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Projeto busca revelar se de fato a Arca de Noé existiu e onde ela estaria após o dilúvio

Equipe afirma ter identificado estruturas incomuns em formação rochosa na Turquia; grupo usa tecnologia de varredura subterrânea para investigar local ligado há décadas à lenda bíblica

Júlia Morgado

Publicado em 13/11/2025 às 12:16

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Formação de Durupınar, na Turquia, investigada pelo projeto Noah's Ark Scans como possível vestígio da chamada 'Arca de Noé' / Noahsarkscans.com

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O grupo responsável pelo projeto Noah’s Ark Scans, composto por pesquisadores americanos e turcos, estuda a formação geológica de Durupınar, localizada no leste da Turquia. A equipe afirma que o local pode conter indícios relacionados à estrutura conhecida como “Arca de Noé” e vem divulgando análises e varreduras realizadas nos últimos anos.

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O projeto se dedica, desde 2019, a aplicar tecnologias modernas de escaneamento e análise de solo para entender se a formação é um fenômeno natural ou se algum tipo de estrutura feita pelo homem está enterrada ali.

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Porém, as escavações ainda não começaram:

“As escavações no ‘sítio do barco’ ainda não começaram porque primeiro precisamos de mais levantamentos geofísicos, perfurações e um planejamento cuidadoso. O local fica em uma área de fluxo de terra ativo com invernos rigorosos, então proteger a área é nossa principal prioridade. Nos próximos anos, nossos parceiros universitários turcos realizarão testes não destrutivos, como amostragem de solo, varreduras por radar e outros métodos, para determinar se as estruturas que detectamos são realmente feitas pelo homem ou simplesmente formações naturais. Somente depois de reunirmos evidências suficientes e termos um plano de preservação adequado em vigor, consideraremos a possibilidade de escavação”,  diz comunicado oficial do projeto.

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Entrada do sítio de Durupınar, próximo ao Monte Ararat, onde uma formação rochosa em formato de barco foi identificada em 1959 pelo capitão İlhan Durupınar/ Noahsarkscans.com
Entrada do sítio de Durupınar, próximo ao Monte Ararat, onde uma formação rochosa em formato de barco foi identificada em 1959 pelo capitão İlhan Durupınar/ Noahsarkscans.com
Imagem aérea do sítio de Durupınar em 1956, localizada em arquivos de mapeamento; a formação em formato de barco foi identificada em 1959 por İlhan Durupınar/ Noahsarkscans.com
Imagem aérea do sítio de Durupınar em 1956, localizada em arquivos de mapeamento; a formação em formato de barco foi identificada em 1959 por İlhan Durupınar/ Noahsarkscans.com
Foto aérea da formação em 1959, ano em que o capitão İlhan Durupınar reconheceu o formato semelhante ao casco de um barco/ Noahsarkscans.com
Foto aérea da formação em 1959, ano em que o capitão İlhan Durupınar reconheceu o formato semelhante ao casco de um barco/ Noahsarkscans.com
Registro da expedição de Wilbur Bishop em 1960 ao sítio de Durupınar, um dos primeiros grupos a visitar o local após a descoberta/ Noahsarkscans.com
Registro da expedição de Wilbur Bishop em 1960 ao sítio de Durupınar, um dos primeiros grupos a visitar o local após a descoberta/ Noahsarkscans.com
Fotografia feita em 1961 por Ara Güler mostrando a formação de Durupınar, já então associada à possível localização da Arca de Noé/ Noahsarkscans.com
Fotografia feita em 1961 por Ara Güler mostrando a formação de Durupınar, já então associada à possível localização da Arca de Noé/ Noahsarkscans.com
Vista aérea recente do sítio de Durupınar, nas montanhas de Ararat, mostrando a formação que segue sendo analisada com tecnologias como GPR, ERT e LiDAR/ Noahsarkscans.com
Vista aérea recente do sítio de Durupınar, nas montanhas de Ararat, mostrando a formação que segue sendo analisada com tecnologias como GPR, ERT e LiDAR/ Noahsarkscans.com

O que é o projeto Noah’s Ark Scans

O Noah’s Ark Scans é uma iniciativa científica independente criada para estudar, com ferramentas modernas, a formação de Durupınar — uma estrutura alongada que lembra o casco de um navio e que há mais de 60 anos alimenta debates entre arqueólogos, geólogos e grupos religiosos.

A equipe reúne pesquisadores especializados em arqueologia, geofísica e geologia, além de colaboradores de universidades turcas. Eles trabalham com métodos não invasivos, como radar de penetração no solo (GPR) e tomografia de resistividade elétrica (ERT), para mapear o que existe abaixo da superfície antes de qualquer perfuração ou escavação.

Segundo o grupo, esse cuidado é necessário porque o local fica em uma área instável, com deslizamentos naturais e invernos rigorosos.

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Veja como é o “sítio do barco”, em uma exploração com o professor bíblico Rick Renner e o pesquisador Andrew Jones, integrante do projeto: 

Como surgiu o interesse pela formação

A formação de Durupınar foi identificada em 1959 pelo capitão İlhan Durupınar durante análises aéreas na região leste da Turquia, próxima ao Monte Ararat.

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Com cerca de 157 metros de extensão, a estrutura chamou atenção por apresentar contornos que lembram um grande barco encalhado na encosta.

Segundo o projeto Noah’s Ark Scans, entre as décadas de 1970 e 1990, exploradores e cientistas turcos realizaram estudos no local, o que despertou interesse internacional.

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Situação atual

Anos depois, análises mais recentes com ERT (Electrical Resistivity Tomography), uma tomografia de resistividade elétrica, usada para identificar variações no subsolo, e GPR (Ground Penetrating Radar) um radar de penetração no solo, que funciona como um “raio-X” da terra, realizadas em 2014, 2019 e 2021 apontaram para estruturas lineares subterrâneas, ângulos retos e camadas internas diferenciadas, características que, segundo o grupo, contrastam com as formações rochosas naturais da região.

Em 2023, uma nova avaliação dos dados de GPR de 2019 indicou a presença de corredores e câmaras semelhantes a salas ao longo da formação. Testes de solo feitos na Turquia em 2024 mostraram que as amostras internas continham quase três vezes mais material orgânico do que as externas, o que, para a equipe, pode indicar vestígios de substâncias biológicas ou artificiais muito antigas.

Desde 2019, a equipe conjunta do projeto segue aplicando GPR, ERT e também LiDAR (Light Detection and Ranging), uma tecnologia que usa feixes de laser para criar modelos tridimensionais detalhados do terreno, além de análises químicas para determinar se Durupınar é uma dobra geológica natural ou um possível navio de madeira enterrado e degradado preservado nas montanhas de Ararat (Urartu).

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Em 19 de maio de 2025, o projeto divulgou uma atualização relacionada a um estudo realizado com testes de solo e uma reanálise de varreduras de radar de penetração no solo (GPR) de 2019, que demonstrou “evidências convincentes de uma estrutura única, potencialmente artificial, sob a superfície, distinta do fluxo de lama circundante”.

A equipe afirma ter detectado um corredor central de aproximadamente 71 metros e estruturas angulares que se estendem até 6 metros de profundidade, padrões que, segundo eles, são semelhantes a salas ou corredores.

Essas formações em ângulo reto, incomuns em processos geológicos naturais, sugerem um projeto intencional. Andrew Jones, pesquisador ligado ao projeto, declarou:

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“A reanálise confirma o que suspeitávamos: essas não são formas aleatórias no fluxo de lama. A presença de corredores e estruturas semelhantes a salas aponta para uma origem artificial para o formato de barco.”

De acordo com testes apresentados pelo projeto, realizados na Turquia em 2024, amostras coletadas dentro da formação apresentaram quase três vezes mais material orgânico do que as amostras externas, sugerindo a presença de vestígios de substâncias biológicas ou artificiais antigas.

O grupo afirma que essa diferença pode ser relevante para entender a origem da estrutura, embora não apresente conclusões definitivas.

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Debates continuam

Para o cristianismo, a Arca de Noé teria sido uma grande embarcação responsável por salvar a humanidade e os animais de um dilúvio há mais de 4.300 anos.

Embora muitos especialistas classifiquem a formação de Durupınar como uma anomalia geológica natural, a equipe do Noah’s Ark Scans afirma que os dados reunidos até agora justificam a continuidade das investigações sobre a possível origem artificial da estrutura.

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