Fluorescentes e altamente adaptáveis, os escorpiões conseguem sobreviver por muito tempo mesmo em situações extremas de clima e alimentação / Polina Razumova p_rozum/Wikimedia Commons
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Muito além da fama de perigosos, os escorpiões são animais cercados de curiosidades que ajudam a explicar por que existem há centenas de milhões de anos e continuam se adaptando tão bem aos mais variados ambientes do planeta. Com o calor, comum na reta final do ano, eles se tornam ainda mais presentes no nosso cotidiano.
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Conhecidos cientificamente como Scorpiones, esses aracnídeos pertencem à mesma classe das aranhas e formam um grupo diverso: são mais de 2.300 espécies descritas no mundo, distribuídas em 19 famílias.
A Encyclopaedia Britannica, uma plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido, descreve o animal com um corpo de em média seis centímetros, eles se destacam pelas pinças na parte frontal e pela cauda curva e segmentada, que termina em um ferrão venenoso.
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Apesar da preocupação crescente com acidentes, especialmente no Brasil, apenas uma fração das espécies representa risco grave à saúde humana. A maioria das picadas causa dor intensa, inchaço e desconforto local, mas apenas cerca de 20 espécies no mundo são consideradas potencialmente letais.
No Brasil, quatro delas são classificadas como de interesse médico, todas do gênero Tityus. Ainda assim, os números chamam atenção: somente em 2023, o país registrou mais de 202 mil acidentes e 134 mortes causadas por escorpiões, segundo o Ministério da Saúde.
Apesar disso escorpiões são extremamente interessantes, conheça algumas curiosidades desses animais fascinantes.
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Uma das curiosidades mais impressionantes desses animais é a capacidade de sobreviver com pouquíssima comida. Algumas espécies conseguem reduzir o metabolismo a cerca de um terço do normal entre os artrópodes, o que permite que sobrevivam com apenas um inseto por ano.
Mesmo assim, quando surge uma presa, o escorpião é capaz de atacar com extrema rapidez, uma combinação rara de economia de energia e eficiência predatória.
Essa capacidade de sobreviver com pouco alimento ajuda a explicar por que os escorpiões conseguem viver em ambientes tão distintos. Embora sejam frequentemente associados a desertos, eles habitam florestas tropicais, regiões montanhosas, cavernas, áreas urbanas e até locais com neve.
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Já foram encontrados desde o nível do mar até altitudes superiores a 5.500 metros nos Andes. Em cidades, alimentam-se principalmente de baratas, o que lhes confere também um papel de controle biológico.
Dica de leitura: a barreira de plantas que afasta escorpiões e pode salvar sua casa de invasões no verão.
Outro traço curioso é o fato de os escorpiões serem animais fluorescentes. Sob luz ultravioleta, praticamente todas as espécies, com exceção de algumas asiáticas, emitem um brilho esverdeado.
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A função dessa fluorescência ainda não é totalmente compreendida, mas há hipóteses de que ela ajude na comunicação entre indivíduos, na identificação de espécies ou até na defesa contra predadores.
A relação dos escorpiões com a humanidade também atravessa a história. Na Grécia Antiga, eles eram admirados a ponto de inspirarem mitos e darem nome à constelação de Escorpião. Segundo a mitologia, o animal teria sido responsável pela morte do gigante Órion, o que explicaria o “revezamento” das duas constelações no céu.
Do ponto de vista evolutivo, os escorpiões são verdadeiros sobreviventes. Há evidências de que surgiram há mais de 450 milhões de anos, inicialmente em ambientes aquáticos, chegando a medir mais de um metro de comprimento.
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Veja também: o escorpião mais venenoso do Brasil se prolifera no calor e invade cada vez mais residências.
Com o passar do tempo, migraram para o ambiente terrestre, diminuíram de tamanho e passaram por poucas alterações morfológicas, mantendo uma estrutura corporal extremamente eficiente.
Essa resistência é reforçada por outro fator surpreendente: a reprodução. Em cerca de 5% das espécies, as fêmeas conseguem gerar filhotes sem a participação de machos, por um processo chamado partenogênese.
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No Brasil, duas das espécies mais perigosas apresentam essa característica, o que contribui para o rápido crescimento populacional e dificulta o controle em áreas urbanas.
Apesar da má reputação, os escorpiões desempenham funções importantes nos ecossistemas e até na medicina. O veneno, que assusta, é justamente a matéria-prima para a produção do soro antiescorpiônico, essencial no tratamento de acidentes graves.
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Especialistas reforçam que o controle desses animais passa menos pela eliminação direta e mais por medidas preventivas, como evitar acúmulo de lixo, entulho e restos orgânicos, que servem de abrigo e fonte de alimento.
Quase “imortais” no mundo animal, os escorpiões seguem desafiando o tempo, os ambientes e até a convivência com os humanos.