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Inaugurado em 1825 como horto botânico, quando São Paulo tinha menos de 20 mil habitantes, o Jardim da Luz foi o primeiro espaço dedicado ao lazer dos moradores
O Jardim da Luz é o parque público mais antigo de São Paulo / Divulgação/Prefeitura de São Paulo
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O Jardim da Luz, parque público mais antigo de São Paulo, vai passar por uma ampla obra de restauro e requalificação anunciada pela Prefeitura. O investimento previsto é de R$ 20 milhões, com melhorias de acessibilidade, criação de novas entradas, renovação do parquinho e intervenções específicas nas áreas tombadas.
O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ashiuchi, afirma que o projeto marca uma nova etapa na preservação do espaço. Segundo ele, o Jardim da Luz é o sexto parque mais visitado da capital em 2025, com 1,5 milhão de entradas registradas até outubro.
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“É um espaço que merecia esse carinho e esse respeito. Celebrando os 200 anos do parque, teremos um investimento à altura do parque mais antigo da cidade”, disse.
Inaugurado em 1825 como horto botânico, quando São Paulo tinha menos de 20 mil habitantes, o Jardim da Luz foi o primeiro espaço dedicado ao lazer dos moradores. São 76,8 mil metros quadrados, o equivalente a 11 campos de futebol, de alamedas, sombras largas, lagos, esculturas e áreas de contemplação em pleno centro.
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Entre as árvores, destaca-se a Agathis robusta, com cerca de 40 metros de altura e mais de dois séculos de vida. A espécie é mais antiga que o próprio parque e se tornou um dos símbolos do local.
O Jardim da Luz já cumpriu várias funções ao longo dos séculos. Na primeira metade do século 19, foi um horto científico e jardim público. Em 1846, recebeu a visita do imperador Dom Pedro II. No fim do mesmo século, em 1883, foi palco da primeira demonstração de luz elétrica em São Paulo. Também abrigou o primeiro observatório meteorológico da cidade, uma torre de 20 metros apelidada de “Canudo do Dr. João Teodoro”.
O espaço enfrentou períodos de decadência no século 20, com falta de manutenção após a crise do café e reformas urbanas. A grande restauração iniciada em 1999 devolveu vitalidade à gruta, aos coretos, ao sistema hidráulico e aos espelhos d’água, abrindo caminho para a retomada do parque nos anos 2000 e 2010.
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A flora do parque reúne 192 espécies de árvores vasculares, incluindo pau-brasil, palmito-jussara, pinheiro-do-paraná e andá-açu, todas ameaçadas de extinção. Entre palmeiras, gimnospermas, alecrins-de-campinas e o tradicional roseiral, a vegetação funciona como refúgio ecológico em meio ao centro.
A fauna também é diversa: em 2021, foram registradas 98 espécies, sendo 80 aves, como martim-pescador-grande, carcarás, irerês, papagaios e beija-flores. O parque serve como uma “ilha verde” para aves florestais que cruzam a metrópole, como o tucano-de-bico-verde. Nos lagos, vivem carpas, tilápias e cágados-pescoço-de-cobra.
Os símbolos do bicentenário incluem a Casa de Chá, os coretos, a Casa do Administrador, a gruta e um conjunto de mais de 30 esculturas. Entre elas está a Herma de Garibaldi, inaugurada em 1910 e assinada por Emilio Gallori.
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O Jardim da Luz também divide limites com a Pinacoteca do Estado, um dos principais museus de arte do país. O traçado do parque mantém características originais mesmo após adaptações ao crescimento da cidade e ao surgimento de estruturas como a Estação da Luz.
A Prefeitura aumentou o orçamento anual destinado ao parque nos últimos anos. Os recursos, administrados pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, passaram de R$ 1,24 milhão em 2021 para R$ 1,58 milhão em 2025. O valor é usado em poda, limpeza, conservação de canteiros, manutenção de estruturas e vigilância.
As obras de restauro devem começar após conclusão dos trâmites licitatórios.
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