Eduardo Paziam cultiva espécies nativas em canteiros do centro de São Paulo, levando um pedaço da mata atlântica para o coração da cidade / Reprodução Instagram/@projetopazipe
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Entre o concreto, os carros e o ritmo frenético da capital paulista, um novo movimento verde começa a florescer. O projeto Pazipê quer devolver à cidade um pouco da exuberância da mata atlântica, transformando pequenos canteiros e espaços públicos do centro em áreas com vegetação nativa.
Idealizado por Eduardo Paziam, ex-designer têxtil com carreira internacional, o projeto já tomou forma em pontos como a avenida São Luís e a esquina da avenida Ipiranga com a rua Basílio Gomes, a poucos metros da estação República do Metrô.
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Nos canteiros, agora crescem espécies como iresines, clúsias e ora-pro-nóbis, além de uma muda de ipê-amarelo — árvore símbolo da flora brasileira. Veja algumas fotos de Eduardo cuidando dos canteiros:
A ação conta com apoio da Prefeitura de São Paulo, da Secretaria do Meio Ambiente, de comerciantes locais e de moradores, embora ainda enfrente desafios financeiros para custear a manutenção e novas implantações.
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"Quando você chega no jardim, você sente já uma coisa diferente. Tudo muda.", diz Paziam, que acredita no poder transformador do verde no espaço urbano.
Natural de Araçatuba (SP), ele sempre teve uma ligação com a natureza. Escoteiro desde os 10 anos, trocou o apelido “Risada” por uma trajetória de quase 30 anos no design têxtil, passando por 25 fábricas em nove países da Europa e da Ásia.
Veja também: "Amazônia Paulista", no litoral de SP, tem mais de 70% de Mata Atlântica.
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A virada de chave aconteceu em 2020, durante a pandemia. Vivendo na China, decidiu voltar para sua cidade natal. De volta ao interior paulista, ele reencontrou suas origens e uma nova forma de enxergar a vida.
Ao completar 50 anos, decidiu dar uma pausa definitiva na carreira. Vendeu o carro, passou um período com o pai e embarcou em uma jornada pelo mundo. Viveu por um mês em diferentes países da Europa e, depois, passou um ano em Londres ao lado do irmão e de sua família.
Foi na capital britânica que se aprofundou no universo das plantas, ao realizar cursos no Jardim Botânico local — onde aprendeu sobre espécies nativas e jardins de chuva.
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De volta ao país, fundou oficialmente o Pazipê em 2023, embora já cultivasse ipês no centro desde 2017 — um deles cresceu por 15 anos em sua varanda antes de ser doado ao projeto.
Alunas do Instituto Presbiteriano Mackenzie em São Paulo, entrevistaram Eduardo sobre o projeto:
O que começou como um jardim ornamental quer virar uma floresta urbana, com a ajuda do venezuelano Francisco Alejandro, jardineiro paisagista que conheceu pela internet.
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"Ele era apaixonado pela mata atlântica e virou mais meu professor do que meu assistente. Ele falou: ‘Vamos fazer uma floresta, mas só com espécies nativas da mata atlântica’", lembra Paziam.
Hoje, o Pazipê segue firme com o propósito de recolorir São Paulo, levando um pouco de floresta para o coração da cidade — e lembrando que o futuro pode (e precisa) ser mais verde. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, restam apenas 24% da vegetação original do bioma no Brasil, sendo 12,4% bem preservada.
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