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Despedida do cantor seguiu a tradição afro-brasileira que une música, festa e homenagem alegre à vida e à ancestralidade
Despedida do cantor seguiu a tradição afro-brasileira que une música, festa e homenagem alegre à vida e à ancestralidade / Tânia Rêgo/Agência Brasil
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O velório e o enterro de Arlindo Cruz, que acontecem neste fim de semana, seguem o formato tradicional "gurufim", ritual de origem africana que transforma o luto em celebração, reunindo música, dança, comida e bebida para celebrar a vida do sambista.
O corpo do cantor e compositor, de 66 anos, está sendo velado desde as 18h deste sábado (9) na quadra da escola de samba Império Serrano, sua escola de coração, no Rio de Janeiro.
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O velório é aberto ao público e seguirá até as 10h da manhã deste domingo (10), Dia dos Pais, quando ocorrerá o enterro, também no formato gurufim, no cemitério Jardim da Saudade, na Sulacap, zona oeste da cidade.
Conforme informou a Agência Brasil, o corpo já foi colocado no centro da quadra, que está cercada e preparada para as homenagens.
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Logo no início da tarde de hoje, as primeiras coroas de flores chegaram da Beija-Flor de Nilópolis e da Presidência da República, com os dizeres: “Homenagem ao talento, poesia e generosidade do sambista perfeito. Solidariedade à família, amigos e fãs. Presidente Lula e Janja”.
A família solicitou que os presentes usem roupas claras, especialmente brancas. O velório segue o formato "gurufim", que se manifesta em velórios festivos, com a bateria da Império Serrano se apresentando durante a cerimônia. O objetivo é amenizar a dor da perda e transformar o luto em uma homenagem alegre, celebrando a vida do artista.
O filho de Arlindo Cruz, Arlindinho, falou sobre a despedida. "Prefiro lembrar dele com os nossos trabalhos, nossos shows. Ainda assim, esse é um momento extremamente marcante, da passagem, da pausa de um sofrimento de 8 anos. É a despedida do jeito que ele pediu. Quadra cheia, cerveja liberada pro povo, churrasco. Por mais difícil que fosse fazer tudo isso, não podia não fazer o que ele pediu. Vamos comer, se divertir, lembrar dele com alegria e fazer essa alma encontrar luz o quando antes porque ele merece".
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A palavra gurufim tem origem no quimbundo, língua de Angola, e significa "adeus" ou "despedida". Nas culturas afro-brasileiras, especialmente nas religiões do candomblé e umbanda, o gurufim é um ritual que envolve o encaminhamento da alma por meio de celebração comunitária.
Tradicionalmente, os velórios no Rio de Janeiro eram realizados em casa, reunindo moradores da comunidade para conversar, comer, beber e se revezar no acompanhamento do corpo até o enterro. O gurufim preserva essa dimensão comunitária, espiritual e festiva da despedida.
Arlindo Cruz faleceu na sexta-feira (8), vítima de falência múltipla dos órgãos, após anos lutando contra sequelas de um AVC sofrido em 2017.
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Sua música, sua história e sua conexão com a cultura popular brasileira serão celebradas no velório e enterro, que seguem seu desejo de uma despedida alegre e cheia de significado.