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Maior torre de observação climática do mundo fica no Brasil e 'ouve' recados da floresta

Imponente e essencial, a estrutura equivale a um prédio de cerca de 100 andares

Jeferson Marques

Publicado em 29/10/2025 às 11:46

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A ATTO está no coração da Amazônia e tem 325 metros de altura / Divulgação/Governo brasileiro

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 A Amazon Tall Tower Observatory (ATTO), fincada no coração da Amazônia, é hoje a maior torre de observação climática em operação no mundo. Com 325 metros de altura — o equivalente a um prédio de mais de 100 andares —, a estrutura foi projetada para “ouvir” os recados da floresta por cima do dossel e captar, com altíssima precisão, sinais do que está mudando na atmosfera.

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Erguida a cerca de 150–160 km de Manaus, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, a ATTO nasceu de uma parceria binacional: de um lado, INPA/UEA; do outro, os Institutos Max Planck (Química e Biogeoquímica). A torre principal foi inaugurada em agosto de 2015 e funciona ao lado de torres auxiliares de 80 m, laboratórios e infraestrutura dedicada para pesquisa de longo prazo.

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A grandeza da ATTO não é apenas métrica: é científica. Em níveis diferentes, a torre mede gases de efeito estufa (CO, CH, NO), aerossóis, compostos orgânicos voláteis, turbulência e variáveis meteorológicas. Pela posição estratégica, frequentemente recebe massas de ar que cruzaram centenas de quilômetros de floresta, oferecendo uma “amostra” rara do funcionamento atmosférico da Amazônia com interferência mínima de fontes urbanas e industriais.

Os dados alimentam modelos climáticos globais, refinam estimativas do saldo de carbono da região e ajudam a detectar mudanças de regime — do papel de sumidouro ao de fonte líquida de CO.

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A liderança mundial da ATTO entre torres de observação atmosférica em operação se sustenta na comparação com referências históricas do campo. O Boulder Atmospheric Observatory (BAO), nos EUA, tinha 300 m, mas encerrou atividades em 2016 e foi demolido em 2017.

Na Europa, o mastro do KNMI em Cabauw (Holanda), ícone de pesquisa de camada limite, tem 213 m. Há também mastros modernos dedicados principalmente a medição de vento que chegam a 300 m, mas ainda abaixo da marca da ATTO — e fora do escopo de observatório amazônico multivariável. Hoje, portanto, não há outra torre científica operacional mais alta voltada a observação contínua do clima e da química da atmosfera.

O status ganha peso num momento de anomalias de calor, secas severas e avanço do desmatamento. Séries longas e abertas à comunidade científica permitem responder perguntas urgentes: a Amazônia ainda compensa nossas emissões? quando e onde ela deixa de ser sumidouro? e quais compostos e processos controlam essa virada? A ATTO vira, assim, um patrimônio estratégico de ciência — brasileiro em território e liderança, global em impacto.

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