Há 7 metros abaixo da catedral está a misteriosa cripta / Imagem ilustrativa / Imagem criada por IA
Continua depois da publicidade
No coração frenético de São Paulo, onde buzinas, passos e pregões se misturam em um coro urbano incessante, existe um lugar onde o som não chega. A apenas alguns metros do Marco Zero, uma escadaria discreta conduz a outra dimensão: a cripta da Catedral Metropolitana da Sé, um espaço oculto a 7 metros abaixo do chão, tão próximo do cotidiano quanto afastado da compreensão.
Poucos paulistanos sabem que, sob a imponente catedral neogótica, repousa uma estrutura monumental, considerada uma das maiores criptas da América Latina. Ali, entre 12 mil metros cúbicos de mármore e granito, espalham-se túmulos, esculturas e símbolos que remetem a histórias pouco contadas — e outras que ninguém ousa confirmar.
Continua depois da publicidade
Inaugurada em 1919, a cripta abriga restos mortais de figuras cruciais da história brasileira, como o cacique Tibiriçá — um dos primeiros indígenas convertidos ao cristianismo — e Bartolomeu de Gusmão, o padre-cientista que sonhou com máquinas voadoras. Esses personagens compartilham o espaço com bispos, padres e autoridades que marcaram a vida religiosa e política do país.
Mas não são apenas nomes importantes que alimentam o fascínio. São as histórias em torno deles — algumas oficiais, muitas sussurradas — que transformam o local em um território intrigante.
Continua depois da publicidade
Ao descer as escadas, visitantes encontram um ambiente frio, silencioso e marcado por esculturas de tamanho real representando cenas bíblicas de julgamento e renascimento. As colunas maciças e a iluminação indireta criam uma sensação de profundo recolhimento… ou inquietação.
Funcionários relatam que, durante a noite, o som ecoa de maneira peculiar, e passos parecem vir de corredores inexistentes. Embora nada seja oficialmente declarado pela Arquidiocese, antigos relatos de vigias alimentam uma mística que atravessa décadas.
Entre as histórias que circulam, uma delas persiste: a existência de uma porta lateral, lacrada há muito tempo, que daria acesso a um setor não mapeado da cripta. Documentos antigos, guardados em arquivos eclesiásticos, mencionariam uma “galeria secundária” planejada para sepultamentos que nunca chegaram a ocorrer. Ninguém confirma. Ninguém nega.
Continua depois da publicidade
Apesar do caráter mortuário, o espaço continua servindo como palco para visitas educativas, missas especiais e cerimônias raras. A cada grupo que desce, novos olhares percorrem as paredes centenárias — e muitas vezes encontram algo a mais.
Alguns saem impressionados com a arquitetura. Outros, com as figuras históricas. Mas há aqueles que relatam sentir a estranha sensação de serem observados.
Acima, a catedral pulsa com turistas, fiéis e moradores que atravessam apressados a Praça da Sé. Abaixo, o tempo parece suspenso. A cripta permanece ali, intacta, silenciosa e carregada de símbolos que conversam com quem se dispõe a ouvir.
Continua depois da publicidade
Em uma metrópole que se reinventa diariamente, a cripta da Sé resiste como um lembrete do passado — e como um enigma que continua atraindo curiosos, pesquisadores e amantes do mistério.