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Molécula do adoçante turbina Minoxidil e cria 'dispositivo salva-topete' contra calvície

Pesquisadores usaram o composto natural da estévia para criar tratamento capaz de aumentar em até 18 vezes a absorção do minoxidil

Júlia Morgado

Publicado em 15/10/2025 às 13:30

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Microagulhas solúveis feitas com esteviosídeo e minoxidil penetram na pele sem dor e liberam o medicamento diretamente nos folículos capilares, estimulando o crescimento dos fios / Freepik/Pngtree.com

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Um grupo de pesquisadores encontrou uma solução inesperada para a alopecia androgenética, mais conhecido como calvície de padrão masculino ou feminino, uma das causas mais comuns de perda de cabelo no mundo.

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O tratamento mais comum para essa condição é o uso de minoxidil tópico, porém sua eficácia é limitada por diversos fatores, porém segundo os cientistas os adoçantes usados no cotidiano torna o tratamento mais eficaz.

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Um dos fatores que prejudica a ação do minoxidil tópico é sua baixa solubilidade em água, o que dificulta a absorção pela pele. Por isso, é comum o uso de álcool como base na formulação, mas isso pode causar efeitos colaterais como coceira e irritação.

Por isso, um estudo publicado na revista Advanced Healthcare Materials demonstrou que o esteviosídeo (STV) - composto natural presente na planta estévia, conhecida pelo uso como adoçante - não apenas aumenta significativamente a absorção do minoxidil, mas também possibilita o desenvolvimento de um sistema de aplicação muito mais eficiente que aumenta a penetração, a retenção e o efeito sobre os folículos capilares, além de evitar os efeitos colaterais do álcool presente nas loções tradicionais

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O médico Drauzio Varella explica um pouco mais sobre a condição: 

Cinco descobertas surpreendentes do estudo

Os resultados publicados na Advanced Healthcare Materials revelaram detalhes que vão além da ação do adoçante. A seguir, confira cinco fatos curiosos sobre o novo sistema de microagulhas, que mostram por que ele pode revolucionar os tratamentos contra a calvície:

O esteviosídeo forma micelas, minúsculas estruturas que "abraçam" o minoxidil, permitindo que ele se dissolva em água e chegue intacto aos folículos/ Gerada por IA/Gemini
O esteviosídeo forma micelas, minúsculas estruturas que "abraçam" o minoxidil, permitindo que ele se dissolva em água e chegue intacto aos folículos/ Gerada por IA/Gemini
Microagulhas de alta precisão: o adesivo mostrou força suficiente para perfurar a pele sem causar dor nem deixar resíduos, com 94% de penetração bem-sucedida nos testes/ Gerada por IA/Gemini
Microagulhas de alta precisão: o adesivo mostrou força suficiente para perfurar a pele sem causar dor nem deixar resíduos, com 94% de penetração bem-sucedida nos testes/ Gerada por IA/Gemini
As microagulhas chegam até a derme, camada onde estão os folículos capilares e os vasos que nutrem os fios/ Freepik
As microagulhas chegam até a derme, camada onde estão os folículos capilares e os vasos que nutrem os fios/ Freepik
O esteviosídeo já é aprovado pela Anvisa desde 2017 como adoçante alimentar e é considerado não tóxico, o que pode acelerar sua aplicação em tratamentos dermatológicos/ Gerada por IA/Gemini
O esteviosídeo já é aprovado pela Anvisa desde 2017 como adoçante alimentar e é considerado não tóxico, o que pode acelerar sua aplicação em tratamentos dermatológicos/ Gerada por IA/Gemini
O mesmo método foi testado com outros medicamentos insolúveis, como canabidiol e betametasona, e também aumentou a solubilidade desses compostos, indicando que a técnica pode ter aplicações muito mais amplas/ Freepik
O mesmo método foi testado com outros medicamentos insolúveis, como canabidiol e betametasona, e também aumentou a solubilidade desses compostos, indicando que a técnica pode ter aplicações muito mais amplas/ Freepik

O papel do adoçante

A solução promissora para melhorar a ação do minoxidil (MXD), encontrada pelo estudo, aponta que a substância pode exercer uma dupla função: além de dissolver o minoxidil com muito mais eficiência, que no futuro, também pode servir como base para a produção de um adesivo de microagulhas, capaz de liberar o medicamento diretamente na pele.

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O esteviosídeo é uma molécula anfipática, ou seja, ela possui uma extremidade que interage com a água e outra que a repele. Essa estrutura permite formar micelas, pequenas esferas que “abrigam” compostos pouco solúveis, como o minoxidil, facilitando sua estabilidade e absorção.

Em termos simples, o esteviosídeo age como um veículo que conduz o MXD através das barreiras da pele, aumentando seu potencial de ação.

Os testes mostraram resultados positivos: a presença do esteviosídeo elevou a solubilidade do minoxidil para 47 mg/mL, o que representa um aumento de aproximadamente 18 vezes em relação ao uso isolado do medicamento.

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Microagulhas como tratamento

Para contornar a barreira natural da pele, os pesquisadores desenvolveram um adesivo de microagulhas solúveis produzido a partir da mistura de esteviosídeo e minoxidil.

Essas microagulhas, imperceptíveis a olho nu, penetram de forma indolor na camada mais superficial da pele e se dissolvem, liberando o medicamento diretamente nos folículos capilares, onde o crescimento dos fios é estimulado.

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O novo método se mostrou muito mais eficiente do que a aplicação tópica tradicional, feita em forma de spray, que enfrenta dificuldades para ultrapassar as camadas externas da pele. Nos testes de laboratório, o adesivo garantiu liberação de 85% do fármaco e retenção de 18% em 24 horas.

Os resultados são muito superiores aos obtidos com a solução alcoólica comum, cuja retenção foi de apenas 2%. Essa maior permanência na pele permite que o minoxidil aja por mais tempo sobre o folículo, ampliando seus efeitos.

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Para avaliar o potencial da tecnologia, os pesquisadores testaram em seu laboratório o adesivo, o tratamento inovador foi experimentado em animais com alopecia induzida.

O desempenho foi impressionante: após 35 dias de tratamento, o grupo que recebeu o adesivo de esteviosídeo e minoxidil apresentou 67,5% de cobertura capilar, enquanto o grupo tratado com a fórmula tradicional alcançou 25,7%.

Além de estimular o crescimento de novos fios, o adesivo também reativou os folículos capilares, acelerando sua transição para a fase de crescimento.

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Embora ainda sejam necessários estudos clínicos em humanos, os resultados apontam um novo caminho no tratamento da calvície. Um adoçante natural, seguro e amplamente utilizado na alimentação pode se tornar a base de uma nova geração de terapias capilares mais eficazes, confortáveis e com menos efeitos colaterais.

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