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A poucos quilômetros do tumulto urbano, o mesmo rio que sofre em alguns lugares ganha outro brilho e revela um lado que muitos nem imaginam existir
Navios de turismo com grande capacidade percorrem um Tietê que parece outro / Divulgação/PMBB
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Para muita gente, o nome “Tietê” ainda evoca a imagem de um rio exausto, sufocado pela poluição que acompanha a metrópole paulistana. Mas essa visão, embora verdadeira em certos trechos, conta apenas uma parte da história.
A poucos quilômetros do tumulto urbano, o mesmo rio que sofre em São Paulo ganha outro brilho e revela um lado que muitos nem imaginam existir.
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No interior do estado, Barra Bonita transformou seu relacionamento com o Tietê em uma espécie de parceria. A cidade, a cerca de 280 quilômetros da capital, construiu sua identidade em torno da navegação e conseguiu transformar o rio em fonte de orgulho e prosperidade.
Ali, ao invés de margens descuidadas, há calçadas arborizadas, praças voltadas para o rio e uma atmosfera que convida os visitantes a desacelerar.
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Os cruzeiros fluviais são o grande símbolo desse vínculo. Navios de turismo com grande capacidade percorrem um Tietê que parece outro: água limpa o bastante para abrigar peixes e aves, vegetação preservada e um silêncio quase terapêutico.
Para muitos turistas, o impacto é imediato e é difícil acreditar que se trata do mesmo rio tão associado à degradação no imaginário paulistano.
Entre todos os momentos do passeio, nenhum chama mais atenção do que a passagem pela eclusa da Usina Hidrelétrica de Barra Bonita. O mecanismo funciona como um imenso elevador de água, capaz de levar embarcações de um nível a outro do rio, vencendo um desnível de cerca de 26 metros.
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O processo, que para o engenheiro é rotina, para quem assiste de dentro do barco se transforma em espetáculo: portas gigantes se fecham, a água sobe ou desce lentamente, e em alguns minutos o barco reaparece em outro patamar do Tietê.
Dica do editor: Com uma riqueza ambiental impressionante, cidade do interior é a 'capital do verde'.
Esse encontro entre tecnologia e natureza acabou se tornando uma atração por si só, fazendo a alegria de curiosos de todas as idades.
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Barra Bonita, inclusive, foi pioneira no turismo associado a eclusas na América do Sul. Ao perceber o potencial dessa estrutura, a cidade abriu um novo capítulo no turismo fluvial brasileiro e até hoje colhe os frutos dessa visão.
Mas o fascínio por Barra Bonita não se limita ao rio. A cidade se orgulha do título de “Cidade Simpatia”, apelido reforçado pela receptividade de seus moradores.
Fundada no século XIX e profundamente ligada à navegação desde seus primeiros anos, ela soube se reinventar quando os tempos mudaram.
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O turismo tornou-se um pilar importante da economia local, ao lado do comércio e da agricultura, e hoje atrai cerca de 15 mil visitantes todos os meses.
A orla do Tietê funciona como um grande espaço de convivência. Famílias fazem caminhadas ao pôr do sol, ciclistas percorrem a avenida beira-rio, pescadores aproveitam trechos tranquilos e, volta e meia, apresentações culturais animam o calçadão.
Tudo isso reforça a sensação de que o rio não é apenas uma paisagem, é parte da vida cotidiana.
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Talvez o maior encanto de Barra Bonita esteja justamente no contraste que representa. Enquanto grande parte do estado convive com um Tietê ferido, ali ele aparece como lembrança de que a natureza, quando acolhida e bem administrada, consegue se recompor.
O rio que chega à cidade limpa sua própria imagem e, de quebra, renova a esperança de quem o visita.
Para quem deseja ver o Tietê como ele poderia ser, e não apenas como é nos trechos urbanos, Barra Bonita oferece uma experiência reveladora. Um destino simples, acolhedor e surpreendente, onde o rio volta a ser rio e o tempo parece correr num ritmo mais gentil.
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