Diário Mais

País com 20 mil centenários investiga um em específico: este homem tem 180 descendentes

Pesquisas recentes exploram como a coesão familiar e a resistência cerebral podem ser chaves para uma vida excepcionalmente longa

Júlia Morgado

Publicado em 23/09/2025 às 11:56

Atualizado em 23/09/2025 às 11:57

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

112 anos de histórias: Julio Enrique Saldarriaga, o homem mais longevo da Colômbia, inspira ciência e família com seus 180 descendentes / Reprodução Facebook/Colombia One

Continua depois da publicidade

Em El Carmen de Viboral, um pequeno município do oriente antioquenho, a figura de Julio Enrique Saldarriaga Hernández se transformou em símbolo de longevidade e vitalidade.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Com 112 anos recém-completados, ele ostenta o título de homem mais longevo da Colômbia, validado pelo Gerontology Research Group (GRG), que o reconhece como um dos dois supercentenários vivos no país.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Fenômeno social deprimente faz idosos cometerem crimes de propósito e buscarem prisão

• Pesquisa indica que 14% dos idosos de SP sofrem de fragilidade física e mental

• Sede invisível: por que os idosos correm mais risco de desidratação

Sua trajetória vai além da curiosidade: despertou o interesse científico e social, que busca compreender os fatores que lhe permitiram atravessar mais de um século de vida.

A identidade de Julio Enrique Saldarriaga comprova seus 112 anos de história e resistência/ Reprodução Facebook/Colombia One
A identidade de Julio Enrique Saldarriaga comprova seus 112 anos de história e resistência/ Reprodução Facebook/Colombia One
Com vitalidade e paixão pelo futebol, Saldarriaga celebra mais de um século de vida rodeado por família e comunidade/ Reprodução Facebook/Colombia One
Com vitalidade e paixão pelo futebol, Saldarriaga celebra mais de um século de vida rodeado por família e comunidade/ Reprodução Facebook/Colombia One
Símbolo de longevidade na Colômbia, Saldarriaga inspira gerações com sua trajetória marcada por trabalho, família e bom humor/ Reprodução Facebook/Ver Más+ Tv
Símbolo de longevidade na Colômbia, Saldarriaga inspira gerações com sua trajetória marcada por trabalho, família e bom humor/ Reprodução Facebook/Ver Más+ Tv

Infância e juventude

Saldarriaga nasceu em 30 de julho de 1913, em Cocorná, Antioquia, numa família numerosa de dez irmãos. Desde cedo trabalhou no campo. Aos 10 anos já queimava carvão e serrava madeira, caminhando longas distâncias para vender a produção nos povoados vizinhos.

Continua depois da publicidade

Apesar da exposição constante ao carvão vegetal, nunca sofreu problemas pulmonares, algo que atribui a um curioso remédio caseiro: banhos de aguardente, tanto na pele quanto na garganta.

Com o tempo, diversificou os ofícios e passou a produzir tapetusa, um licor artesanal feito a partir da fermentação e destilação da panela. Vendia o produto em longas viagens, enfrentando até situações lendárias, como supostos encontros com o “diabo pelietas” durante as noites de trabalho.

Aos 17 anos conheceu María Calista García, com quem se casou em 1935 após um longo namoro. O casal teve 19 filhos e, ao longo das gerações, a família cresceu para 180 descendentes, entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos. María Calista faleceu há 12 anos, quase aos 100 anos, mas continua presente nas memórias de Saldarriaga.

Continua depois da publicidade

Vida social e rotina

O ambiente familiar e comunitário sempre foi central em sua vida. Até 2020, Saldarriaga ainda se deslocava sozinho pelas ruas de El Carmen de Viboral, conversando com vizinhos e amigos.

A pandemia afetou sua mobilidade, mas ele se adaptou com o uso de cadeira de rodas e o apoio da filha Ubiter e das netas Nelly e Marleny, que cuidam dele diariamente.

Respeitado como uma celebridade local, gosta de encontros sociais no bar de sua preferência, sempre acompanhado de música e um copo de rum.

Continua depois da publicidade

O jornal El Colombiano conversou com Julio Enrique: 

A ciência por trás da longevidade

Casos como o de Saldarriaga chamam cada vez mais a atenção da ciência. Pesquisas, especialmente da Universidade de Chicago, apontam que, a partir dos 80 anos, relacionamentos sociais sólidos se tornam fator determinante para a longevidade.

Famílias unidas, amizades duradouras e vida comunitária ativa são características comuns entre supercentenários. Isso contrasta com a realidade atual da Colômbia, onde 34,7% da população afirma não ter nenhuma rede de apoio, o que ressalta ainda mais a excepcionalidade do caso de Saldarriaga.

Continua depois da publicidade

Além do ambiente social, a genética também desempenha papel crucial. Cientistas observaram que supercentenários apresentam regiões cerebrais como o hipocampo e a corteza entorrinal mais resistentes ao envelhecimento. Essas áreas, responsáveis pela memória e pelo aprendizado, preservam-se em melhores condições do que em pessoas comuns.

Embora o DNA de Saldarriaga não tenha sido estudado diretamente, sua família sugere predisposição genética: o pai viveu até os 75 anos, a mãe até os 90, o irmão mais novo já tem 95, e sua esposa quase chegou ao século. Sua filha mais velha tem hoje 88 anos.

Veja também o investimento do mercado imobiliário em em prédios para 'idosos de luxo'.

Continua depois da publicidade

Perspectivas futuras

O interesse científico pela longevidade na Colômbia vem crescendo. Em 2022 foi concluída a sequência completa do genoma humano, e, em 2023, universidades colombianas realizaram as primeiras sequenciações de centenários do país. O objetivo é avançar em direção a uma medicina preditiva, capaz de antecipar e tratar doenças ligadas ao envelhecimento.

Hoje, a Colômbia conta com 19.400 pessoas com mais de 100 anos, número que mostra uma transformação demográfica. Mas a história de Saldarriaga destaca como a longevidade depende da combinação entre genética, ambiente social, experiências de vida e até do acaso de sobreviver às dificuldades de um país marcado por violência e crises.

Com bom humor, Saldarriaga encerra suas conversas com um convite simples: “Vamos tomar mais um trago”. Uma frase que resume sua vitalidade e deixa aberta a expectativa de muitas histórias ainda por vir.

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software