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O erro comum que os tutores cometem ao tentar acalmar cães no Ano-Novo

Conheça algumas estratégias para proteger cães do estresse causado pelos fogos de artifício nas festas de fim de ano

Júlia Morgado

Publicado em 31/12/2025 às 06:09

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Cães com fobia de fogos de artifício precisam de cuidado, preparo e acolhimento para atravessar as festas com menos medo e estresse / Gerado por IA/Gemini

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O barulho dos fogos de artifício costuma transformar o Ano-Novo em um momento de tensão para muitos cães, e de preocupação para seus tutores.

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Estalos altos, repetitivos e imprevisíveis podem provocar pânico, tremores, tentativas de fuga e até acidentes dentro de casa. A boa notícia é que, com planejamento e informação, dá para minimizar o impacto e atravessar a data com mais tranquilidade.

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A seguir, veja como preparar o ambiente, escolher recursos adequados e agir de forma responsável antes, durante e depois dos fogos.

Por que os fogos afetam tanto os cães?

O medo de fogos não é exagero, os cães têm audição muito mais sensível do que a humana e não conseguem compreender a origem do barulho, interpretando-o como uma ameaça real.

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Isso ativa o sistema nervoso, aumenta a liberação de adrenalina e cortisol e desencadeia reações como respiração acelerada, taquicardia e comportamento de fuga.

Quando há experiências negativas repetidas, a fobia tende a se intensificar ano após ano, tornando a prevenção ainda mais importante.

Como preparar a casa antes da noite de fogos

A preparação do ambiente é o primeiro e mais importante passo. O ideal é começar alguns dias antes, para que o cachorro se familiarize com o espaço e não associe o local apenas ao momento de pânico.

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  • Escolha um cômodo mais silencioso, afastado da rua
  • Feche portas, janelas e cortinas para reduzir som e clarões
  • Nunca deixe o animal preso em varanda, quintal aberto ou amarrado
  • Garanta que ele esteja identificado, com coleira e plaquinha com telefone do tutor

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Feromônios e estímulos calmantes funcionam?

Difusores e coleiras com feromônios sintéticos podem ajudar a criar um clima mais acolhedor. Eles imitam o odor liberado pelas cadelas para tranquilizar os filhotes e costumam funcionar melhor quando usados com antecedência, no ambiente onde o cão ficará durante os fogos.

Esses recursos não “apagam” o medo, mas ajudam a reduzir a intensidade do estresse quando combinados a outras estratégias.

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Calmantes naturais: quando usar e com quais cuidados?

Calmantes naturais podem ajudar cães que ficam mais ansiosos ou estressados. Suplementos com valeriana, camomila, passiflora ou triptofano costumam diminuir o nervosismo, principalmente quando usados junto com treinos para acostumar o animal aos barulhos.

Mesmo sendo naturais, esses produtos precisam de orientação do veterinário. Assim, é possível evitar efeitos colaterais, uso inadequado ou combinações que façam mal ao cachorro.

Canabidiol pode ser uma opção?

O canabidiol vem sendo estudado como alternativa para cães com fobia intensa de fogos. Ele atua no sistema endocanabinoide e pode ajudar a modular a resposta ao estresse, o sono e o humor.

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O uso só deve ser considerado após avaliação veterinária, já que a resposta varia de animal para animal e a dosagem precisa ser ajustada com cuidado e antecedência.

Crie um refúgio seguro para o cachorro

Um refúgio seguro é um espaço que transmite previsibilidade e conforto. Prepare o local com caminha, mantas, brinquedos favoritos e objetos com o cheiro do tutor. O ideal é apresentar esse espaço em momentos tranquilos, reforçando associações positivas.

Durante os fogos, permaneça por perto, com postura calma e voz suave. Evite prender o cão à força ou reforçar o medo com excesso de atenção ao pânico.

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Sons ambientes ajudam a abafar os fogos

Colocar sons ambientes pode ser uma solução prática para ajudar o cachorro a lidar com os fogos. Música suave, televisão ligada, ventilador ou até playlists de ruído branco ajudam a criar um som contínuo, que disfarça os estouros e reduz o impacto dos barulhos repentinos.

Cada cão reage de um jeito: alguns ficam mais tranquilos com músicas calmas, enquanto outros se sentem melhor com sons neutros ou  músicas específicas para pets. O ideal é testar essas opções antes das festas e deixar tudo organizado para a noite em que os fogos forem mais intensos.

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Enriquecimento ambiental para distrair e acalmar

Atividades tranquilas ajudam o cão a focar em estímulos positivos nos momentos mais críticos:

Tapetes olfativos e brinquedos recheáveis ajudam a manter o cachorro entretido por mais tempo/ senivpetro/Freepik
Tapetes olfativos e brinquedos recheáveis ajudam a manter o cachorro entretido por mais tempo/ senivpetro/Freepik
Espalhar petiscos pela casa estimula o faro e incentiva a busca de forma divertida/ Gerado por IA/OpenAI
Espalhar petiscos pela casa estimula o faro e incentiva a busca de forma divertida/ Gerado por IA/OpenAI
Itens de mastigação mais duradoura contribuem para o relaxamento e o conforto do animal/ Freepik
Itens de mastigação mais duradoura contribuem para o relaxamento e o conforto do animal/ Freepik

Bandagem calmante

A técnica de Tellington Touch utiliza uma bandagem que exerce uma pressão leve e contínua no corpo do cachorro. Esse estímulo pode trazer sensação de segurança e ajudar alguns cães a ficarem mais calmos em situações estressantes, como durante os fogos. Ela deve ser usada como apoio, junto com um ambiente preparado e, quando indicado, ao uso de calmantes

Como aplicar?

  1. Use faixa de crepom larga (daquelas de farmácia, para atadura). Evite faixas muito finas;
  2. Faça um cruzamento em formato de “X” sobre o peito e as costas do animal, passando pela barriga;
  3. Amarre na lateral do corpo, o ideal é conseguir colocar dois dedos entre a faixa e a pele, o cão também precisa se movimentar livremente;
  4. Comece usando por poucos minutos, sempre em momentos tranquilos, para que o cachorro se acostume e se movimente com liberdade.

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Quando recorrer a medicamentos?

Medicamento para cachorro com fobia de fogos, como o Sileo, pode ser necessário em casos graves. Esses fármacos reduzem a resposta de pânico sem imobilizar o animal, desde que prescritos corretamente.

A consulta veterinária é obrigatória, e acepromazina não deve ser usada, pois apenas seda o cão, mantendo o medo. Agende a avaliação semanas antes das festas para testar dose e efeito com segurança.

Em situações mais severas de medo de fogos, o uso de medicação específica para cães,  como o Sileo, pode ser indicado. Esses tipos de remédios atuam diretamente na redução do pânico e da ansiedade, ajudando o animal a lidar melhor com o estresse sem deixá-lo imóvel ou excessivamente sedado, sempre com prescrição adequada.

A avaliação com um médico-veterinário é indispensável nesses casos. Medicamentos apenas sedativos, como a acepromazina, não são recomendados, pois podem mascarar o medo sem resolvê-lo. O ideal é procurar orientação com antecedência, para ajustar a dose correta e observar a resposta do cão antes do período das festas.

Vale a pena sair da cidade?

Levar o cachorro para um lugar mais tranquilo durante as festas pode ser uma boa alternativa para animais muito sensíveis aos fogos. Sítios, áreas rurais ou regiões de serra geralmente têm menos barulho e oferecem um ambiente mais calmo para a noite passar sem sustos.

Para que a experiência seja positiva, é importante se organizar com antecedência. Leve a caminha, brinquedos, a ração de sempre e, se necessário, os medicamentos indicados pelo veterinário.

Também vale conferir se o local é seguro e bem fechado, evitando novos estresses, como contato com animais desconhecidos ou mudanças bruscas demais no ambiente.

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Treino de dessensibilização: solução a longo prazo

A dessensibilização progressiva é uma das formas mais eficazes de reduzir o medo ao longo do tempo. Ela consiste em expor o cão a sons de fogos gravados, em volume muito baixo, sempre associados a experiências positivas.

O som é aumentado gradualmente, respeitando os limites do animal. O objetivo não é fazer o cão “gostar” dos fogos, mas tolerá-los sem entrar em pânico.

Cuidar é prevenir

Proteger o cachorro dos fogos de artifício é um gesto de responsabilidade e afeto. Ambiente seguro, preparo antecipado, orientação veterinária e reforço positivo fazem toda a diferença para que o Réveillon seja mais tranquilo, para o seu pet e para você.

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