia-se a frase:“Este presídio só recebe o indivíduo. O delito e seu passado ficam de fora." A inscrição, presente também na unidade prisional original, ajudou a reforçar a autenticidade do set. Murais com nomes de detentas nas oficinas de costura e cartazes anunciando casamentos comunitários complementaram a ambientação. Veja algumas imagens da unidade real e do set de filmagens:
Em entrevista ao portal AdoroCinema, Letícia Rodrigues relembrou a atmosfera do local: “A gente chegava e tinha os manequins... E é uma fábrica meio setentista, então tem uma estética... Tem umas salas que têm uns carpetes".
Confira a entrevista completa do portal com a Letícia e Kelner Macêdo, ator que interpretou Cristian Cravinhos:
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A autenticidade de "Tremembé" também veio de uma fonte incomum: ex-detentos foram convidados a trabalhar como consultores e figurantes, em parceria com ONGs dedicadas à reinserção social de egressos do sistema penal.
“A cena da rebelião [do primeiro episódio] foi construída com mulheres que viveram o sistema penal”, revelou o diretor Daniel Lieff. Em um momento simbólico, policiais reais do GIR (Grupo de Intervenção) almoçaram com as participantes durante as filmagens, trocando experiências e vivências.
“Aprendemos muito com isso”, completou Vera Egito, que também destacou que a equipe contou com o apoio de ONGs que auxiliam na reintegração de ex-detentos à sociedade. A diretora explicou que muitas dessas pessoas estavam em busca de uma nova oportunidade de trabalho e que a produção fez questão de incluí-las nas filmagens, destacando que todas já haviam cumprido suas penas e estavam em processo de recomeço.
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A produção buscou precisão histórica até nos uniformes, que foram fabricados pelos próprios detentos da penitenciária real de Tremembé, reproduzindo fielmente o vestuário utilizado no presídio. "A ponto da pessoa ficar em dúvida se é real ou ficção", observou Ullisses Campbell.
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Na série "Tremembé", Sandrão é interpretada por Letícia Rodrigues, atriz paulistana pós-graduada em dramaturgia e roteiro pela Escola Superior de Artes Célia Helena, que também atuou em produções como “Manhãs de Setembro”, “Enterre Seus Mortos”, “Raul Seixas: Eu Sou” e “Tarã”.
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A personagem é inspirada em Sandra Regina Ruiz, condenada por sequestro e homicídio. Em 2003, ela e o namorado Valdir Ferreira Martins sequestraram Talisson Vinicius da Silva Castro, de 14 anos, filho de amigos e vizinhos. Após três dias de cativeiro, o grupo decidiu matar o adolescente com um tiro na cabeça, temendo ser reconhecido pela vítima. Entenda mais sobre esse e os outros casos retratados na série.
Com essa mistura de ficção e realidade, "Tremembé" conquista o público ao expor a complexidade humana por trás dos muros da prisão — e ao mostrar que, mesmo fora deles, os ecos desses crimes continuam a reverberar.