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O despejo irregular dessa água pode trazer perigos ambientais, especialmente biológicos, e desestabilizar ecossistemas inteiros
Chamada água de lastro pode trazer riscos ambientais / Imagem gerada por inteligência artificial
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Quem já viu um navio cargueiro atracar em um porto na vida real deve ter se assustado com duas coisas: o tamanho do navio, que impressiona qualquer desavisado, e a água escorrendo do casco, muito acima do nível do mar. Mas você sabe por que eles jogam água?
Essa água é chamada de água de lastro. Pode ser salgada ou doce, mas sua função não está no uso em banheiros ou na cozinha do convés. Na verdade, essa água possui uma razão física, e mostra a inteligência por trás do nautidesign.
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Contudo, o despejo irregular dessa água também pode trazer perigos ambientais, especialmente biológicos, e desestabilizar ecossistemas inteiros. Entenda melhor sobre a água de lastro, sua função e riscos associados a ela.
A principal função dessa água é manter o peso do barco bem distribuído. Conforme a embarcação cruza os sete mares, a gasolina é queimada e ela se torna mais leve. Isso se torna um problema, principalmente quando a grande embarcação não está levando muita carga.
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Conforme fica mais leve, o nível do casco sobe (o que os marujos chamam de calado), e nessa subida zonas importantes, como o leme e as hélices, podem sair parcialmente da água. Quando isso acontece a navegação fica prejudicada.
Por isso, navios mais leves levam a água de lastro para compensar a perda de gasolina e não ter problemas com o nível do calado. Esse peso extra também garante estabilidade na hora de carregar ou descarregar o cargueiro.
Os navios cargueiros viajam o mundo inteiro, o que faz com que águas de diferentes localidades sejam utilizadas para a função de lastro. Com isso, microrganismos e até peixes de 30 centímetros são levados juntos.
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O despejo dessa água trazendo seres de outras localidades pode trazer grandes desequilíbrios ecológicos.
Alguns exemplos de espécies invasoras trazidas para o Brasil são o mexilhão-dourado e o coral-sol, que diminui a oferta de algas para outros seres e compete com corais brasileiros.
Além de inundar o ecossistema com espécies invasoras, águas contaminadas com agentes patogênicos também podem ser transportadas. Portanto, trata-se de uma questão de saúde pública.
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Segundo a Anvisa, a bactéria Vibrio cholerae, causadora da doença cólera, foi despejada no porto Paranaguá, Paraná, por meio de água de lastro. Isso gerou um surto com mais de 400 casos confirmados em humanos.
Visando proteger a população e os ecossistemas, em julho de 2025 a Justiça Federal manteve o direito da Agência Portuária de Santos de exigir laudo de segurança biológica da água de lastro despejada no porto de Santos.