A magia do Papai Noel faz parte da infância e desperta emoções que marcam para sempre as memórias do Natal / senivpetro/Freepik
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Escrever cartas para o Papai Noel e encontrá-lo no shopping estão entre as experiências mais aguardadas pelas crianças durante as festas de fim de ano. A expectativa de que o bom velhinho traga os presentes após uma longa viagem pelo mundo em seu trenó é parte do encanto que faz o Natal ter um clima tão especial.
Com o passar do tempo, porém, muitas crianças começam a desconfiar dessa história, seja por questionamentos próprios, seja por comentários de colegas. Aos poucos, surgem as dúvidas: ele existe mesmo? O que faz o resto do ano? Como consegue visitar tantos lugares em uma única noite? Infelizmente, o fascínio por essas respostas não dura para sempre.
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Para pais e mães, acompanhar esse processo costuma ser delicado. Ver a infância perder um pouco de sua magia pode doer, mas ninguém conhece melhor uma criança do que quem convive com ela todos os dias. É possível perceber quando algo a intriga e entender como acolher as emoções que vêm junto com essas descobertas.
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E quando a criança decide levar essas dúvidas até você, questionando algo tão simbólico da infância quanto o Papai Noel? Como falar a verdade? E, mais difícil ainda: é mesmo hora de contar? A seguir, reunimos os principais pontos que você precisa considerar antes dessa conversa.
Quando responsáveis por crianças se questionam, ou perguntam a outras pessoas, sobre como lidar com a “situação do Papai Noel”, é comum que surja um certo receio de enfrentar essa conversa. Afinal, independentemente do motivo, é natural não querer pôr fim a esse encantamento tão próprio da infância.
Algumas crianças simplesmente não fazem perguntas. Mas o que acontece quando chegam à adolescência sem nunca terem falado sobre isso? Decidir se o Papai Noel é real ou não para o seu filho é uma escolha pessoal e delicada, que não deve ser tomada de forma impulsiva. Não há problema algum em manter o Papai Noel como parte das tradições natalinas até que a própria criança comece a demonstrar curiosidade.
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Uma pesquisa conduzida por psicólogos da Universidade do Texas em Dallas e da George Mason University mostrou que, em uma amostra de quase 50 crianças e mais de 350 adultos, mais da metade relatou que, embora tenha sido desconfortável descobrir a verdade sobre o Papai Noel, os efeitos negativos não foram duradouros. Ou seja, mesmo quando a revelação causa impacto inicial, ela tende a não deixar marcas emocionais a longo prazo.
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Ser pai ou mãe não é uma tarefa simples, especialmente quando envolve decisões capazes de transformar a maneira como a criança enxerga o mundo. Não existe uma forma única ou correta de falar sobre o Papai Noel, mas alguns aspectos merecem atenção antes de revelar a verdade.
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Antes de contar a verdade sobre o Papai Noel, o primeiro ponto a considerar é a idade e a etapa escolar da criança. Ela está na educação infantil ou nos primeiros anos do ensino fundamental, fase em que praticamente todos os colegas ainda acreditam no bom velhinho? Ou já chegou ao ensino fundamental II, quando muitas crianças começam a entender quem realmente coloca os presentes embaixo da árvore na manhã de Natal?
Em casos mais raros, adolescentes do ensino médio ainda podem acreditar no Papai Noel, mas a maioria das crianças passa a questionar essa história por volta dos oito ou nove anos. Se seu filho está nessa faixa etária, vale se preparar para as possíveis perguntas e conversar previamente com seu parceiro, coparente ou outros familiares para alinhar a forma como o assunto será abordado.
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A personalidade e o nível de maturidade da criança em cada fase da vida também influenciam o momento de falar sobre o Papai Noel, especialmente a capacidade de se engajar em brincadeiras de faz-de-conta.
Esse tipo de atividade é essencial para o desenvolvimento infantil e, por isso, deve ser estimulado sempre que possível. Ao criar histórias, dar vida a objetos como brinquedos e usar o próprio ambiente para construir mundos imaginários, as crianças desenvolvem o pensamento crítico e aprendem a expressar emoções de forma mais saudável.
No entanto, um estudo de 2021 indica que o faz-de-conta pode persistir por mais tempo do que se imaginava à medida que as crianças crescem. Quanto mais criativa e imaginativa ela for, maior tende a ser a facilidade para acreditar no Papai Noel, o que faz com que o encantamento dure mais do que entre os colegas. Se você começar a notar que seu filho está deixando esse tipo de brincadeira de lado, talvez seja um sinal de que o momento de conversar sobre o Papai Noel está se aproximando.
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Observe os sinais no comportamento da criança e permita que ela dite o ritmo da conversa para entender em que estágio dessa descoberta ela está. Se o assunto surgir uma vez, mas ela parecer hesitante, não há problema em deixar a conversa em pausa e retomá-la mais adiante, em vez de insistir. Forçar o diálogo pode gerar emoções negativas e criar lembranças desconfortáveis que acompanham a criança ao longo do crescimento.
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Na maioria das vezes, é possível perceber quando a criança realmente busca respostas, pois ela insiste no assunto até se sentir satisfeita. Desde a fase dos inúmeros “por quês” da infância até questionamentos mais profundos, sem respostas simples, como “por que coisas ruins acontecem?”, a curiosidade tende a crescer com o passar do tempo. Observar como esse interesse evolui ajuda a ajustar a abordagem e o momento certo da conversa.
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Além do Papai Noel, personagens como a Fada do Dente e o Coelhinho da Páscoa fazem parte do imaginário infantil e acompanham as crianças ao longo do ano e em momentos marcantes da vida. Se seu filho ainda acredita nessas figuras, é bem provável que também acredite no Papai Noel.
Para algumas famílias, incentivar a crença em personagens fictícios pode entrar em conflito com o valor de sempre dizer a verdade. Nesses casos, pais e responsáveis podem sentir que estão mentindo para os filhos e, consequentemente, transmitindo a ideia de que esse tipo de comportamento é aceitável ao permitir que acreditem no Papai Noel.
No entanto, cada família tem suas próprias crenças e valores, e é possível, além de saudável, manter o Papai Noel e outras narrativas festivas no imaginário infantil sem deixar de reforçar a importância da honestidade.
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Como indicam os estudos citados anteriormente, a maioria das crianças não se sente enganada nem traumatizada por ter acreditado no Papai Noel, especialmente quando a verdade é revelada de forma sensível à medida que elas crescem.
De acordo com a experiência de Morgan Bailee Boggess, terapeuta e escritora da revista Parade, quanto mais um tema é tratado como um “grande problema”, maior tende a ser seu impacto emocional. Por isso, o ideal é permitir que a criança vivencie as festas de acordo com os valores, a cultura e as tradições da família, de maneira leve, positiva e saudável.
No fim das contas, o impacto de contar a verdade sobre o Papai Noel para seus filhos depende da forma como essa conversa é conduzida. Quanto mais acolhimento, empatia, compreensão e validação você oferecer, maiores serão as chances de reduzir o medo e a ansiedade em torno desse momento delicado, permitindo que o encanto do Natal se transforme, sem se perder.