Cidades do interior ganham destaque como alternativa às capitais, atraindo moradores em busca de ar mais puro, menos estresse e qualidade de vida / CSK/Pixabay
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A migração das capitais para o interior já acontecia antes de 2020, mas em ritmo moderado, geralmente ligada a famílias em busca de qualidade de vida ou a aposentados. A pandemia, entre 2020 e 2021, mudou esse cenário: com os escritórios fechados e o avanço do trabalho remoto, muitas pessoas perceberam que não fazia mais sentido pagar caro para viver em capitais lotadas e poluídas.
Levantamento da Secovi-SP (2021) mostra que cidades como Jundiaí, Campinas, Sorocaba e municípios do litoral norte paulista registraram forte aumento na procura por imóveis. A partir de 2022, com a consolidação do modelo híbrido e remoto, o movimento deixou de ser apenas uma resposta emergencial à pandemia e passou a se configurar como uma tendência consistente. Dados do IBGE reforçam essa mudança: entre 2010 e 2022, as cidades de médio porte cresceram em população em ritmo superior ao das grandes metrópoles.
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Falando no Interior de SP confira a como ele se firma como polo de conhecimento e cultura e atrai cada vez mais moradores.
A OMS estima que morar em áreas urbanas muito densas aumenta em até 40% o risco de transtornos de ansiedade e em 20% o de depressão. O psicólogo Vagner Vinicius Morais de Araújo, do AmorSaúde (rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS), aponta que morar em cidades do interior pode contribuir significativamente para o bem-estar mental.
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Ele observa que viver em áreas rurais ou menos urbanizadas ajuda a reduzir a sobrecarga de estímulos, como poluição sonora, excesso de luzes artificiais e aglomerações, fatores que, nas metrópoles, podem levar ao estresse crônico característico dos grandes centros urbanos.
Estudos internacionais reforçam a ideia de que viver fora das capitais pode trazer ganhos significativos para a saúde mental. Uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostra que a exposição constante a estímulos urbanos intensifica a atividade de regiões do cérebro ligadas ao estresse social.
O estudo de 2011, intitulado "City living and urban upbringing affect neural social stress processing in humans", realizado por Lederbogen e colaboradores, demonstra que viver atualmente em uma cidade estimula a região cerebral relacionada à percepção de perigo e resposta ao estresse, a amígdala, enquanto pessoas que cresceram em áreas urbanas apresentam alterações no córtex cingulado anterior, parte envolvida na regulação emocional. Isso mostra que tanto a residência atual quanto a formação inicial em ambientes urbanos influenciam o modo como o cérebro processa situações de estresse social.
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Vagner explica que o “estresse urbano” surge da exposição contínua a estímulos como ruídos, excesso de luzes artificiais, poluição sonora e visual, aglomerações e tráfego intenso. Essa sobrecarga exige atenção permanente do cérebro e, com o tempo, pode resultar em fadiga mental, distúrbios do sono e até sensações de isolamento. Em contrapartida, no interior, o ritmo de vida tende a ser mais previsível e tranquilo, ampliando a sensação de controle sobre a rotina e contribuindo para um equilíbrio emocional mais estável.
Do ponto de vista físico, a menor exposição à poluição do ar e sonora está diretamente associada à redução de doenças respiratórias e cardiovasculares, explica o médico Carlos Augusto Figueiredo Correia, do AmorSaúde. Ele ressalta que morar em regiões com menor concentração de poluentes atmosféricos tende a reduzir tanto a incidência quanto a gravidade de doenças respiratórias, como asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e infecções pulmonares.
Além disso, viver em cidades do interior favorece noites de sono mais tranquilas. Enquanto em avenidas movimentadas das capitais o barulho pode ultrapassar 80 decibéis, prejudicando o descanso e elevando o risco de hipertensão, no interior a média se mantém dentro do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de até 55 dB. Pesquisas publicadas no European Heart Journal indicam que a exposição prolongada a níveis de ruído acima desse patamar aumenta significativamente o risco de problemas cardiovasculares.
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Outro ponto reforçado por estudos internacionais é o impacto positivo do contato frequente com áreas verdes. Pesquisas japonesas sobre o chamado “shinrin-yoku” (banho de floresta) demonstraram aumento de até 50% na atividade das células NK, responsáveis pela defesa do organismo, após caminhadas em ambientes arborizados. Já um estudo publicado na revista The Lancet Planetary Health revelou que pessoas que vivem próximas a áreas verdes apresentam menor incidência de ansiedade, depressão e doenças cardiovasculares.
Para o canal Cidades Brasileiras essas são as 7 melhores Cidades do interior de SP para Viver: