Caroço de jabuticaba tem efeito anti-inflamatório no controlo do peso / Foto: Freepik
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Apesar do seu tamanho, a jabuticaba, fruto nativo da Mata Atlântica, emerge como um potencial auxílio na gestão da obesidade.
Uma investigação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP identificou que os elagitaninos, compostos fenólicos contidos nas sementes do fruto, exibem propriedades anti-inflamatórias e contribuem para evitar a acumulação excessiva de lípidos.
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Vale lembrar que, no Brasil, há um município conhecido como a 'Terra da Jabuticaba'. A cidadezinha do interior produz 1.749 toneladas da fruta por ano.
A eficácia das sementes de jabuticaba no controlo do peso foi comprovada e atribuída à sua elevada concentração de elagitaninos, que são compostos com reconhecidas propriedades anti-inflamatórias.
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Tais substâncias influenciam diretamente os mecanismos metabólicos associados ao surgimento da obesidade.
Os compostos fenólicos, uma classe de moléculas com estrutura aromática encontradas em vegetais, são os agentes por trás destes efeitos benéficos.
Nos frutos da jabuticaba, especificamente nas suas sementes, os elagitaninos revelaram a capacidade de mitigar inflamações e contribuir para a gestão ponderal. Esta revelação emergiu do Laboratório de Compostos Bioativos da FCF da USP.
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À semelhança de várias nações, o Brasil confronta uma pandemia de obesidade. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos globais duplicou entre 1980 e 2014.
Presentemente, mais de 1,9 mil milhões de adultos e 42 milhões de crianças com menos de cinco anos encontram-se com excesso de peso.
Perante esta realidade, investigações como a conduzida pela nutricionista Gabriela Cunha, culminando numa dissertação de mestrado na FCF, adquirem importância capital.
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Os compostos fenólicos (CFs), encontrados em alimentos de origem vegetal, são reconhecidos pelos seus contributos benéficos para a saúde. Bebidas como chás, cacau e vinho, bem como frutos como a jabuticaba, são abundantes nestes compostos, celebrados pelas suas qualidades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Embora investigações prévias já tivessem validado as vantagens da jabuticaba, o estudo de Gabriela Cunha direcionou-se em particular para as sementes, que se distinguiram pela elevada concentração de elagitaninos.
A meta era analisar a ação destes compostos na prevenção da síndrome metabólica, que engloba obesidade, diabetes tipo 2 e níveis elevados de colesterol.
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Com o intuito de replicar cenários análogos aos de indivíduos com excesso de peso, Gabriela administrou a 60 murganhos uma dieta abundante em gordura e açúcar durante um período de oito semanas.
Dois dos grupos receberam compostos fenólicos da jabuticaba – um deles com a totalidade dos CFs, incluindo elagitaninos, e o outro sem a presença destes.
Simultaneamente, um terceiro grupo aderiu a um regime alimentar equilibrado, e um quarto grupo consumiu apenas a dieta hipercalórica, sem qualquer suplementação.
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Findo o ensaio, os murganhos que foram suplementados com todos os compostos fenólicos, apesar de terem sido alimentados com uma dieta rica em gordura, preservaram um perfil metabólico comparável ao de animais saudáveis.
Em contraste, os que consumiram polifenóis desprovidos de elagitaninos apresentaram resultados desfavoráveis, idênticos aos do grupo sem qualquer suplementação. Gabriela enfatizou que a principal conclusão do estudo foi a "confirmação do papel essencial dos elagitaninos na prevenção da obesidade".
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O estudo, cujo título é "Avaliação do efeito de extratos de compostos fenólicos da jabuticaba Sabará em camundongos com dieta hiperlipídica e rica em sacarose", foi supervisionado pela professora Maria Inés Genovese, do Laboratório de Compostos Bioativos da FCF-USP.
A iniciativa beneficiou ainda da colaboração do professor André Marette, da Universidade Laval (Canadá), e obteve o financiamento do CNPq.