Missão da ESA usa inteligência artificial para voos sincronizados no espaço / Divulgação/NASA/GSFC
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Um experimento conduzido no espaço profundo mostrou que dois satélites são capazes de se encontrar e operar juntos sem qualquer intervenção humana direta. O avanço pode mudar o planejamento das futuras missões espaciais.
A tecnologia foi testada a dezenas de milhares de quilômetros da Terra e utiliza inteligência artificial desenvolvida por pesquisadores europeus.
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O feito chama atenção porque resolve um dos maiores entraves da exploração espacial moderna: a dependência de lançamentos caros e estruturas gigantescas. A solução, ao que tudo indica, passa pela cooperação entre satélites menores.
Hoje, enviar grandes equipamentos ao espaço exige foguetes potentes, alto investimento e riscos elevados. Por isso, cientistas estudam modelos mais flexíveis, baseados na união de módulos menores que podem ser organizados fora da Terra.
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Esse conceito começou a sair do papel com a missão Proba-3, da Agência Espacial Europeia. Dois satélites conseguiram se localizar a grandes distâncias e voar de forma sincronizada, mantendo uma formação extremamente precisa.
Na prática, os equipamentos se comportaram como se fossem uma única nave espacial. O mais surpreendente é que todo o processo ocorreu de forma autônoma, sem comandos enviados a partir do solo terrestre.
O teste aconteceu a cerca de 60 mil quilômetros da Terra, uma região onde sistemas tradicionais de navegação não funcionam. Nesse ambiente, cada satélite precisa identificar o outro e ajustar sua trajetória sozinho.
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Segundo John Leif Jørgensen, da DTU Space, em entrevista ao portal dinamarquês DR, o desafio exigia precisão extrema. “Estamos a 60.000 quilômetros da Terra — um lugar onde não há GPS. Portanto, uma espaçonave precisa encontrar a outra e se aproximar dela.”
O desempenho superou as previsões iniciais. “E funcionou. O sistema provou ser eficaz além de todas as expectativas”, afirmou o pesquisador, destacando o potencial da inteligência artificial aplicada à navegação espacial.
As aplicações dessa tecnologia vão além do deslocamento de naves. Atualmente, o telescópio James Webb representa o limite da observação espacial, com um espelho de 6,5 metros de diâmetro.
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Mesmo com esse tamanho, muitos corpos celestes ainda aparecem pouco definidos. Para melhorar a resolução, seria necessário um espelho ainda maior, algo inviável de lançar a partir da Terra.
Com vários satélites menores voando em formação precisa, esse obstáculo pode ser superado. “Então você realmente poderá construir um telescópio capaz de iluminar exoplanetas”, diz Jørgensen, prevendo uma mudança profunda na astrofísica.