Achado desperta interesse de pesquisadores e curiosos / Freepik
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Um vestígio do passado ressurgiu nas profundezas de Salvador, na Bahia. Trata-se do Belmonte, navio de 36,9 metros de comprimento, construído na Alemanha em 1914, que naufragou na Baía de Todos-os-Santos no ano de 1941.
Segundo o mergulhador e médico László Mocsári, que reportou a descoberta ao projeto Naufrágios do Brasil, o Belmonte atuava no transporte de cargas entre diferentes portos do Brasil, prática chamada de navegação de cabotagem, pelo menos desde a década de 1920.
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O especialista explica que o navio era muito utilizado para transportar café e cacau até grandes navios de rotas internacionais, que não tinham acesso a portos menores, como Belmonte e Ilhéus, no sul da Bahia.
O naufrágio ocorreu na madrugada de 18 de dezembro de 1941, quando o Belmonte se dirigia a pequenos portos carregando medicamentos e bebidas.
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Ao sair da Baía de Todos-os-Santos, nas proximidades da Ilha de Itaparica, a embarcação de 90 toneladas colidiu com o cargueiro Norma, de 400 toneladas.
O impacto não afetou o Norma, mas abriu um grande buraco no casco do Belmonte, que não resistiu e afundou. Na ocasião, os dez tripulantes e nove passageiros foram salvos pelo próprio Norma e levados para Salvador.
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Ainda sobre história, em Santos, o Navio do terror ficou ancorado por seis meses durante a ditadura.
A confirmação da localização do Belmonte, feita neste ano pelos mergulhadores László Mocsári, Peter Tofte, Marcelo Rosário, José Manoel Lusquinhos, Roberto Costa Pinto e Fagner Rodrigues, começou a ser construída ainda em 2018.
Naquele ano, acompanhado de três mergulhadores, Mocsári recebeu de pescadores informações sobre um ponto onde os destroços teriam sido encontrados por acaso em 2010, durante a perseguição a um peixe cioba.
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Na primeira visita ao local, um dos pescadores apresentou artefatos recuperados da área.
Entre eles, estavam uma garrafa da marca Fratelli Vita, tradicional fábrica de refrigerantes fundada em Salvador em 1902, e um telégrafo com a inscrição “Belmonte Bahia”, primeira pista concreta que ligava o local ao navio perdido.
A partir dessa evidência, o grupo iniciou a pesquisa sobre a embarcação. Entre as referências consultadas estava o livro Naufrágios e Afundamentos na Costa Brasileira, de José Góes de Araújo, que descrevia um acidente com esse nome em 1941.
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A garrafa da Fratelli Vita reforçava a suspeita de que o navio tivesse feito abastecimento em Salvador antes de partir.
A confirmação final veio quando Mocsári entrou em contato com Maurício Carvalho, biólogo e mergulhador especializado em naufrágios. Pesquisando jornais antigos, Carvalho encontrou detalhes que confirmaram que os destroços pertenciam ao Belmonte.
Este outro naufrágio do século 16 revelou tesouros intactos no fundo do mar e encantou os amantes de história.
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De acordo com Mocsári, a parte mais visível preservada é o motor a diesel de três cilindros.
Também foram identificadas quatro âncoras: uma na popa, outra junto ao motor e duas na proa, sugerindo que não foram lançadas durante o acidente.
Os mergulhadores ainda localizaram dois guinchos na proa, várias garrafas na parte central da embarcação e um segundo telégrafo.
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