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A mudança está diretamente ligada aos impactos da Lei 14.789/2023, que alterou o tratamento tributário dos incentivos fiscais concedidos por estados e municípios
Após mais de 100 anos de atuação no Brasil, a Lupo, uma das marcas mais tradicionais da indústria têxtil nacional, decidiu transferir parte de sua produção para o Paraguai. / Freepik
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Após mais de 100 anos de atuação no Brasil, a Lupo, uma das marcas mais tradicionais da indústria têxtil nacional, decidiu transferir parte de sua produção para o Paraguai.
A mudança está diretamente ligada aos impactos da Lei 14.789/2023, que alterou o tratamento tributário dos incentivos fiscais concedidos por estados e municípios, elevando os custos de operação no país.
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Sancionada no fim de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a nova legislação encerrou a isenção de tributos federais sobre benefícios fiscais estaduais, como os relacionados ao ICMS.
A medida foi apresentada pelo governo federal como parte da estratégia para ampliar a arrecadação, mas teve reflexos imediatos sobre a competitividade de empresas industriais.
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No caso da Lupo, as alterações tornaram parte da operação financeiramente inviável. Fundada há 104 anos, a empresa atravessou momentos históricos como a crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial, períodos de hiperinflação, mudanças monetárias e a pandemia da Covid-19 sem deixar o território brasileiro.
A nova unidade da Lupo foi inaugurada em junho deste ano em Ciudad del Este, no Paraguai, na região do antigo km 13 da Rodovia PY02.
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O investimento ultrapassa R$ 30 milhões, e a fábrica tem capacidade para produzir até 20 milhões de pares de meias por ano. Atualmente, cerca de 110 empregos diretos já foram gerados no país vizinho.
Segundo a empresa, a produção no Paraguai representa uma redução de aproximadamente 28% nos custos em comparação com o Brasil, principalmente devido à menor carga tributária e a um ambiente regulatório mais simples.
“O Brasil empurrou a gente para o Paraguai”
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, a executiva Liliana Aufiero afirmou que a decisão não foi voluntária, mas consequência do cenário econômico brasileiro. “Não é que a Lupo foi para o Paraguai, o Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, declarou.
Para viabilizar a operação, a Lupo aderiu ao regime de maquila, sistema que permite a industrialização de produtos com matéria-prima importada sob tributação reduzida e foco na exportação.
De acordo com o governo paraguaio, cerca de 70% das indústrias beneficiadas por esse modelo estão concentradas no departamento de Alto Paraná, onde fica Ciudad del Este.
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