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Não é culpa da sua tia: a verdadeira (e antiga) origem da uva passa no arroz

Se você é do time que passa a ceia catando frutinhas do prato, entenda quando isso começou

Jeferson Marques

Publicado em 21/12/2025 às 14:15

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Há quem ame uva passa no arroz, e quem não suporta nem olhar / Imagem gerada por IA

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Faltam poucos dias para o Natal e o Brasil já se divide em duas nações inimigas: o "Team Com Passa" e o "Team Sem Passa". Mas enquanto você se prepara psicologicamente para encontrar aquele pontinho preto e doce no meio do salpicão, fica a pergunta: de quem foi a ideia de misturar isso na comida salgada?

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Fomos investigar os autos desse "crime culinário" e descobrimos que os culpados morreram há muito tempo.

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A culpa é da falta de geladeira

Não adianta procurar um único réu. A uva passa no arroz é culpa da sobrevivência. Na Roma Antiga e na Pérsia, secar a fruta era a única forma de conservá-la para o inverno.

Como dezembro marca o início do inverno no hemisfério norte, a comida era escassa. Misturar frutas secas nos grãos e carnes era uma forma de garantir energia, sabor e, acredite se quiser, status. Naquela época, a uva passa era vista como um luxo de festas pagãs, e não como uma tortura natalina.

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O toque agridoce (e a herança portuguesa)

Se você quer culpar alguém mais próximo, aponte para os árabes e ibéricos. Foram eles que popularizaram o paladar agridoce na Europa. Como o açúcar era caríssimo na Idade Média, a uva passa era o "adocante" acessível para dar um toque gourmet nos banquetes.

Os portugueses trouxeram essa moda para o Brasil como símbolo de fartura. Ou seja: aquele arroz "enfeitado" na mesa da sua avó é, historicamente, um sinal de ostentação e riqueza.

A grande mentira do "Arroz à Grega"

Para piorar, nós brasileiros inventamos um culpado falso: a Grécia.

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O famoso Arroz à Grega, o maior veículo de transporte de uvas passas do país, é uma invenção 100% brasileira. Se você for a Atenas e pedir esse prato, ninguém vai entender nada. Criamos essa mistura colorida (pimentão + cenoura + passas) no século 20 para deixar a mesa mais bonita e demos um nome estrangeiro para parecer chique.

Portanto, neste Natal, quando você estiver separando as passas no canto do prato, lembre-se: você não está sendo chato, está apenas lutando contra milhares de anos de história e marketing culinário.

Dica para a Ceia: Quer evitar brigas? Faça o arroz branco e deixe um potinho com passas ao lado. A paz mundial agradece.

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