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Desde 2002, o país andino não tem nenhuma unidade, e essa ausência não é vista como falta, mas como uma escolha cultural
O país andino não tem nenhuma unidade do McDonald's em funcionamento / Pexels/Carlos Augusto Dias de Menezes
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Em meio a um continente onde o símbolo do fast food americano está presente de norte a sul, a Bolívia se destaca como uma exceção surpreendente.
Desde 2002, o país andino não tem nenhuma unidade do McDonald’s em funcionamento, e essa ausência não é vista como falta, mas como uma escolha cultural.
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A famosa rede de hambúrgueres chegou à Bolívia no fim da década de 1990, abrindo lojas nas principais cidades, como La Paz, Santa Cruz e Cochabamba. No entanto, em menos de cinco anos, todas as unidades fecharam as portas. O motivo? Pouca aceitação do público e vendas abaixo do esperado.
A comida boliviana é fortemente baseada em ingredientes locais e pratos preparados na hora, como salteñas (uma espécie de empanada recheada com carne ou frango), sopas ricas como a chairo, e refeições completas com arroz, batata, milho e carne. É uma culinária que valoriza o tempo de preparo e o sabor caseiro.
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Além disso, o preço era um obstáculo. Comer em um McDonald’s custava até três vezes mais do que uma refeição típica nas feiras e mercados populares. Para muitos bolivianos, isso não fazia sentido, nem no bolso, nem no paladar.
Ao contrário de países onde o fast food se tornou parte do cotidiano, a Bolívia manteve uma relação próxima com a comida fresca e feita na hora. Alimentos ultraprocessados, embora presentes, ainda são menos predominantes do que em vizinhos como Brasil, Argentina ou Chile.
Muitos pratos tradicionais incluem grãos como quinua, milho, batata e leguminosas, ricos em fibras e nutrientes. O uso de vegetais frescos e carnes preparadas com temperos naturais também contribui para uma dieta mais equilibrada.
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Além disso, as famílias bolivianas mantêm o hábito de cozinhar em casa com ingredientes simples e acessíveis, uma prática que, segundo nutricionistas, está cada vez mais rara em outras partes do mundo.
Durante o governo do ex-presidente Evo Morales, a saída do McDonald’s foi interpretada por muitos como um símbolo de resistência cultural e econômica.
A rejeição ao modelo de alimentação rápida e padronizada foi celebrada como um ato de afirmação da identidade nacional, embora a decisão tenha sido tomada também por razões comerciais.
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