Após o trabalho minucioso, foi retirado da baleia um pedaço de âmbar-gris / Foto: Reprodução/YouTube
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Quando uma baleia cachalote apareceu sem vida na praia de La Palma, nas Ilhas Canárias, ninguém imaginava o que estava escondido em seu interior: um tesouro avaliado em impressionantes R$ 3 milhões, equivalente a cerca de € 500 mil.
Apesar do mar agitado e da maré alta que tornaram a autópsia um desafio, o patologista Antonio Fernández Rodríguez, chefe do Instituto de Bem-Estar Animal e Segurança Alimentar da Universidade de Las Palmas, estava determinado a desvendar a causa da morte do mamífero.
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Sua intuição o levou a investigar um problema digestivo, e foi ao examinar o cólon do animal que ele percebeu algo duro e incomum.
Após o trabalho minucioso, foi retirado da baleia um pedaço de âmbar-gris com aproximadamente 50 a 60 centímetros de diâmetro e pesando 9,5 quilos. Este nódulo, ao se tornar excessivamente grande, perfurou o intestino do animal, ocasionando sua morte.
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Veja também que uma baleia gigante e rara voltou a ser vista no Atlântico após dois séculos.
A jornada para encontrar o âmbar-gris começou com a suspeita de Antonio Fernández Rodríguez sobre a causa da morte da baleia. Ele dedicou-se à autópsia, mesmo diante das condições adversas do mar.
Foi durante o exame detalhado do cólon que ele detectou uma massa dura, a qual se revelou ser a valiosa pedra de âmbar.
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Este achado não só explicou o fim da vida do animal, mas também trouxe à luz um dos segredos mais cobiçados do oceano.
O âmbar é uma substância considerada rara, formada nos intestinos das baleias cachalotes. Embora seja uma resina vegetal, ela é acumulada pelas baleias ao longo dos anos a partir de resíduos de lulas que não são digeridos.
Curiosamente, apenas uma em cada cem cachalotes produz âmbar, o que o torna extremamente exclusivo.
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Em alguns casos, essa "pedra" é excretada naturalmente e pode ser encontrada flutuando no mar, por isso é às vezes chamada de "ouro flutuante". No entanto, como no caso da baleia de La Palma, um nódulo pode crescer a ponto de causar problemas fatais para o animal.
O valor do âmbar-gris transcende sua raridade. Ele é conhecido por seu cheiro amadeirado, mas sua verdadeira magia reside na capacidade de fixar aromas, prolongando a vida útil e a intensidade dos perfumes.
Por séculos, o âmbar-gris tem sido considerado o "Santo Graal" dos perfumistas, sendo uma das substâncias mais concorridas da indústria.
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O pedaço encontrado na baleia de La Palma, por exemplo, alcançou a impressionante avaliação de € 500.000, o que se traduz em mais de 3 milhões de reais.
A fascinação pelo âmbar-gris não é recente. Essa substância tem sido presente na literatura por séculos, evidenciando seu impacto na imaginação humana. O famoso escritor Herman Melville, em sua obra-prima "Moby Dick", dedicou um capítulo inteiro ao âmbar.
Ele descreveu-o como algo "macio, ceroso e tão perfumado e picante que é frequentemente usado em perfumaria...". Com um tom de surpresa e ironia, Melville ainda questiona: "Quem imaginaria que todas aquelas damas e cavalheiros de voz elegante se dariam ao luxo de uma infusão das entranhas inglórias de uma baleia doente!".
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Com a crescente valorização do âmbar-gris, surgiram preocupações sobre a caça ilegal de baleias. Para combater a exploração desses magníficos animais e tentar coibir a caça, países como EUA, Austrália e Índia proibiram o comércio de âmbar-gris.
Essa medida visa proteger as populações de baleias cachalotes, garantindo que o valor dessa substância não se torne uma sentença para esses gigantes gentis do oceano.