Leticia Colares, conhecida como DJ Bonekinha Iraquiana / Reprodução/Nair Bueno
Continua depois da publicidade
Leticia Colares, conhecida como DJ Bonekinha Iraquiana, é a santista de 24 anos que teve sua carreira de DJ reconhecida internacionalmente por tocar o “funk bruxaria”, um subgênero do funk misturado à música eletrônica.
Sua trajetória na discotecagem começou em 2019, por incentivo de uma amiga. “Quando eu comecei a tocar, foi por ‘livre e espontânea pressão’ da minha amiga, que fazia festas naquela época. Ela falava: ‘Amiga, gosto muito da sua playlist de funk’”, comenta Leticia, que desde então passou a se apresentar em festas.
Continua depois da publicidade
Nascida e criada em Santos, a DJ se interessou em tocar um subgênero do funk: a “bruxaria”, também conhecida como “submundo”. “A bruxaria é, estrondosa, tem vários graves, agudos, com elementos, como, por exemplo, passarinhos cantando. É um gênero muito rico sonoramente, porque abrange muito. Qualquer tipo de ‘sample’ pode se tornar uma música da bruxaria — qualquer panela batendo ou gravar passarinhos cantando. Isso é a bruxaria”, descreve.
A santista conta que a inspiração para o nome artístico “Bonekinha Iraquiana” veio de uma música homônima do ex-BBB MC Bin, antigo MC Bin Laden. Ela adotou o nome da música com seu “vulgo” e passou a ser reconhecida assim.
Continua depois da publicidade
Apesar de hoje ser DJ de funk, Leticia ouvia o gênero escondida dos pais, por conta de restrições familiares. Ainda assim, seu pai foi um fundamental para sua carreira. “Meu pai foi a primeira pessoa que me apoiou. Foi ele quem me deu meu primeiro equipamento.”
Confira os cinco melhores modelos de vitrola para ouvir discos. Saiba mais.
O pai de Leticia faleceu quando ela fez seu primeiro show fora do estado. “As coisas foram acontecendo, e ele ficou muito mal. Estava internado na UTI justamente quando fiz meu primeiro show fora do estado. Depois disso, ele faleceu, e eu não pude nem me despedir. Fui porque ele me disse para ir. Depois, muita coisa aconteceu. Fiz minha primeira turnê na Europa no ano passado.”
Continua depois da publicidade
Assista ao vídeo da entrevista completa abaixo:
Então, Leticia conquistou o público europeu e, hoje em dia, faz várias turnês internacionais, além de já ter tocado em diversos estados do Brasil — realizando, assim, o sonho de seu pai, que era conhecer o país inteiro.
“Na época em que eu soube que ia fazer essa turnê na Europa, eu não acreditava que seria possível”, diz Bonekinha, que hoje tem fãs pelo mundo e um público fiel esperando em terras estrangeiras. “Conheci uma iraquiana lover, como eu chamo meus fãs, da Suíça. Ela não entende nada do que eu falo, mas vai pelos beats.”
Mesmo sendo mundialmente conhecida por sua música, Leticia ainda enfrenta muitos desafios por ser mulher. “Aqui, nenhuma mulher é vista como DJ. Consequentemente, nunca fui chamada para tocar. Por isso, criei minha própria festa, ‘Bonekinha e seus amigos’, para poder tocar aqui na Baixada Santista.”
Continua depois da publicidade
Por outro lado, uma de suas maiores conquistas é ter reconhecimento nacional e internacional. “Saber que em cada pedaço do Brasil tem algum fã... Hoje eu viajo o país todo. Sempre me pergunto se haverá alguém que gosta do meu som — e sempre tem. Isso também era um desejo pessoal do meu pai, que eu posso realizar. O sonho dele era viajar o Brasil inteiro. E ver o país me reconhecendo, gostando de mim, gostando da minha música — isso, para mim, é a maior conquista: poder levar minha música por todo o Brasil”, revela.
“Foi amor ao primeiro beat”, ressalta Leticia, que, assim como foi incentivada por uma amiga, hoje inspira outras meninas que sonham com uma carreira na música.
“Vejo que muitas meninas hoje em dia se inspiram em mim, e sempre digo para não desistirem. Em 2019, quando comecei a ser DJ, ninguém queria me contratar porque diziam que meu som era muito pesado. Hoje estou sendo reconhecida mundialmente por causa da bruxaria.”
Continua depois da publicidade
O Diário já contou sobre música brasileira que bombou no exterior. Veja detalhes.