A alteração, embora aparentemente simples, resultou em um aumento de 5% nas vendas da empresa / Freepik/teksomolika
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Depois de mais de cem anos praticamente inalterado, o papel higiênico acaba de passar por uma transformação que promete mudar a experiência de uso de um dos itens mais comuns da vida doméstica.
A mudança é sutil, mas significativa: a tradicional linha reta de perfuração dos rolos foi substituída por uma linha ondulada, garantindo um rasgo mais uniforme e menos frustrante.
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O novo modelo, batizado de Smooth Tear, foi desenvolvido pela marca Charmin, da P&G, após cinco anos de pesquisa e testes.
A alteração, embora aparentemente simples, resultou em um aumento de 5% nas vendas da empresa, sinalizando que mesmo os produtos mais banais podem ser aperfeiçoados com impacto direto no consumidor.
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A inovação não surgiu por acaso. Por trás da nova linha de corte existe um complexo trabalho de engenharia.
Nos laboratórios das gigantes do setor, como Procter & Gamble e Kimberly-Clark, foram avaliados inúmeros protótipos, levando em conta desde a textura e resistência até a forma como o papel se comporta em diferentes suportes e nas mãos de destros ou canhotos.
A curvatura do novo padrão não é apenas estética. Ela é fruto de cálculos precisos sobre força e ângulo de tração, permitindo que a folha se desprenda com facilidade, mas sem comprometer a produção industrial.
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Para isso, os rolos passam por engrenagens que envolvem cilindros rotatórios, dentes milimetricamente posicionados e um processo de corte cronometrado, invisível ao consumidor, mas essencial para o resultado final.
Apesar de o papel higiênico ser hoje um item essencial, seu uso é relativamente recente na história humana. Antes da popularização dos rolos perfurados em 1890 pelos irmãos Scott, a higiene era feita com o que estivesse disponível: folhas, panos e até espigas de milho.
A primeira tentativa comercial de introduzir o papel para uso íntimo, feita por Joseph Gayetty em 1857, foi alvo de chacota na época.
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Desde então, o produto passou por melhorias lentas e contínuas. A busca pelo equilíbrio entre funcionalidade, conforto e higiene levou o papel higiênico a se tornar um exemplo sutil de design funcional aplicado à rotina.
A novidade introduzida pela Charmin é um exemplo do que especialistas chamam de “inovação incremental”: pequenas melhorias que mantêm a essência do produto, mas que tornam sua utilização mais eficiente.
Diferente de mudanças radicais que exigem adaptação do consumidor, como o uso de bidês, a linha ondulada se encaixa nos hábitos já existentes.
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Esse tipo de inovação é eficaz justamente por não provocar rejeição. Ela melhora algo familiar sem exigir reaprendizado, o que a torna atrativa para um mercado altamente competitivo, onde o consumidor costuma ser fiel à sua marca de escolha.
A nova borda ondulada do papel higiênico é um exemplo de como o design e a tecnologia podem aprimorar até os objetos mais simples. A proposta não é reinventar o papel, mas refinar sua função com precisão e eficiência.
Em um mundo onde quase tudo o essencial já foi criado, a aposta está em tornar o ordinário um pouco mais perfeito.
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No fim das contas, trata-se de um lembrete de que até o gesto mais automático do dia a dia pode ser resultado de anos de pesquisa, engenharia e atenção aos detalhes.
E que até mesmo o papel higiênico, discretamente pendurado ao lado da pia, pode carregar em si uma história de inovação.