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Quais plantas realmente ajudam a afastar cobras e escorpiões do quintal?

Uma análise baseada em evidências sobre a eficácia de espécies vegetais na repelência de animais peçonhentos

Isabella Fernandes

Publicado em 13/05/2025 às 17:03

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A presença de cobras e escorpiões em áreas residenciais, especialmente em quintais, é uma preocupação comum que leva à busca por métodos de afastamento / Henrik Le-Botos/Pexels

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A presença de cobras e escorpiões em áreas residenciais, especialmente em quintais, é uma preocupação comum que leva à busca por métodos de afastamento. Entre as soluções populares, o uso de plantas repelentes é frequentemente citado.

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Pensando nisso, o Diário investiga quais plantas realmente ajudam a afastar cobras e escorpiões do quintal, analisando a base científica por trás dessas alegações e o que de fato contribui para um ambiente menos propício a esses animais.

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A ciência por trás do efeito repelente de plantas em animais peçonhentos

A crença de que certas plantas podem repelir cobras e escorpiões é difundida, mas a comprovação científica para muitas dessas alegações é limitada ou inexistente. O suposto efeito repelente de algumas espécies vegetais é geralmente atribuído a odores fortes liberados por óleos essenciais, texturas desagradáveis ou até mesmo a capacidade de atrair predadores desses animais peçonhentos.

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Cobras, por exemplo, utilizam principalmente o órgão de Jacobson (vomeronasal) para detectar partículas químicas no ambiente, complementando o olfato. Escorpiões possuem estruturas sensoriais nas pernas e pedipalpos para perceber vibrações e odores.

Embora odores intensos possam causar desconforto a esses animais, não há evidências científicas robustas que confirmem que plantas específicas, por si sós, criem uma barreira impenetrável ou garantam o afastamento eficaz e duradouro de cobras e escorpiões de um quintal.

Muitas vezes, o efeito observado pode ser indireto, como a repelência de insetos que servem de alimento para escorpiões, ou simplesmente uma coincidência. A eficácia real de uma planta como repelente direto para esses grupos de animais peçonhentos ainda é um campo que carece de estudos científicos aprofundados e conclusivos.

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Espécies vegetais citadas e sua real capacidade de repelência

Diversas plantas são popularmente indicadas como repelentes de cobras e escorpiões. É crucial analisar o que a ciência diz, ou não diz, sobre elas:

  • Arruda (Ruta graveolens): Possui odor forte e é tradicionalmente usada como repelente. Alguns estudos indicam atividade inseticida ou repelente contra certos insetos. No entanto, não há evidências científicas consistentes que comprovem sua eficácia específica contra cobras ou escorpiões.
  • Citronela (Cymbopogon nardus ou Cymbopogon winterianus): Conhecida por seu óleo essencial que repele mosquitos. Sua ação repelente contra cobras e escorpiões não é cientificamente comprovada. O odor pode ser incômodo, mas não garante o afastamento.
  • Alho (Allium sativum): O forte odor do alho, devido a compostos sulfurados, é creditado com propriedades repelentes. Existem alguns indícios de que pode repelir certos invertebrados e até mesmo algumas espécies de serpentes em contextos muito específicos, mas faltam estudos controlados que validem seu uso generalizado e eficaz em quintais.
  • Tagetes (Cravo-de-defunto, Tagetes spp.): São conhecidas por repelir nematoides do solo e alguns insetos voadores. Não existem dados científicos sólidos que sustentem a afirmação de que repelem cobras ou escorpiões.
  • Nim (Azadirachta indica): Seus compostos, como a azadiractina, têm conhecida ação inseticida e repelente contra uma vasta gama de insetos. Ao reduzir a população de insetos (fonte de alimento para escorpiões), o nim pode indiretamente tornar o ambiente menos atraente para eles, mas não atua como repelente direto de escorpiões ou cobras.
  • Lavanda (Lavandula angustifolia): Popularmente usada para repelir traças, pulgas e mosquitos. Seu efeito sobre cobras e escorpiões é desconhecido e carece de base científica.
  • Sálvia (Salvia officinalis): Algumas tradições populares sugerem que o cheiro forte da sálvia pode afastar cobras. Contudo, não há suporte científico para essa alegação.

É importante destacar que a maioria das plantas citadas pode ter um efeito limitado a repelir insetos ou outros pequenos animais, mas sua capacidade de afastar cobras e escorpiões de forma confiável é amplamente anedótica.

O comportamento desses animais é complexo e influenciado primariamente pela disponibilidade de abrigo, alimento e condições adequadas de temperatura e umidade.

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Medidas complementares e eficazes para o controle ambiental

Considerando a limitada eficácia comprovada das plantas como repelentes diretos de cobras e escorpiões, a abordagem mais efetiva para manter esses animais afastados do quintal envolve um manejo ambiental integrado.

O objetivo principal é tornar o ambiente menos atraente, eliminando abrigos e fontes de alimento. As seguintes ações são fundamentais:

  • Limpeza e organização do quintal:
  • Remover entulhos, pilhas de madeira, telhas, tijolos, pedras, folhagem densa acumulada e qualquer material de construção não utilizado, pois servem de esconderijo.
  • Manter a grama sempre aparada e jardins bem cuidados, evitando o crescimento excessivo de vegetação rasteira.
  • Controle de fontes de alimento:
  • Eliminar ou controlar populações de roedores (ratos e camundongos), que são presas para muitas cobras.
  • Controlar a infestação de insetos como baratas, grilos e aranhas, que são o principal alimento dos escorpiões. Isso pode incluir a vedação de lixeiras e o descarte adequado de resíduos orgânicos.
  • Vedação de acessos:
  • Inspecionar e vedar frestas, buracos e vãos em muros, paredes externas da casa, pisos, rodapés e fundações.
  • Instalar telas de proteção em ralos de pias, banheiros e áreas de serviço, bem como em janelas e portas que permanecem abertas.
  • Cuidado com água e umidade:
    Evitar o acúmulo de água em recipientes, pois pode atrair insetos e outros animais que servem de presa.
  • Corrigir vazamentos e problemas de umidade excessiva, já que escorpiões buscam locais úmidos.

A combinação dessas práticas de manejo ambiental é significativamente mais eficaz do que depender exclusivamente de plantas supostamente repelentes.

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Embora a ideia de utilizar plantas para repelir cobras e escorpiões seja atraente pela sua simplicidade e apelo natural, as evidências científicas que sustentam a eficácia direta da maioria das espécies vegetais para este fim são escassas ou inconclusivas.

A estratégia mais confiável para minimizar a presença desses animais peçonhentos em quintais reside na adoção de um conjunto de medidas de manejo ambiental, focadas na eliminação de abrigos, na redução de fontes de alimento e na vedação de possíveis pontos de entrada.

Compreender o comportamento desses animais e as condições que os atraem é fundamental para implementar ações preventivas eficazes, promovendo um ambiente mais seguro para os moradores.
 

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