Condomínios de luxo para idosos oferecem estrutura completa de saúde, lazer e segurança; modelo, já consolidado no exterior, começa a ganhar espaço em capitais brasileiras / Freepik
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Já estabelecido nos Estados Unidos, o mercado imobiliário brasileiro está abrindo espaço para um tipo de moradia alternativa: condomínios planejados para idosos. Construtoras em capitais como São Paulo e Curitiba investem em empreendimentos de alto padrão voltados para quem tem mais de 60 anos, unindo moradia com serviços de saúde, lazer e conveniência.
Embora, neste momento, o foco seja o público de alta renda, a tendência tem um futuro promissor. Segundo o Censo 2022, o Brasil já conta com 32,1 milhões de pessoas acima dos 60 anos, o equivalente a 15,6% da população.
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As projeções do IBGE apontam que, até 2070, 37,8% da população brasileira terá 60 anos ou mais. Esse avanço reforça a necessidade de soluções habitacionais voltadas ao envelhecimento da sociedade e amplia o público potencial para esse tipo de empreendimento.
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Na região central de São Paulo, o bairro de Higienópolis recebe até o fim do ano o lançamento da Naara, empresa fundada por Joseph Nigri. O edifício terá 68 apartamentos de até 145 m², com preços na casa de R$ 28 mil o metro quadrado e condomínio em torno de R$ 6 mil. O valor é mais que o dobro da média da região, onde imóveis de alto padrão custam cerca de R$ 12,3 mil/m², segundo a plataforma Loft.
O diferencial está na estrutura: atividades como hidroginástica e pilates, serviços de cuidador e motorista no sistema pay per use e uma central de emergências médicas 24 horas já incluída no condomínio. A proposta, segundo Nigri, é reduzir custos para o morador em comparação à contratação individual de cada serviço.
Outro projeto no mesmo bairro é da Vitacon, conhecida por empreendimentos compactos. A empresa planeja 300 unidades de 30 a 80 m², também equipadas com botão de emergência nos apartamentos, central de urgência e serviço de ambulância. Serviços extras, como fisioterapia, manicure e cuidadores, serão cobrados à parte. O metro quadrado deve girar em torno de R$ 30 mil, com condomínio estimado em R$ 3 mil.
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Na capital paranaense, a Construtora Laguna ergue duas torres no bairro Alto da Glória, uma residencial e outra comercial, com consultórios e serviços de saúde. O projeto já vendeu 90% das unidades e deve ser entregue em 2026. Os apartamentos variam de 42 a 83 m², com preços de R$ 22 mil/m² e condomínio a partir de R$ 1.500.
Veja um apartamento do projeto, que recebe o nome de BIOSS:
As unidades contarão com botão de socorro, fechaduras eletrônicas, serviços de limpeza e áreas de lazer. “Só poderá morar ali quem tem mais de 60 anos”, explica André Marin, diretor-geral da construtora. Um novo empreendimento no mesmo modelo deve ser lançado ainda este ano.
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O engenheiro Jorge Heller, de 61 anos, decidiu comprar uma unidade em Curitiba para a mãe, a artista plástica Haydee Heller, de 82 anos. Independente e ativa, Haydee não queria viver em uma casa de repouso, mas a família buscava mais segurança. “Ela dirige, faz pilates e artesanato. Mas, quando viajo, fico com medo de uma queda. O condomínio dá mais tranquilidade para todos”, afirma Heller.
Para especialistas, os condomínios para idosos representam um mercado em fase inicial no Brasil. “O setor de senior living ainda engatinha por aqui em comparação a países como os Estados Unidos e as nações europeias. O movimento começa pelo segmento de altíssima renda e, com o tempo, tende a ganhar escala”, avalia Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
Nos Estados Unidos, o modelo é consolidado e atende diferentes faixas de renda. O custo médio de uma moradia em regime de independent living é de cerca de US$ 3 mil por mês, incluindo habitação, atividades sociais e segurança, com serviços de saúde cobrados à parte. A lógica é a mesma: oferecer alternativas para idosos que desejam manter a independência, mas precisam de suporte em caso de emergência.
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Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, especialistas acreditam que condomínios como os de Higienópolis e Curitiba tendem a se multiplicar. Hoje restritos ao luxo, podem em alguns anos se tornar uma solução mais acessível para diferentes camadas sociais.