Esse pequeno amiguinho consegue regenerar até parte do cérebro. / Imagem: Claude Humbert/Wikimedia Commons
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No coração do México, uma pequena salamandra com superpoderes de regeneração está desaparecendo. O achoque, possui habilidades extraordinárias que fascinam cientistas e é reverenciado como sagrado pelas comunidades indígenas. Mas hoje, essa espécie única está à beira da extinção.
Assim como seu "primo" famoso que aparece no Minecraft e nas notas de peso mexicano, o achoque tem aquela icônica coroa de brânquias na cabeça.
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Porém, enquanto o axolotl ganha atenção global, o achoque enfrenta uma batalha silenciosa pela sobrevivência. Uma parceria entre cientistas e indígenas pode ser sua última esperança.
Veja também que cientistas encontraram um peixe com sorriso humano e famoso por morder testículos.
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Froylán Correa, antigo pescador do lago Pátzcuaro, hoje dedica sua vida a proteger o achoque. "Tinha muito achoque (...), agora a nova geração já não o conhece", revela ele com tristeza para a agência AFP. Sua história reflete o dramático declínio desta espécie única.
Biólogos da Universidade Michoacana criaram um projeto inovador que remunera indígenas da comunidade de San Jerónimo Purenchécuaro para coletar ovos de achoque. Esses ovos são levados ao laboratório do Dr. Rodolfo Pérez, onde são cuidadosamente incubados e monitorados.
O processo exige dedicação total. "Não podemos deixar de vir um dia porque, caso contrário, eles morrerão (...). Faça chuva ou faça sol, haja festas ou não, temos que estar aqui", explica Israel Correa, um dos envolvidos no projeto. Essa rotina intensa já mostra resultados, mantendo uma população estável de 80 a 100 indivíduos.
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Saiba ainda que um peixe alérgico ao sol, com dentes de vampiro, foi descoberto e acendeu alerta entre os cientistas.
O achoque pertence ao gênero Ambystoma, um verdadeiro tesouro para a medicina regenerativa. Esses animais conseguem regenerar não apenas membros perdidos, mas até partes do coração e do cérebro - uma habilidade única no reino animal que pode revolucionar tratamentos humanos.
Na medicina tradicional mexicana, o achoque era usado tanto como alimento quanto remédio para problemas respiratórios. Porém, a pesca excessiva e a destruição de seu habitat natural levaram a espécie ao limite. "Essa quantidade é muito mais baixa do que 40 anos atrás", alerta Luis Escalera, colega de Pérez na universidade.
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O projeto de conservação do achoque vai muito além de salvar uma espécie carismática. Ele representa uma rara sinergia entre conhecimento científico e sabedoria tradicional indígena, mostrando como essas duas formas de conhecimento podem se complementar na proteção da biodiversidade.
Cada achoque salvo é um passo em direção a possíveis descobertas médicas revolucionárias. Suas incríveis capacidades regenerativas podem um dia ajudar a tratar condições hoje consideradas irreversíveis em humanos, como lesões medulares e doenças degenerativas.
O desafio agora é ampliar esses esforços de conservação antes que seja tarde demais. Como o achoque desaparece silenciosamente das águas do México, a corrida contra o tempo para salvá-lo se torna cada vez mais urgente - não apenas para o ecossistema, mas para o futuro da medicina regenerativa.
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