Dizer que tem TDAH sem passar por um psicólogo ou psiquiatra é apenas achismo / Imagem gerada por IA
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Nas redes sociais, não é difícil encontrar alguém dizendo que “tem TDAH”. Entre memes e relatos pessoais, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade parece ter virado parte do vocabulário cotidiano. Mas afinal, até que ponto isso é informação — e quando passa a ser banalização?
O psiquiatra Caio Coutinho, em artigo no Portal Drauzio Varella, afirma que o autodiagnóstico virou uma prática comum, mas perigosa. “As pessoas tiram conclusões com base em observações superficiais e acabam atrasando um diagnóstico correto ou até se tratando de forma equivocada”, explica.
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A psicóloga Clarissa Mendonça Corradi Webster, professora da USP, reforça que a exposição nas redes ajuda a falar mais sobre saúde mental, mas também cria riscos. “O TDAH é representado tanto em memes quanto em posts sérios, o que pode banalizar a gravidade real do transtorno”, disse em entrevista ao Jornal da USP.
Um levantamento publicado na Revista FT mostrou que, no Twitter, muitas pessoas usam a rede para se “autodiagnosticar” com TDAH. Algumas acabam subestimando sintomas, outras superestimam, e não faltam casos de automedicação.
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Para a Prof. Dra. Márcia Gonçalves, da UNITAU, esse cenário é preocupante: “Conteúdos sem embasamento científico podem atrapalhar quem realmente precisa de acompanhamento profissional. O diagnóstico exige avaliação detalhada e personalizada”, afirma.
De acordo com manuais internacionais, como o DSM-5, não basta se sentir distraído ou ansioso para receber o diagnóstico de TDAH. É preciso que os sintomas se repitam desde a infância, apareçam em diferentes contextos (como casa, escola e trabalho) e tragam prejuízos concretos para a vida da pessoa.
Um estudo citado pelo Medscape mostrou ainda que quase metade dos vídeos sobre TDAH no TikTok traziam informações desalinhadas com a ciência — mais um motivo para desconfiar de “testes rápidos” e explicações simplistas.
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Falar sobre TDAH é importante, porque dá visibilidade a quem sofre com o transtorno. Mas os especialistas são unânimes: diagnóstico sério só pode ser feito por profissionais de saúde.
Enquanto isso, vale a reflexão: será que todo mundo tem TDAH mesmo ou estamos apenas usando o termo para descrever distrações típicas da vida moderna?
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