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Nem toda distração ou falta de foco é TDAH, portanto, pare de se autodiagnosticar

Se identificar com os sintomas não significa que você tenha o transtorno

Jeferson Marques

Publicado em 14/09/2025 às 10:44

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Dizer que tem TDAH sem passar por um psicólogo ou psiquiatra é apenas achismo / Imagem gerada por IA

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Nas redes sociais, não é difícil encontrar alguém dizendo que “tem TDAH”. Entre memes e relatos pessoais, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade parece ter virado parte do vocabulário cotidiano. Mas afinal, até que ponto isso é informação — e quando passa a ser banalização?

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Especialistas alertam

O psiquiatra Caio Coutinho, em artigo no Portal Drauzio Varella, afirma que o autodiagnóstico virou uma prática comum, mas perigosa. “As pessoas tiram conclusões com base em observações superficiais e acabam atrasando um diagnóstico correto ou até se tratando de forma equivocada”, explica.

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A psicóloga Clarissa Mendonça Corradi Webster, professora da USP, reforça que a exposição nas redes ajuda a falar mais sobre saúde mental, mas também cria riscos. “O TDAH é representado tanto em memes quanto em posts sérios, o que pode banalizar a gravidade real do transtorno”, disse em entrevista ao Jornal da USP.

Autodiagnóstico e redes sociais

Um levantamento publicado na Revista FT mostrou que, no Twitter, muitas pessoas usam a rede para se “autodiagnosticar” com TDAH. Algumas acabam subestimando sintomas, outras superestimam, e não faltam casos de automedicação.

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Para a Prof. Dra. Márcia Gonçalves, da UNITAU, esse cenário é preocupante: “Conteúdos sem embasamento científico podem atrapalhar quem realmente precisa de acompanhamento profissional. O diagnóstico exige avaliação detalhada e personalizada”, afirma.

Diagnóstico leva tempo

De acordo com manuais internacionais, como o DSM-5, não basta se sentir distraído ou ansioso para receber o diagnóstico de TDAH. É preciso que os sintomas se repitam desde a infância, apareçam em diferentes contextos (como casa, escola e trabalho) e tragam prejuízos concretos para a vida da pessoa.

Um estudo citado pelo Medscape mostrou ainda que quase metade dos vídeos sobre TDAH no TikTok traziam informações desalinhadas com a ciência — mais um motivo para desconfiar de “testes rápidos” e explicações simplistas.

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Informação sim, banalização não

Falar sobre TDAH é importante, porque dá visibilidade a quem sofre com o transtorno. Mas os especialistas são unânimes: diagnóstico sério só pode ser feito por profissionais de saúde.

Enquanto isso, vale a reflexão: será que todo mundo tem TDAH mesmo ou estamos apenas usando o termo para descrever distrações típicas da vida moderna?

 

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