A mosca-de-banheiro (Psychoda cinerea) é presença frequente em ralos e azulejos, discreta e inofensiva, mas pode indicar que está na hora de reforçar a limpeza / Foto gerada por IA/Openai
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Pequena, peluda e quase sempre ignorada, a Psychoda cinerea, popularmente chamada de mosca-de-banheiro, é presença frequente em ralos, caixas de gordura e cantos úmidos das casas. Com apenas 2 a 5 milímetros, corpo acinzentado coberto por pelos e asas em formato de coração, o inseto pode até lembrar uma mariposa em miniatura, mas sua rotina está muito mais ligada ao saneamento do que ao voo noturno das “primas” notáveis.
Cosmopolita, a mosca-de-banheiro ocorre em quase todo o planeta, com exceção das regiões de frio extremo, como a Antártida. Só no Brasil, já são registradas 540 espécies da família Psychodidae, que conta com mais de 3 mil em todo o mundo. O hábito de viver próximo ao ser humano rendeu ao inseto o título de espécie sinantrópica, ou seja, aquela que se adapta aos ambientes urbanos criados por nós.
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Veja também por que a presença desses pequenos insetos em casa pode ser um aviso importante.
Embora desperte certo incômodo, a Psychoda cinerea tem papel ecológico importante. Durante a fase larval, que dura cerca de 15 dias até a fase adulta, alimenta-se de matéria orgânica em decomposição, como restos de pele e fios de cabelo. Nos ralos, atua quase como uma “faxineira biológica”, ajudando a reduzir o acúmulo de lodo. Já na fase adulta, pode se nutrir de resíduos de gordura corporal que se acumulam em boxes de banheiro.
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Na natureza, seus hábitos alimentares são menos desagradáveis aos olhos humanos: preferem o consumo de lodo e outros materiais orgânicos presentes em áreas úmidas.
Apesar de não transmitir doenças, a mosca-de-banheiro pode indicar que algo não vai bem. Uma infestação doméstica costuma ser sinal de encanamentos mal higienizados ou presença de biofilme em ralos. Em ambientes hospitalares ou cozinhas industriais, a preocupação aumenta: ao pousar em superfícies contaminadas, o inseto pode carregar microrganismos para áreas que exigem máxima assepsia.
Por isso, especialistas recomendam medidas simples de controle, como faxinas semanais, limpeza mecânica dos ralos e até uso de produtos enzimáticos que eliminam o acúmulo de matéria orgânica, uma alternativa mais sustentável ao uso contínuo de desinfetantes químicos.
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O canal Pido Biologia fala sobre a mosca:
Na cadeia alimentar, a Psychoda cinerea serve de refeição para aranhas papa-mosca (Menemerus bivittatus) e lagartixas-domésticas (Hemidactylus mabouia). Do ponto de vista evolutivo, integra a ordem Diptera, a mesma de mosquitos e pernilongos. Entre seus “primos” próximos está o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), vetor da leishmaniose, uma infecção grave causada por protozoário que, segundo o Ministério da Saúde, pode ser fatal na maioria dos casos.
Em inglês, a Psychoda é conhecida como moth fly, referência ao aspecto aveludado das asas. O inseto também tem relevância científica: em pesquisas ambientais, suas larvas já foram usadas como bioindicadores da qualidade da água em sistemas de tratamento de esgoto, uma vez que prosperam em locais ricos em matéria orgânica.
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Assim, entre a fama de “mariposinha incômoda” e a função de faxineira invisível, a Psychoda cinerea mostra que até os seres mais discretos podem ter um impacto significativo, seja indicando que é hora de reforçar a limpeza de casa ou revelando segredos sobre o equilíbrio ecológico urbano.