Com águas congeladas praticamente o ano todo, o mar de Weddell é um dos lugares mais inacessíveis aos seres humanos / Michael Studinger/Wikimedia Commons
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O Mar de Weddell Ocidental, próximo à costa da Antártida, é um dos lugares mais difíceis do mundo para navegação.
Suas águas permanecem quase congeladas durante todo o ano, e o fundo do mar está coberto por uma espessa camada de gelo.
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Para explorar essa região, foi lançada, em 2019, a Weddell Sea Expedition, uma missão equipada com tecnologia de ponta em robótica submarina.
Entre os instrumentos utilizados estava o “Lassie”, um robô controlado remotamente capaz de alcançar partes do oceano inacessíveis aos seres humanos.
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Embora o objetivo inicial fosse encontrar os destroços do famoso navio Endurance, de Sir Ernest Shackleton, a expedição revelou uma surpresa inesperada: mais de mil ninhos de peixe, organizados de maneira meticulosa no fundo do mar.
A revelação impressionou os cientistas não apenas pela quantidade, mas também pela complexidade do arranjo dos ninhos.
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“Houve discussões acaloradas a bordo sobre o que poderiam ser aquelas covinhas na areia, já que eram tão nítidas e limpas, em nítido contraste com o tapete verde de fitoplâncton ao redor”, disse Russ Connelly, um dos pesquisadores, ao IFLScience.
Segundo ele, os responsáveis pela estrutura são os peixes-do-gelo (Lindbergichthys nudifrons), também conhecidos como bacalhau-amarelo – uma espécie capaz de sobreviver nas águas geladas e escuras do oceano Antártico.
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A disposição dos ninhos segue o que os cientistas chamam de “teoria do rebanho egoísta”.
Nela, os ninhos centrais ficam mais protegidos contra predadores, enquanto os localizados nas bordas pertencem aos peixes maiores e mais fortes, capazes de se defender melhor.
O estudo que detalha o comportamento dos peixes-do-gelo foi publicado na revista científica Frontiers in Marine Science.
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A descoberta mostra a relevância ecológica do Mar de Weddell e desafia a antiga ideia de que essa região seria um ambiente sem vida.
Os padrões de organização dos ninhos também revelam novas pistas sobre as estratégias de adaptação dos organismos marinhos a condições extremas.
Sendo assim, as informações podem orientar futuras ações de preservação do Mar de Weddell, um dos ecossistemas mais extremos e fascinantes do planeta.
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Por Vitoria Estrela